21 de novembro de 2015

PAPA FRANCISCO

PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Capazes de compaixão

Sexta-feira, 30 de Outubro de 2015



Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 45 de 5 de Novembro de 2015

O perdão de Deus não é uma sentença do tribunal que pode absolver por «insuficiência de provas». Ao contrário, nasce da compaixão do Pai por todas as pessoas. E é precisamente esta a missão de cada sacerdote, que deve ter a capacidade de se comover para entrar deveras na vida do seu povo, afirmou Francisco.

A compaixão, frisou o Papa na homilia pronunciada em espanhol, é «uma das virtudes, por assim dizer, um atributo que Deus possui». Isto é-nos narrado por Lucas no trecho evangélico (14, 1-6) proposto pela liturgia. Deus, afirmou Francisco, «tem compaixão; compaixão por cada um de nós; compaixão pela humanidade e enviou o seu Filho para a curar, regenerar, recriar, renovar». Por isso, prosseguiu, «é interessante que na parábola do filho pródigo, que todos conhecemos, se diz que quando o pai — imagem de Deus que perdoa — vê que o filho volta, sente compaixão».
«A compaixão de Deus não é sentir pena: uma não tem nada a ver com a outra», advertiu o Papa. De facto, «posso sentir pena por um cãozinho que está a morrer ou por uma situação». E «sinto pena também por uma pessoa: faz-me pena, sinto muito que lhe esteja a acontecer algo». Mas «a compaixão de Deus é entrar no problema, na situação do outro, com o seu coração de Pai». E «por isso enviou o seu Filho».
«Constatamos a compaixão de Jesus no Evangelho», prosseguiu Francisco, recordando que «Jesus curava as pessoas sem ser um curandeiro». Aliás, Jesus «curava as pessoas como sinal — além de as curar verdadeiramente — como sinal da compaixão de Deus, para salvar, para reconduzir a ovelha perdida ao redil, repor no porta-moedas as dracmas perdidas pela mulher», acrescentou referindo-se às parábolas evangélicas.
«Deus sente compaixão» repetiu o Pontífice. E «com coração de Pai, entrega o seu coração por cada um de nós». Com efeito, «quando Deus perdoa, perdoa como Pai, não como um oficial judiciário que lê os atos de um processo e diz: “sim, na realidade pode ser absolvido por insuficiência de provas...” ». Deus «perdoa-nos a partir de dentro, perdoa porque entrou no coração daquela pessoa».
Depois, Francisco recordou que «quando Jesus deve apresentar-se na sinagoga, em Nazaré, pela primeira vez, e lhe dão a ler o livro, cabe-lhe precisamente o anúncio do profeta Isaías: “Fui enviado para anunciar a boa nova, para libertar quantos se sentem oprimidos” ». Estas palavras significam, explicou, «que Jesus foi enviado por Deus para entrar em cada um de nós, libertando-nos dos nossos pecados, dos nossos males e para anunciar “a boa nova” ». De facto, o «anúncio de Deus» «é jubiloso».

E esta é também a missão de cada sacerdote: «Comover-se, comprometer-se na vida do povo, porque um presbítero é um sacerdote, assim como Jesus é sacerdote». Contudo, acrescentou o Pontífice, «quantas vezes — e depois tivemos que nos confessar — criticámos aqueles sacerdotes aos quais não interessa o que acontece aos seus paroquianos, que não se preocupam por eles: “não, não é um bom sacerdote”, dissemos». Porque «um bom sacerdote compromete-se». Exatamente como faz desde há sessenta anos o cardeal mexicano Javier Lozano Barragán, arcebispo-bispo emérito de Zacatecas e presidente emérito do Pontifício Conselho para a pastoral no campo da saúde, apesar dos seus problemas de saúde. A ele — presente na missa juntamente com noventa fiéis mexicanos — Francisco dirigiu-se com particular afeto no 60º aniversário da sua ordenação sacerdotal, ocorrida a 20 de Outubro de 1955.
Ao cumprimentar o cardeal, dando graças a Deus pelo seu serviço especialmente às pessoas que sofrem, o Papa aproveitou a ocasião para apresentar de novo o perfil essencial desse sacerdote, reconhecido antes de tudo pela sua capacidade de cuidar do povo, primeiro na paróquia e depois também como bispo, comprometido num dicastério da cúria romana. Sessenta anos de vida sacerdotal, afirmou o Papa, contêm certamente uma grande riqueza de encontros, de problemas humanos, de escuta e de perdão. Sempre ao serviço da Igreja.



5 de novembro de 2015

EVANGELIZAÇAO

Evangelização e Dimensão Social


Na igreja do Brasil existe um esfriamento sobre as questões sociais. A Doutrina Social da Igreja parece não ser mais necessária. Parece um desencanto ou uma indiferença para essas questões. Ao que parece, a igreja não tem mais nada a dizer a respeito e as questões pertinentes nesse campo competem a alguns grupos chamados de pastorais sociais.
Devemos nos perguntar:  A igreja ainda deve ir no mundo todo? Pode-se fazer evangelização sem levar em conta a realidade das pessoas? Podemos cuidar da oração e do espiritual sem olhar as situações que envolvem a vida das pessoas? Qual é a religião que agrada a Deus?
A pessoa crista não tem como viver distanciada da dimensão social. A missão da igreja acontece no mundo e não distante dele. “Ide pelo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”, disse Jesus.
O papa Francisco nos diz na Alegria do Evangelho que evangelizar não consiste simplesmente em pregar, mas “tornar presente o Reino de Deus presente no mundo”. Isso implica, necessariamente, em uma ação, atitudes, gestos, testemunhos, etc.
O querigma, que conhecemos como o anuncio, lembra o papa que o mesmo tem inevitavelmente uma dimensão social. No coração do evangelho aparecem: a vida comunitária e o compromisso com o próximo.  Números 176-177.
Existe uma forte tendência, sempre, de fazer essa separação entre fé e vida, Deus e mundo, evangelização e dimensão social. Para o papa, não pode e nem tem como fazer essa separação. O evangelho é um anuncio encarnado e direcionado a pessoas que se devem transformar e transformar o meio em que vivem.
Por inúmeras vezes e em todos os ambientes eclesiais se fala da conversão. O papa chega a nos dizer que “a conversão cristã exige rever especialmente tudo o que diz respeito à ordem social e consecução dos bem comum”. Número 182.
É bom ressaltar que entre nós a conversão é algo tão íntimo e tão pessoal que nem acontece uma vez que a conversão tem a ver exatamente com mudança de mente, de coração e de vida, o que exige de todos algo da pratica do dia a dia na relação da pessoa consigo mesma, com Deus e com o próximo.
Uma pessoa que se diz crista mas ainda se encontra com uma mentalidade religiosa voltada para si, como mera obrigação de práticas estritamente pessoais, não entendeu ainda a proposta que Jesus viveu e ensinou. O papa ainda nos recorda: “ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a intimidade secretadas pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre acontecimentos que interessam aos cidadãos. Número 183.
Quando Jesus fala da missão de pessoas cristas batizadas diz examente o seguinte: “Vocês são o sal da terra e a luz do mundo”. A missão está sempre para fora e para além dos espaços fechados de nossas instituições. Felizmente, mesmo na contestação de alguns, o papa Francisco está indicando o caminho que o igreja e a vida cristã devem seguir, trazendo presente tudo o que já foi dito pela Antigo Testamento quando se refere à religião que agrada a Deus, que não se trata de um culto vazio, sem preocupação com a vida das pessoas. Somos chamados a pensar qual é o alcance da nossa pratica cristã no ambiente que nos cerca. “O divórcio entre a fé professada e a vida cotidiana deve ser enumerado entre os erros mais graves de nosso tempo.” (Gaudium et Spes, 43).




APARECIDA

A devoção em Aparecida.


Dia 12 de outubro a igreja católica celebra o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição aparecida. Além do santuário nacional, são inúmeras paroquias, dioceses e pequenas comunidades que fazem as suas novenas e procissões para celebrar o dia.
Pelos relatos, a aparição aconteceu em 1717
A devoção surgiu em aproximadamente 1734 quando a primeira capela foi construída e aberta ao público. A partir de então, a devoção foi se espalhando pelo Brasil a fora, prestes a completar trezentos anos dessa devoção.
São milhares e milhares de pessoas que frequentemente se fazem presentes no santuário nacional. A grande maioria de pessoas que chegam ao santuário não vão por mera curiosidade mas chegam para agradecer as graças recebidas de Deus pela intercessão da Maria. Cada pessoa levando consigo no coração a sua gratidão.
Nos evangelhos encontramos Maria escolhida por Deus e convidada pelo anjo para ser a mãe de Jesus. Ela é saudada como cheia de graça, isto é, cheia de Deus: Deus a escolheu e ela disse sim, ensinando a todos nós a importância da disponibilidade para estar a serviço. A devoção e a gratidão a Deus, pela colaboração de Maria, deve nos levar ao compromisso missionário aos mais simples.
A aparição, daí o seu nome, Aparecida, acontece àqueles pescadores que lutavam pela sobrevivência sobre as aguas. Maria, como pobre, se manifesta aos pobres e simples: às crianças em Fatima e ao índio no México.
Ela está sempre atenta às nossas necessidades, percebe o que está nos faltando. Se recorreremos a ela certamente estaremos entregues aos seus cuidados. Nada melhor do que os cuidados da mãe, todos sabemos disso. E ela, não deixa de recorrer ao seu Filho como fez em Caná, quando o vinho acabou. Mesmo não tendo chega a hora de Jesus ele se manifesta: não poderia deixar de lado o apelo de sua mãe: “façam o que ele mandar”.
Todos nós sabemos que o seu Filho é a revelação de Deus; que ninguém chega ao Pai quando se torna distante dele. Mas também sabemos que quem mais conhece o filho é a própria mãe; exatamente por isso que quanto mais nos aproximamos de Maria, que além de ser a nossa mãe, mais vamos conhecer a pessoa do seu filho; além disso, certamente ela vai nos conduzir cada vez mais a ele. Deste modo fica muito claro o lugar da padroeira na vida da igreja e na vida dos cristãos. Ninguém está colocando-a no lugar do Deus mas no caminho que nos leva a Deus. Ela é exemplo e ao mesmo tempo intercessora. Se nós usamos tantos mediadores diante de nossas necessidades, como não vamos usar a mediação daquela que mais conhece o verdadeiro e o maior mediador?
No dia da padroeira celebramos o dia da criança. É uma feliz coincidência. Ela entende dessa realidade pelo fato de ter ciado Jesus. Nesse dia a igreja oferece a ela, como padroeira nossa, a vida de nossas crianças ainda tão sofridas e tão necessitadas. A fome e a doença ainda destroem a vida de nossas crianças; a falta de escolas adequadas para todas as crianças ainda é um sonho; a violência contra esses pequeninos ainda persiste dentro da própria casa que deve ser um lugar de abriga, de afeto, de aprendizado: aquele lugar que forma para uma vida profundamente humana e profundamente cristã.
Mesmo em meio a todas essas dificuldades, não podemos perder a esperança. Nosso Deus, a quem confiamos a nossa vida é o Deus da esperança em Maria depositamos também toda a nossa esperança na certeza de que as nossas crianças, com a nossa colaboração e esforço, possam ser conduzidas em suas famílias segundo o desejo de Deus. Confiemos na padroeira: ela é a mãe que nos atende.