31 de janeiro de 2010

NAS ÁGUAS DO BATISMO


No capitulo 2 do Evangelho de São João encontramos a conhecida conversa de Jesus com Nicodemos sobre o tema da vida eterna, momento em que Jesus insiste que é necessário nascer de novo pela água e pelo espírito. Nesta cena e neste binômio a igreja primitiva trabalhou a fundamentação da catequese batismal.

Não temos duvidas. Nascemos biologicamente numa família humana, santuário da vida, mas temos que nascer para uma família maior, a comunidade visível da salvação que é a Igreja, ressurgindo das águas, como no dilúvio, como Moisés, como a povo que atravessou o mar vermelho, só para rememorar alguns acontecimentos marcantes da nossa historia.

A água no batismo, como nos fatos elucidados, é sinal de morte para o mundo e para o pecado (somos sepultados com Ele) e com Ele também ressuscitamos passando pelas águas.

As pias batismais em nossas igrejas deveriam ter lugar de destaque e muita importância, pois, na patristica, os padres já enxergavam na Pia o símbolo do útero onde a mãe igreja gera e faz acontecer o novo nascimento pela força da graça de Deus. A água que se derrama na cabeça significa a comunicação da graça que renova e transforma ontologicamente o ser em nova criatura. Já não somos apenas terrenos, mas pela participação no mistério de Cristo, já carregamos conosco a beleza do céu, nascidos do alto.

Toda esta riqueza ainda dista muito das motivações que comumente temos na nossa experiência batismal, tanto familiar quanto pastoral, muito marcada pela mera exteriorização, onde se relega o dado profundo da comunhão com Deus é se exalta o cultural, o social com o vazio da festa.

O batismo é o momento à nossa pertença à comunidade cristã que é a igreja corpo de Cristo que se compõe dos mais variados membros dos quais fazemos parte, condição para termos a seiva da vida. Isso significa que não podemos alimentar ilusões de uma vida cristã individual ou familiar apenas como, às vezes, se pretende.

A vida gerada no seio da mãe igreja, deve, necessariamente, ser alimentada e colocada em pratica a partir da experiência da Tradição e da própria igreja que prolonga na Historia as palavras e os gestos de Jesus.

Sintamos, portanto, irmãos e irmãs, a imensa alegria da nossa pertença a Cristo a partir do simples mas grande e profundo gesto da água e da unção para a vida cristã e para a missão do cristão como a atuação do mesmo Cristo e Senhor na nossa historia. Comemoremos, portanto, como no nosso nascimento, o aniversario do nosso BATISMO como nascimento para DEUS.