24 de outubro de 2018

ELEIÇÕES

As eleições deste ano não podem ser relacionadas com esquerda e ou a direita; comunismo e socialismo. Algo muito maior está em jogo: um projeto de vida.
Eleição não é sinônimo de brincadeira, desrespeito,mentira e violência com o uso da força. Votar é pensar no seu futuro e de todos no pós eleições. Nosso voto terá sempre consequências para toda sociedade. Por isso não podemos brincar com a situação que  estamos
vivenciado.
O que estamos pensando e dizendo? Como será o nosso agir? A única arma que podemos usar é o nosso voto decidido diante de Deus e da nossa consciência.
A igreja não tem nenhum partido mas não deixará de anunciar a proposta da vida e se colocar ao lado dela.
Com as armas e com a violência todos nós estaremos fragilizados. A CNBB já foi chamada de "a banda podre da igreja". Com essa postura  todos nós nos sentimos atingidos. Lamentavelmente vamos amargar a humilhação.Ouvi  uma análise que nessa conjuntura provavelmente a pedofilia  será um mote  para atingir a nossa igreja católica.
Certamente poderemos passar por situações nunca vividas nesses últimos anos.

20 de outubro de 2018

REALIDADE PRISIONAL


A VIDA CRISTÃ E A REALIDADE DAS PRISÕES


Nunca defenda a prisão como se fosse positiva; como se fosse um remédio para a criminalidade; como se sanasse a violência. Um dia você poderá ser vítima dela, se não você, mas alguém de sua família. Não pense como os outros, ou pela cabeça dos outros. Na verdade, a prisão foi pensada para fazer com que a pessoa se recolhesse, refletisse e procurasse repensar a sua vida, mas, para isso, ela deveria ser assistida, ajudada, tratada como gente, para se reorganizar na vida. Nada disso, em hipótese alguma, acontece.
Tudo na prisão está relacionado a morte. Infeliz da pessoa que é condenada pela justiça a ir para a prisão. Lá ela deveria perder apenas a liberdade, e nunca a sua condição de pessoa humana, mas ao contrário, ela perde não só a condição humana como a própria vida.
Um período, por pequeno que seja, marca de forma negativa, e, curioso, não importa o tamanho da cadeia, a prisão tem as mesmas características. Onde estão 16 presos em celas separadas, só existe uma hora de banho de sol para cada cela. Poderia ser completamente diferente, mas os mesmos padrões são mantidos. Uma cadeia desse porte infringe a lei, como se faz num presídio que retira o banho de sol. Por lei duas horas, pela lei da cadeia, ou de quem está no plantão, uma hora ou nenhuma.
Em presídios grandes tem televisão, cantina, celas mais organizadas, e individualizadas, para quem tem dinheiro. Se tem cantina dentro da prisão é porque tem quem compre e deixe de lado a comida oferecida. Numa cadeia com 18 pessoas não pode haver um rádio nem uma televisão. O isolamento é total, nenhuma atividade.
Para uma pessoa refazer a vida na prisão é preciso assistência religiosa e psicológica; necessita-se de escola, leitura e alguma ocupação, enfim... Quem cuida da prisão não pode pensar apenas em segurança, como de modo geral está organizada a unidade prisional. O agente não é uma pessoa próxima que atende, salvas as exceções.
A condenação não é simplesmente a sentença, como deveria ser, mas um conjunto infinito de sofrimentos como castigo pelo suposto delito, que em muitos casos não aconteceu ou aconteceu fora dos parâmetros da condenação que está em jogo.
A prisão é um dos maiores males implantados na sociedade. Ela é fonte de violência, de morte, de desvio de recursos. É um dinheiro perdido. É como o dinheiro que judas recebeu pela morte de Jesus. Gasta-se na prisão para favorecer a morte de milhares de pessoas, as detidas e seus familiares. A prisão é a degradação da vida humana. Os que passam pelas grades, mesmo fora delas, continuam aprisionados, rotulados, estigmatizados para o resto da vida. Como ser a favor de uma estrutura que apenas mata fisicamente, psicologicamente, socialmente e culturalmente?
Que adianta ter avanços em tantas áreas de atuação se estamos neste estágio degradante no sistema carcerário brasileiro, se a questão é muito mais grave em muitos lugares do que no tempo da escravidão?  Como aceitar essa situação se a obra prima da criação é tratada de forma mais degradante que as outras criaturas?
Deus não está presente em nenhum tribunal que condena o ser humano a essa situação; Deus não está presente em nenhum templo religioso que esteja a favor da conjuntura prisional brasileira, por mais belo que seja o culto. A vida humana é tão sagrada como o culto. Comemos a carne de Cristo no culto para tocá-la, curá-la no irmão que sofre em toda e qualquer forma de prisão. Fomos libertados por Cristo para vivermos livres (Gálatas 5,1). Como podemos escravizar uns aos outros, por um julgamento injusto que não leva em conta a vida e a história de cada pessoa?
Como conseguimos separar a nossa vida dos nossos cultos? Como rezamos, fazemos as bonitas liturgias no domingo se não semana usamos da tirania ou concordamos com ela? Como fazer apologia ao crime defendendo as duras punições, os tratamentos cruéis e desumanos nas prisões? Até quando os cristãos vão separar fé e vida? Até quando nós, os tidos religiosos, vamos carregar esse dualismo, reduzindo a presença de Cristo aos templos, se somos templos de Deus?
Nosso culto pode estar vazio, desagradando ao próprio Deus, como está escrito no profeta Isaias capitulo 1: “Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês me oferecem. Estou farto de bodes e de animais gordos queimados no altar; estou enjoado do sangue de touros novos, não quero mais carneiros nem cabritos. Precisamos do culto que agrade ao Senhor e cada vez mais nos aproxime dele através da nossa proximidade com as pessoas excluídas.
Por isso o sonho de Deus é um mundo sem prisão alguma. Deus não nos criou para as algemas mas para a vida paradisíaca.

Pe Bosco







VIDA


Direito à Vida


A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela ONU em 10 de dezembro de1948, para delinear os direitos básicos da pessoa humana, exatamente há quase 70 anos passados. Não se pode negar que ao longo desses anos, muitas conquistas foram acontecendo, mesmo assim, ainda vivemos um grande atraso nesse campo tão amplo e tão necessário.
Ainda temos muitos setores na sociedade e também na mídia que ainda insistem que direitos humanos existem para bandidos. É como se as pessoas criminalizadas e condenadas pela justiça perdesses os seus direitos. Na realidade, direito humano, por redundância, é direito de todos os seres humanos, independentemente da situação em que esses humanos se encontrem. É um imenso retardo mental ou maldade proposital, pensar que se perde a dignidade inerente a cada ser humano, por causa da condição social de pobreza e marginalização. É como se aquelas pessoas que carregam estigmas impostos pelos “bons” não tivessem direito à vida.
A cultura da morte que vai se expandindo, é um crime de graves e de grandes proporcionalidades e, como humanos, jamais poderíamos aceita-la. Ela não apenas atinge os outros, considerados, como uma raça inferior mas atinge a todos nós. Se alimentamos e motivamos essa cultura da morte, e não a da vida, como, dom precioso, toda a humanidade pagará por isso; todos nós seremos vítimas dessa estrutura maléfica a nos destruir. Não nos enganemos que os considerados “bons” ficarão acima do bem e do mal. Pelo contrário, todos seremos penalizados e vítimas dessa cultura. Toda e qualquer cultura atinge a todas as pessoas.
Ao pensar nos Direitos Humanos, precisamos sair do atraso mental, pois se trata dos direitos que nos pertencem e por eles devemos lutar não só para alguns mas para a comunidade como um todo.
Quando alguém se encontra doente, tem o direito de ser assistido imediatamente; quando alguém está com fome tem o direito à alimentação; quando alguém está sem transporte público, tem o direito de ser assistido pelo estado ou pelo município; quando alguém está sem casa, por diferentes causas, o estado tem a obrigação de cuidar de abrigar as pessoas sem teto; quando alguma pessoa está ameaçada, em situação de risco, o estado tem a obrigação de cuidar da segurança daquela pessoa, família ou comunidade; quando falta a medicação urgente, o estado e o município tem a obrigação de cuidar e, quando nega, a justiça obriga o estado a atender de forma urgente para salvar vidas; se a comunidade está sem escola é obrigação do estado e do município cuidar para que não tenhamos pessoas analfabetas como temos tantas ainda em nosso país.
Se direitos humanos fosse direito de bandidos os considerados bons abririam mão de seus direitos. Devemos buscar os direitos e assumirmos também juntos os nossos deveres. Corremos o risco de sermos cheios de direitos e negligentes com os nossos deveres.
Somos uma só nação e isso nos faz pensar como nação, como coletividade. Não somos brasileiros apenas na copa do mundo cantando o Hino Nacional. Somos uma nação quando reconhecermos que somos todos iguais em se tratando de direitos. Viver é um direito sagrado e inviolável. As crianças devem viver; os idosos devem viver; as mulheres devem viver; o povo negro deve viver; quem está nas prisões deve viver; quem está em conflito com a lei deve viver; quem tem uma opção de vida diferente deve viver. Quem sou eu, quem é você para determinar ou desejar ou decidir que o outro morra? Se penso que sou humano, já me desumanizei há muito tempo não desejando que o outro viva e, se me considerava cristão de qualquer credo, devo desistir da identidade cristã. Onde existe a identidade cristã, existe a defesa e a luta pela vida. Onde existe cultura de morte não existem sementes da vida cristã.

PeBosco