31 de janeiro de 2011

Uma partilha espontânea

Tenho uma grande preocupação que todos também devem ter: como nós nos colocamos diante do tempo. Uma passagem bíblia, de literatura sapiencial diz que há tempo para tudo: se nasce e se morre se constrói e se destrói etc. esta é uma grande verdade. Nada é eterno. O ser humano precisa se conscientizar que o seu tempo é muito curto. A vida chega aos 80 para os mais fortes diz o texto sagrado. Por mais que seja prolongada a vida ele será sempre breve. Temos uma missão: viver bem o nosso tempo, colocando-o a serviço dos outros.

Temos uma opinião comum que o tempo hoje passa mais rápido e que não temos mais tempo para nada. Primeiro, o tempo está organizado pelos dias e pelas horas. Portanto, a forma de contar o tempo não mudou. O que então aconteceu? A realidade é a seguinte: o que fazemos com o nosso tempo e o que tomamos como prioritário dentro do nosso dia a dia.

O tempo passa, mas na realidade somos que passamos com ele. Perder tempo é algo muito grave, pois significa perder a própria vida. Em relação ao tempo você está sendo responsável ou não com suas tarefas.
Como o tempo é vivido no trabalho, nas repartições publicas, nos plantões? O dia de muitas pessoas começa às dez da manhã. O que pensar sobre isso?
Deputados e senadores estão assumindo seu mandato neste momento histórico político do nosso país. Como será o tempo dos nossos representantes? O que terão como preocupação e como prioridade? Será um tempo de serviço e de preocupação com a população de seus estados, ou será um tempo para fazer a própria vida?
A população brasileira vota por ser obrigada, mas vive muito descontente com os mandatos de seus representes, pois, ao longo do tempo se percebe a mesma pratica. O tempo das promessas é um cheio de bondade, o tempo das realizações é outro, marcado pelas indiferenças das promessas não cumpridas.
Não podemos brincar, pois só o tempo vai nos dizer o somos e quais as contribuições que oferecemos para a vida em nosso momento histórico. Cada nação como também governo será lembrado pelas marcas deixadas no seu tempo.
O nosso país não pode apagar de sua memória a forma como tratou índios e negros, no inicio da sua colonização; também não será esquecido o tempo da tortura iniciada nos anos 60 praticada pela ditadura militar; os inúmeros escândalos financeiros na vida política, tornando visível a corrupção em nossos tempos também não serão esquecidos.
Graças ao tempo podemos analisar o passado e perceber os erros e acertos; graças ao tempo podemos conhecer as pessoas, suas praticas e intenções. É ao longo do tempo que conhecemos os nossos políticos e suas incoerências, mais freqüentes que as coerências. Ao longo de tempo, em cada momento eleitoreiro os nossos candidatos se posicionam segundo as conveniências já que o tempo das convicções já passou. Felizmente estamos no tempo em que políticos já podem ser punidos pela infidelidade partidária. Muitos políticos já são condenados por improbidade administrativa, mesmo que não cumpram a pena, mas já se trata de um tempo diferente.
Devemos planejar o nosso tempo, não perca a sua vida perdendo tempo. Devemos ter motivações e mil razões para viver como dizia Dom Helder Câmara. Não seja relapso com o seu tempo e a sua missão: este é tempo favorável que Deus lhe concedeu na sua vida.

15 de janeiro de 2011

O mundo e suas tragédias.

Em janeiro de 2010 o mundo ficou assustado com o que aconteceu no Haiti. A capital Porto Príncipe foi inteiramente devastada por um terremoto. Parece não se ter chegado ao numero exato de mortos. Ainda hoje, um ano depois, inúmeras pessoas, um milhão, continuam debaixo de tendas, sem nenhuma estrutura digna para sobreviver, sem comida, sem remédio, sem segurança. Ainda falta energia em muitos lugares. Centenas de crianças estão na orfandade vivendo da caridade dos outros. Uma imensa tragédia que em questão de minutos fez um estrado irreparável. A solidariedade internacional chega no momento mas depois ninguém sabe o que é feito com o dinheiro. A solidariedade passa a ser emotiva e momentânea.
Neste janeiro de 2011, a região serrana do Rio de Janeiro passou por uma grande tragédia, a maior de que se tem registro, com muitos mortos (mais de 500) e inúmeros desabrigados. A dor é imensa, quase insuportável. Famílias inteiras foram soterradas pela lama carregada pelas águas. Estes fenômenos estão se repetindo em muitos lugares do nosso país.
Os que acompanham o aquecimento global estão nos lembrando que a temperatura tem aumentado muito e todos podem comprovar pela própria experiência estas mudanças climáticas.
O que não podemos é fazer a leitura que alguns fazem até em nome de determinados setores religiosos que estamos no fim do mundo, ou, o mais grave ainda, que Deus está castigando a humanidade por causa dos pecados.
Já é comprovado que o ser humano tem se comportado de maneira perversa com a natureza e exatamente esse comportamento tem causado um imenso desequilíbrio ambiental. A nossa vida depende da vida da natureza. Devemos cuidar dela para que ela nos dê condições de vida. Em São Paulo, por exemplo, apareceu uma montanha de lixo que se destacava dentro da água. O aumento da água nas ruas não é só por causa das chuvas, mas por causa do lixo que deixa as galerias obstruídas. As águas não encontram mais seus caminhos para seguir e, por isso, temos os alagamentos.
Em relação ao numero de mortos no Rio de Janeiro como também em outros lugares, nos falta uma política de habitação como também a sensibilidade de quem insiste em construir onde não deve. Uma casa construída sobre a areia, sobre um lixão ou sobre barrancos é, sem sombra de duvidas, uma moradia sem confiança. Lamentavelmente é nessa situação que vive muitos pobres, entre eles nordestinos que fizeram crescer a riqueza do país no Rio e em São Paulo, mas que sobrevivem em situação de sofrimento e miséria, sobretudo em relação à moradia.
Os estados precisariam manter uma rigorosa fiscalização em relação às áreas de risco, o que infelizmente não acontece. Por isso, aumentam as tragédias e as despesas para a reconstrução de espaços. A moradia deve ser uma prioridade seguida de uma rigorosa política estatal para melhorar as condições de vida do povo brasileiro.

14 de janeiro de 2011

O processo educativo.

Com os meus leitores e leitoras vou refletir hoje sobre a questão educacional. Quando falamos em educação logo nos lembramos da escola por onde passamos, da universidade que freqüentamos, da tese que defendemos e dos livros que lemos. O enfoque que quero dar a esta questão não passa por esse nível de educação, mas no plano da formação da pessoa como um todo, com todos os valores que devem fazer parte da vida do ser humano. A educação bancaria sozinha, não é tudo. Por isso, temos muitas pessoas formadas das mais mal educadas que podemos imaginar, tratando de forma desumana seus clientes ou pacientes. Elas foram formadas mas não foram educadas.
A Professora Ms Herik Zednik em seu blog sobre educação apresenta de forma exata a origem da palavra educação proveniente de duas palavras latinas: Educare e educere.
A primeira palavra tem o sentido de orientar e conduzir a pessoa de uma situação ou de um estágio ao outro. Trata-se, portanto de uma realidade mais externa. Já a segunda lembra que educar é promover, de dentro para fora, as potencialidades que a pessoa possui. Assim, ao contrario do que imaginamos educar não é impor aquilo que sabemos diante do outro, mas promover no outro as condições para que o mesmo descubra e exteriorize o seu potencial, seus dons, habilidades ou sua vocação.
Esta conceituação nos coloca diante de uma difícil tarefa no âmbito da educação. Quem educa, portanto, tem o papel de fazer com que a pessoa se conheça e descubra as suas qualidades, valorize seu potencial para viver na relação com os outros a sua experiência de pessoa que se educou.
Todo processo educativo do povo brasileiro não levou em conta esta possibilidade de promover a auto-descoberta das potencialidades de cada pessoa. Por isso, podemos dizer sem receios que somos muito mal formados e frutos de uma educação repressora que é suportada, mas não assimilada. Cada pessoa acaba passando pelo processo educativo, mas a educação incorreta não passa pela pessoa.
As instituições de ensino e, sobretudo, as famílias precisam rever os seus métodos. A imposição, a repressão e a humilhação não formam. Educar não é passar informações, mas convencer a pessoa a respeito de princípios e valores que uma vez assimilados, ficam para o resto da vida. Ainda persiste na vida familiar o machismo, a violência e a imposição de pais sobre filhos, de homem sobre mulher, do mais velho sobre o mais novo, etc. esse comportamento apenas causa raiva, desgosto, medo, frustração, espírito vingança, etc. o mais grave, feito em nome da educação e do bem do educando. Faz-se o mal em nome do bem da pessoa humilhada e submetida a tratamento desumano. O nosso cérebro é capaz de guardar tudo o que nos acontece. Por isso, podemos nos alegrar pela vida toda com o bem que nos fizeram como também podemos carregar o pesado do sofrimento, dos maus tratos e do abandono que nos dispensaram no passado.
Reportemo-nos a uma situação da origem da formação do povo brasileiro para mostrar que a submissão quando não pode ser evitada é suportada, mas não assimilada. Trata-se da imposição da religião católica aos negros trazidos para a escravidão no Brasil. Para manter a sua cultura e a sua crença os negros às escondidas, viviam os seus momentos a sós, exatamente por um simples fato: o ser humano no uso da razão suporta as imposições até o momento em que não pode se rebelar.

9 de janeiro de 2011

A vida com o seu trajeto.

Li, certa vez, em um pára-choque de caminhão a seguinte questão: “Nasci, nu, careca e sem dente.” Esta palavra por um lado faz rir, por outro apresente a grande realidade de nossa vida no seu começo. De fato, chegamos aqui sem trazer nada. Somos apenas um ser humano que nasce.
Ao longo da vida nós nos apegamos a todo por mais insignificante que seja. E, assim, pensamos de forma equivocada que somos felizes. Quando você pergunta a outra pessoa como está determinada pessoa, se está bem, a resposta vai nesta linha: Está bem, comprou uma terra, fez uma casa, passou no concurso, conseguiu um emprego, tem um bom salário, está muito bem. Pode ser que esteja muito infeliz, mas está bem pelo fato de ser possuidor de bens materiais.
De fato, o ser humano nesta nossa sociedade, não vale pelo que é, mas pelo prestigio que tem por causa dos bens. Este é o grande equivoco e a grande desvantagem desta nossa sociedade. É por isso que para gozar do status, muitas vezes a pessoa usa dos expedientes mais espúrios para se manter no topo da montanha.
A felicidade assim pensada se transforma não trás consigo a verdadeira realização do ser humano, por um motivo muito simples: tudo aquilo que escraviza e torna a pessoa humana cada vez mais convencida de si no seu egoísmo e no seu individualismo, cada vez mais contribui para a sua decadência.
São Tiago em sua carta no capitulo cinco nos faz esta advertência:
“E agora vós, os ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair sobre vós.
Vossa riqueza está apodrecendo e vossas roupas estão carcomidas pelas traças.
Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem deles vai servir de testemunho contra vós e devorar vossas carnes, como fogo! Nestes dias, que são os últimos, amontoastes tesouros
Olhai: o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, e que vós deixastes de pagar, está gritando; o clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso.
Vivestes luxuosamente na terra, entregues à boa vida, engordando a vós mesmos no dia da matança”.
Estas palavras, sem duvida devem nos ajudar a repensar a nossa felicidade e as nossas realizações. Devemos aprender a viver desprendido dos bens para nos servirmos apenas do necessário para a nossa existência, assumindo a verdadeira felicidade apresentada no sermão da montanha em Mateus capitulo cinco.
Do mesmo modo que aqui chegamos, retornaremos. Somos pó e ao pó retornaremos e nele nos transformaremos. Por este motivo, nunca deveríamos fazer questão por aquilo que dizemos possuir. As nossas posses diante de Deus não servem para nada e poderão se transformar contra nós diante do Pai pelo modo como nos comportamos diante delas.
A pessoa sábia, portanto, é aquela que ao longo do tempo vai se tornando cada vez mais livre de tudo e de todos para ter apenas a Deus como a referencia absoluta de sua existência. Como diz São João em sua primeira carta no capitulo cinco versículo doze “Quem tem o Filho tem a vida”.

8 de janeiro de 2011

Iniciando um novo ano

Como diz a canção: “o ano termina e começa outra vez”. O importante não está no termino, mas no recomeço. O passado servirá de exemplo para retomar o caminho. Um ano não pode ser novo apenas no calendário, mas na forma de vivenciá-lo.
Cada pessoa como também cada instituição precisa pensar o que deseja para este novo tempo. As metas a ser alcançadas e quais mecanismos devem ser utilizados para atingir os fins.
O tempo é fundamental. Temos um período de doze meses já estabelecidos no calendário. Como vamos planejá-los? Um dos grandes males da nossa vida pode ser a falta de planejamento. É muito comum dizermos: Como o dia passou e não fiz nada! É isso mesmo o que acontece.
Voltar a nossa atençâo para Deus e a sua palavra, pois o verbo se fez carne para habitar em nosso meio e ser o Senhor de nossa vida. Devemos amá-lo de todo o nosso coração e com todo o nosso ser, o que implica em colocá-lo acima de tudo. Deus, em seu Filho Jesus deve ser o centro de nossas preocupações. Temos que conhecê-lo para seguir os seus passos. João Batista diz que Jesus está em nosso meio, mas ainda não é nosso conhecido.
Não é possível pensar a nossa vida em Deus sem pensar a nossa vida de oração. Não podemos vencer as dificuldades e desafios por nossa própria conta. A oração deve ser sempre conduzida por dois momentos:
Em momentos especiais. São aqueles que dedicamos exclusivamente ao Pai do céu como momento individual ou comunitário como em nossas celebrações em seus respectivos horários.
O outro momento é aquele que nos faz colocar numa atitude permanente de oração: pelo nosso olhar, por nossas atitudes, nossos gestos, o nosso corpo... Em tudo o que somos, temos e fazemos podemos estar unidos a Deus em atitude de oração e adoração, louvando e agradecendo ao pai do Céu pelo seu espírito que nos mantem vivos.
O ano novo é tempo de reorganizar a vida, a agenda com seus respectivos compromissos. É impossível fazer um trabalho, cumprir atividades sem pensar e direcionar o que deve ser feito, quando, onde e como desenvolver as atividades. Cada dia carrega consigo suas preocupações. Não podemos deixar para amanhã e acumular os serviços para ficarem para a ultima hora. Nunca digamos que não temos tempo. Deus dispôs para nós os dias e a hora. O tempo é o mesmo sempre. O que nos falta é organização.
O ser humano, por natureza, tende a se acomodar se fechando no seu individualismo e egoísmo, por isso, temos manter um esforço para não deixar espaço para as nossas comodidades. O nosso espaço de tempo não é longo, por isso temos que aproveitar as oportunidades de vida e saúde que Deus nos oferece. Existem muitas pessoas mais precisadas do que nós que esperam e se alegram com a nossa chegada e nossa presença. Vamos estar a serviço. Servindo estaremos dando um sentido à nossa vida.



5 de janeiro de 2011

A Saúde está gravemente doente.


Para que uma população tenha vida digna é necessária a existência de três colunas: a saúde, a educação e o trabalho. A saúde é a condição básica para as demais e, deveria ser a prioridade do estado brasileiro. Não adianta dar tanta ênfase ao aumento da media de vida da população se o estado não tem o suporte suficiente para a assistência a uma população idosa.

Existe um grande conflito entre os dados oficiais e a realidade de cada lugar. Os estados investem alto em propaganda para mostrar o funcionamento e a qualidade do atendimento nos hospitais. Quem não se lembra da maravilha a respeito da saúde aqui em nosso estado? A propaganda nos remetia a um atendimento de primeiro mundo, mas na realidade, tudo estava voltado para um período de propaganda eleitoral.

Aquela máxima de que a medicina é um sacerdócio, tem deixado a desejar. Um atendimento médico só funciona um pouco melhor se o dinheiro chegar primeiro. Uma deixar um paciente em um hospital fica primeiro um cheque de dez mil reais.Mesmo assim, não se tem um atendimento de boa qualidade. A relação médicos, enfermeiras e pacientes é a mais fria e desumana possível. A pessoa da família que está acompanhando o paciente precisa ter a coragem de gritar para que chegue o medico numa situação de emergência.

O Serviço Único de Saúde é a maior farsa que já se criou neste país. Ele representa o sofrimento, o abandono e a morte dos pobres. As filas estão ai e a qualidade do atendimento. As pessoas morrem nos corredores dos hospitais ou de hospital em hospital sem serem recebidas para um atendimento. Considero o que de mais grave existe neste país, a falta de assistência à saúde por causa da inércia do estado. Veja a dependência das drogas é um caso de saúde publica, mas não levada em conta em lugar nenhum do nosso país.

A nossa pastoral carcerária perdeu um de seus membros na diocese de Cajazeiras. Com um problema cardíaco, lutava para uma intervenção cirúrgica. Fui com ele a uma consulta ao medico que faria a cirurgia. Ouvi do próprio medico que o mesmo aguardasse em casa que ele seria chamado quando o hospital dispusesse do material. O tempo de espera foi muito mais de um ano e não havia outra solução alem da cirurgia. Ele nunca foi chamado e veio a óbito no inicio deste ano. Esta é a qualidade da saúde e do atendimento para quem é pobre. Não adianta apresentar um país em desenvolvimento financeiro se continua tratando a população naquilo que de mais sagrado existe que é a vida.

Os hospitais e clinicas se tornaram uma fonte de renda com a circulação de bastante dinheiro. Esta uma realidade visível aos olhos de todos. Os convênios com o ministério da saúde os recursos não chegam a serem aplicados devidamente.

Nosso estado tem um PSP( Programa de Saúde nos Presídios), parceria com o Ministério da Saúde e o Ministério da Justiça. Em nenhuma das unidades prisionais do nosso estado: Roger, Guarabira, Campina Grande, isso tem funcionado dentro do plano previsto.

Não dispomos de dados para dizer que a saúde está com saúde. Quando os nossos estados tratarem desta questão com a devida competência e responsabilidade, apresentaremos a outra realidade.