20 de outubro de 2018

VIDA


Direito à Vida


A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela ONU em 10 de dezembro de1948, para delinear os direitos básicos da pessoa humana, exatamente há quase 70 anos passados. Não se pode negar que ao longo desses anos, muitas conquistas foram acontecendo, mesmo assim, ainda vivemos um grande atraso nesse campo tão amplo e tão necessário.
Ainda temos muitos setores na sociedade e também na mídia que ainda insistem que direitos humanos existem para bandidos. É como se as pessoas criminalizadas e condenadas pela justiça perdesses os seus direitos. Na realidade, direito humano, por redundância, é direito de todos os seres humanos, independentemente da situação em que esses humanos se encontrem. É um imenso retardo mental ou maldade proposital, pensar que se perde a dignidade inerente a cada ser humano, por causa da condição social de pobreza e marginalização. É como se aquelas pessoas que carregam estigmas impostos pelos “bons” não tivessem direito à vida.
A cultura da morte que vai se expandindo, é um crime de graves e de grandes proporcionalidades e, como humanos, jamais poderíamos aceita-la. Ela não apenas atinge os outros, considerados, como uma raça inferior mas atinge a todos nós. Se alimentamos e motivamos essa cultura da morte, e não a da vida, como, dom precioso, toda a humanidade pagará por isso; todos nós seremos vítimas dessa estrutura maléfica a nos destruir. Não nos enganemos que os considerados “bons” ficarão acima do bem e do mal. Pelo contrário, todos seremos penalizados e vítimas dessa cultura. Toda e qualquer cultura atinge a todas as pessoas.
Ao pensar nos Direitos Humanos, precisamos sair do atraso mental, pois se trata dos direitos que nos pertencem e por eles devemos lutar não só para alguns mas para a comunidade como um todo.
Quando alguém se encontra doente, tem o direito de ser assistido imediatamente; quando alguém está com fome tem o direito à alimentação; quando alguém está sem transporte público, tem o direito de ser assistido pelo estado ou pelo município; quando alguém está sem casa, por diferentes causas, o estado tem a obrigação de cuidar de abrigar as pessoas sem teto; quando alguma pessoa está ameaçada, em situação de risco, o estado tem a obrigação de cuidar da segurança daquela pessoa, família ou comunidade; quando falta a medicação urgente, o estado e o município tem a obrigação de cuidar e, quando nega, a justiça obriga o estado a atender de forma urgente para salvar vidas; se a comunidade está sem escola é obrigação do estado e do município cuidar para que não tenhamos pessoas analfabetas como temos tantas ainda em nosso país.
Se direitos humanos fosse direito de bandidos os considerados bons abririam mão de seus direitos. Devemos buscar os direitos e assumirmos também juntos os nossos deveres. Corremos o risco de sermos cheios de direitos e negligentes com os nossos deveres.
Somos uma só nação e isso nos faz pensar como nação, como coletividade. Não somos brasileiros apenas na copa do mundo cantando o Hino Nacional. Somos uma nação quando reconhecermos que somos todos iguais em se tratando de direitos. Viver é um direito sagrado e inviolável. As crianças devem viver; os idosos devem viver; as mulheres devem viver; o povo negro deve viver; quem está nas prisões deve viver; quem está em conflito com a lei deve viver; quem tem uma opção de vida diferente deve viver. Quem sou eu, quem é você para determinar ou desejar ou decidir que o outro morra? Se penso que sou humano, já me desumanizei há muito tempo não desejando que o outro viva e, se me considerava cristão de qualquer credo, devo desistir da identidade cristã. Onde existe a identidade cristã, existe a defesa e a luta pela vida. Onde existe cultura de morte não existem sementes da vida cristã.

PeBosco