28 de dezembro de 2010

Final de Ano

Estamos nos últimos dias deste ano de 2010. Esta é a ultima edição do jornal Contraponto.

Cada pessoa é chamada a fazer uma retrospectiva em sua vida. É bom perguntar como funcionaram as nossas instituições: Como andou a saúde em nosso estado? E a educação? E a segurança publica? A saúde está doente. Depois falaremos sobre ela. Somos o estado de um grande numero de analfabetos. A segurança foi um caos. Ouvi muitas vezes de membros pertencentes ao órgão que a secretaria não tinha nenhuma política para a segurança. A violência nunca foi tão grande, sinal de que o estado está ausente. Só a repressão nunca educou ninguém. É necessário educar para a paz e fazer a prevenção. A Secretaria de Administração Penitenciaria não teve sequer condições de manter o Roger que se tornou modelo em problemas. Na questão prisional temos realmente uma pratica inoperante do estado, em todos os Estados, enquanto instituição. Agora mesmo falta comida nos presídios. Não é verdade que o governo funcionaria até 31 de dezembro. As atividades já se encerraram.

Ao chegar a este momento é bom perceber que não é simplesmente o tempo que passa, mas a vida de cada ser humano que vai passando. É mais um ano vivido com menos um em nossa existência terrena. Por isso, temos que nos perguntar como aconteceram as nossas atividades. Cada pessoa, diante de suas responsabilidades precisa avaliá-las. Será que as obrigações e metas foram cumpridas as longo deste ano? Será que o tempo foi devidamente preenchido? Será que as pessoas que deveríamos atender ficaram satisfeitas com a nossa missão? Temos a consciência tranqüila sobre o bem que realizamos? Será que não nos deixamos levar pela preguiça, pela desonestidade e pelos desmandos da nossa sociedade?

O começo de um novo ano deve ser um momento para reorganizar a vida. É tempo de pensar as metas e as prioridades a serem desenvolvidas. Não devemos pensar em inúmeras atividades. É preferível fazer pouco, mas fazer bem.

Começa o ano com as mudanças de governo no plano federal e estadual. A realidade é difícil, mas não podemos perder a esperança. As pessoas eleitas pelo povo estão para servir. Muitas vezes o exercício da política é para perseguir, manter status, ganhar dinheiro, ser conivente com a corrupção.

Esperamos que as mudanças ocorridas através das eleições sejam significativas para o bem estar da nossa sociedade. O que não foi possível acontecer em nosso estado, como também no governo federal, possam se tornar realidade. A população de hoje não é a mesma dos anos passados. Hoje é possível acompanhar em tempo real o que acontece em todas as instituições. Os meios de comunicação, sobretudo a internet tem proporcionado a muitas pessoas a possibilidade de acompanharem e julgarem as ações do poder executivo, legislativo e judiciário, até as brigas no Supremo. Temos, portanto, uma parcela significativa da sociedade que observa e analisa os acontecimentos.

Apesar de todos os desafios não podemos perder a esperança. Desejamos que o ano inicie cheio de expectativas, mas com a colaboração de toda sociedade.





25 de dezembro de 2010

É natal,

Tempo de paz, com muitas guerras;


Tempo de Ceia, com muita fome;


Tempo de fraternidade, com desunião;


Tempo de convivência fraterna, com muita violência;


Tempo de partilha, com muito egoísmo;


Tempo de perdão, com muita vingança;


Tempo de sentir a presença de Deus, mas preferimos outros deuses;


Tempo de vida com muitas mortes;


Tempo de nascimento, com muitos abortos;


Tempo de um Deus inteiramente presente e disponível a todos(as) sem que se perceba a sua presença.

15 de dezembro de 2010

Dizimo: Herança do Povo de Deus

A igreja em todo Brasil vai descobrindo a necessidade de cada vez mais trabalhar a implantação mais efetiva do dizimo nas paróquias e comunidades. É necessário acabar a mentalidade que existe ainda em muitas pessoas que a igreja é rica, o vaticano tem muito dinheiro e, portanto, não precisa de ajudas.
A igreja é como uma grande casa composta de muitas famílias com suas necessidades. Muitas se pensa que a diocese envia dinheiro para as paróquias imaginando que a mesma faz este repasse porque recebe muitos recursos externos. O movimento é o contrario: Cada paróquia tem a responsabilidade de enviar o seu dizimo, que é a décima parte, recolhido dos fieis e das comunidades, para a cúria diocesana, que é órgão central na diocese para coordenar todos os serviços da igreja particular.
O dizimo não é uma invenção da igreja ou do padre. Não é o padre ou o bispo ou a igreja que pedem o dizimo, mas a própria bíblia. No Antigo Testamento, muito antes da chegada de Jesus, o povo de Deus, de maneira muito sábia, já vivia esta experiência de gratidão para com Deus através do dizimo. Veja o profeta Malaquias o que diz: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós bênção sem medida.” Ml 3.10, 11 e 12
Devemos corrigir um pouco a nossa linguagem. Por exemplo, ninguém para o dizimo. Onde existe pagamento existe compra e venda. O dizimo é sinal de gratidão por tudo aquilo que Deus já realizou em sua vida. Quem reconhece que em sua vida tudo veio de Deus, tem para com Deus este gesto: oferecer a Deus parte daquilo que Deus já nos ofertou.
Ainda no Antigo Testamento encontramos as seguintes passagens no livro do Levitico e do Deuteronômio acentuando a idéia que tudo pertence ao Senhor:
"A décima parte das colheitas, tanto dos cereais como das frutas, pertence a Deus, o SENHOR, e será dada a ele." Lv 27.30
"Certamente, darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher do campo." Dt 14.22.
Dizimo é um gesto de amor. Quem tem amor e à sua igreja vai colaborar cheio de fé com a consciência de que a sua presença e a sua doação em todos os aspectos fazem parte da sua vocação cristã. É bom lembrar que não é simplesmente dinheiro que a igreja precisa. As ofertas como também o dizimo devem ser uma conseqüência da nossa participação e da nossa pertença ao povo de Deus.
Algumas paróquias adotam a possibilidade de escolha para ser ofertante ou dizimista. Esta pratica impõe valores. Não devemos adotar este esquema. Cada dizimista é também ofertante quando participa das celebrações. Alem do mais não podemos determinar valores para o dizimo já que a decisão é da competência consciente e das possibilidades de cada dizimista. O tamanho da sua consciência será o tamanho da sua gratidão para com o seu Criador e Pai.
Em tese, cada pessoa cristã batizada deve ser automaticamente uma pessoa dizimista por se tratar de uma experiência que está inteiramente presente na dinâmica do da fé e da gratidão do povo de Deus. A ausência desta pratica cria uma situação muito desconfortante em nossas paróquias. Diante das necessidades é necessário recorrer a bingos, rifas, leilões, campanhas, o que seria dispensável diante de uma comunidade consciente e participante em todas as atividades e, conseqüentemente como dizimista.







14 de dezembro de 2010

Natal, mais que uma Festa.

Próximos, do final do ano, vivemos as expectativas do Natal (nascimento) de Nosso Senhor Jesus Cristo. O natal realmente é a festa da confraternização universal, entendida não como um momento transitório, mas como algo que deve se prolongar por todo o ano que se aproxima e por toda vida. Confraternização não entendida como uma pratica restrita a algumas pessoas e em um determinado tempo.

A manifestação de Deus através do nascimento de seu filho é para oferecer a toda humanidade as mesmas condições de vida e de paz sem nenhuma exclusão, pois em Deus não existe acepção de pessoas. Na imaginação poética do profeta Isaias, até o reino animal em seus opostos se confraternizará: O lobo e o cordeiro, por exemplo, comerão juntos.

O natal acontece exatamente nestas expectativas. O lugar do nascimento do menino é fruto da falta de acolhida e de solidariedade muito presentes em nossa mentalidade profundamente egoísta. Foi por isso que o nascimento se deu na cocheira, lugar reservado para os animais. Por isso o evangelista vai dizer que Jesus, na qualidade de judeu veio para os seus, mas não foi recebido por eles. Os únicos que foram comunicados a respeito do fato foram os pobres pastores, também marginalizados pela profissão que exerciam acompanhando o rebanho.

O natal é celebrado com muita festa: luzes, presentes e a ceia, mas a realidade é totalmente outra para uma grande maioria marcada pela pobreza, pela fome, pelo analfabetismo, pela doença, pelo desanimo e pelas falta de esperança. Não nos comportamos como nação e muito menos como cristãos. A desigualdade social é o mais grave desafio para uma sociedade que se diz civilizada e desenvolvida. Se o nosso país se desenvolveu economicamente, não podemos dizer o mesmo a respeito dos verdadeiros sentimentos de humanidade e de fraternidade. Temos que admitir esta realidade como condição para a superação das indiferenças. Não é possível celebrar o natal de verdade, sem eliminar as barreiras e muros que nos separar. João Batista recorda que todo vale deve ser aterrado e todo monte deve ser nivelado. O que realmente significa isso na vida de cada ser humano hoje em seu trabalho? As nossas festas de natal, de ano, de páscoa, padroeiros, aniversários, são momentos muitas vezes para o pecado da gula pela comida e pela embriaguez. É por isso que temos uma parte da população obesa e outra grande parte morrendo pela desnutrição. A fome no mundo é um escândalo porque é fruto do luxo egoísta de alguns. É interessante porque as confraternizações vão até o momento em que se come. A partir dali nada mais acontece. Dá para lembrar o apostolo Paulo que diz aos coríntios por ocasião da celebração eucarística: quem vem só para comer, esquecendo-se dos outros, coma em casa.

Se quisermos realmente celebrar o natal, não só como festa, mas como acolhida verdadeira daquele que nasce, devemos rever nossa vida, sobretudo na superação de um espírito mesquinho para atitudes que nos ajudem a alargar o nosso coração. Não podemos nos esquecer que Deus nos presenteou neste tempo com a maior riqueza que alguém poderia ter. Deus armou a sua tenda, ou em nossa cultura, a sua rede entre nós, em nossa casa, isto é, em nosso coração. Já recebemos tudo, aprendamos a doar.

3 de dezembro de 2010

Qual é a missão da Pastoral Carcerária?

Esta é uma pergunta é fundamental e devemos sempre respondê-la, pois devemos saber o que queremos em nossa ação pastoral. Muitas vezes fica a impressão de que todos não sabem o que queremos. Às vezes o comportamento de alguns agentes de pastoral nos dá a impressão de que não trabalham com pessoas, mas com espíritos e até adotam os mesmos comportamentos de quem está fora. Isso é muito grave.
Vale salientar que no pensamento bíblico mais original não existe corpo sem alma, por isso, não se pode pensar que a pastoral não deve se preocupar com o que acontece na prisão. A pessoa é sempre um todo. Não se salva alma sem corpo. Não estamos mais na teologia do “salva a tua alma”, como se fazia no tempo da escravidão.Em uma reunião de cúpula se chegou a sugeriu que as denuncias fossem feitas não pela pastoral, mas pelos serviços de direitos humanos.
Depois da prisão em si o que existe de mais grave no sistema é o tratamento dispensado aos presos: ameaça, tortura física e psicológica, castigo, corte da água, não socorrer para o medico, não fornecer o remédio, em suma, negar a assistência prevista na Lei. O estado que não cumpre seus deveres.
Faz parte dos objetivos específicos da pastoral “levar o evangelho aos cárceres e colaborar para que os direitos humanos sejam garantidos através de denuncias e propostas de medidas de conciliação e paz”.
Aqui contamos com duas colunas fundamentais: o evangelho e a vida. É possível distinguir a pastoral de uma equipe que visita a prisão. Se a equipe que visita ainda não tem a compreensão de que a vida está acima da lei, e por isso, é necessário denunciar tudo aquilo que agride a vida, esta equipe ainda não pode ser denominada de pastoral carcerária.
Toda pastoral assume o comportamento do bom pastor que defende as ovelhas a todo custo dando a própria vida.
Se o medo nos impede de correr o risco para denunciar, não podemos ser pastoral carcerária. Isso significa que só rezar não é fazer pastoral, pois pastoral supõe ação, naturalmente alimentada pela oração.
Jesus está crucificado em cada pessoa presa. Em Mateus 25 encontramos: “Eu estava preso e vocês foram, ou não me visitar”. Ninguém faz uma visitar para sair da mesma maneira que entrou. O compromisso solidário com o crucificado deve acontecer ou pelo contrario seremos conivente com a prática da crucifixão.
Denunciar não é perder a cabeça, perder a esperança e fazer um enorme barulho que para nada serve. Levantar uma poeira enorme e depois esquecer o problema não leva a lugar nenhum.
A constatação de que as denuncias diminuíram é sinal de que a pastoral perdeu sua dimensão profética e não pelo fato de terem diminuídos os problemas que, pelo contrario, aumentaram.
Denunciar é manter uma postura clara, tranqüila, constante, mas muito firme naquilo que queremos e que nos pede o evangelho, levando ao conhecimento das autoridades que identificamos como contrario ao que orienta a Lei de Execução Penal. Ela, que juntamente com a palavra de Deus levada no coração devem fundamentar as nossas convicções e as nossas denuncias.
O sistema carcerário, a partir de seus responsáveis precisa perceber que nós temos uma postura evangélica, educada, não violenta, mas profundamente vigilante como aquela atitude da viúva que pede justiça ao juiz. É pelo nosso testemunho e por uma atitude vigilante e questionadora que vamos provocar o sistema para que o mesmo seja melhor.
Temos discutido sobre o numero de agentes que é uma necessidade, mas temos que conjugar a numero com a qualidade necessária para o desempenho da nossa missão.

2 de dezembro de 2010

Rio de janeiro: um caso de policia ou uma questão social?



O Rio de janeiro está no centro das atenções em todo o mundo. Parece que estamos vivendo num cenário de guerra. Falar sobre ele é extremamente complexo, sobretudo para quem está distante e, por isso, não sabe o que de fato acontece por lá. Levar em conta apenas o conteúdo de grande parte da imprensa que é sensacionalista, não é correto. A imprensa é sempre tendenciosa pelo fato de seguir a cartilha ideológica de seu grupo. Dizer a esta altura o que é certo e o que é errado não é prudente. Por exemplo, a polícia que hoje combate sempre teve membros que acobertava o tráfico de drogas e de armas, participando do esquema e protegendo a situação. As pessoas atacadas são as que estão no morro. As que estão acima delas não estão no morro: por isso, não serão atingidas e por isso continuarão atuando normalmente. O trafico é internacional e uma das maiores fontes de renda do mundo. Por isso, esta ação pode ser apenas um simples curativo para dar satisfação à sociedade, mostrando o poder de força do estado, mas na verdade, o poder é do trafico internacional de armas e drogas.

Se o estado é obrigado a fazer o que faz hoje é porque não fez o que deveria ter feito antes. A marginalização que temos na sociedade e a constituição de favelas, com tudo o que ela comporta é culpa do estado.

Ao longo de todos os anos o que o estado fez em prol das favelas para melhorar as condições de vida da população, combater o trafico e melhorar a situação? Não se tem nenhuma noticia de destaque a este respeito.

Se a intervenção do estado se dá apenas no nível que acontece agora, como repressão, depois vai ter que fazer a mesma coisa. A realidade só muda quando o estado propõe uma mudança na moradia, na educação, no transporte, na saúde, etc.

Normalmente, onde está o policiamento?

O policiamento está mais presente nos centros, nas praias, nos palácios, para proteger as autoridades e o patrimônio dos ricos. Nas favelas, a polícia só chega ameaçando e provocando o terror. Nas favelas, para fazer segurança publica é necessário criar e implantar o policiamento comunitário para gerar a segurança e a confiança da população.

Quem perdeu a vida nestas ações? Até agora não se fala sobre vitimas. As denuncias estão chegando muito tímidas a respeito de pessoas que foram tratadas com violência pela policia, que tiveram seus pertences levados como dinheiro de uma indenização no valor de trinta r um mil reais. Alguém tem duvida disso? As operações policiais muitas vezes acontecem com violência, destruição e desrespeito às pessoas. Só para mostrar que não é possível fazer um juízo de valor sobre o certo e o errado. É claro que o crime jamais se pode aceitar parta de onde partir. A metodologia para combatê-lo é que é a questão fundamental.

Concluindo,

O presente texto não tem a finalidade de estabelecer nenhum julgamento sobre a situação do Rio de Janeiro. Sua finalidade é levantar alguns elementos que sirvam para a nossa reflexão e formação da nossa consciência. A polícia será sempre necessária como instrumento para a construção da Segurança Publica. No entanto, a solução para a questão da violência não é questão de policia, mas no trabalho social que deve ser prioritário para o estado. E isso o estado não tem feito. O investimento para melhorar as condições de vida é insignificante. Sobra dinheiro apesar dos desvios e da corrupção e não se investe na situação social do país.

Pebosco.