28 de dezembro de 2010

Final de Ano

Estamos nos últimos dias deste ano de 2010. Esta é a ultima edição do jornal Contraponto.

Cada pessoa é chamada a fazer uma retrospectiva em sua vida. É bom perguntar como funcionaram as nossas instituições: Como andou a saúde em nosso estado? E a educação? E a segurança publica? A saúde está doente. Depois falaremos sobre ela. Somos o estado de um grande numero de analfabetos. A segurança foi um caos. Ouvi muitas vezes de membros pertencentes ao órgão que a secretaria não tinha nenhuma política para a segurança. A violência nunca foi tão grande, sinal de que o estado está ausente. Só a repressão nunca educou ninguém. É necessário educar para a paz e fazer a prevenção. A Secretaria de Administração Penitenciaria não teve sequer condições de manter o Roger que se tornou modelo em problemas. Na questão prisional temos realmente uma pratica inoperante do estado, em todos os Estados, enquanto instituição. Agora mesmo falta comida nos presídios. Não é verdade que o governo funcionaria até 31 de dezembro. As atividades já se encerraram.

Ao chegar a este momento é bom perceber que não é simplesmente o tempo que passa, mas a vida de cada ser humano que vai passando. É mais um ano vivido com menos um em nossa existência terrena. Por isso, temos que nos perguntar como aconteceram as nossas atividades. Cada pessoa, diante de suas responsabilidades precisa avaliá-las. Será que as obrigações e metas foram cumpridas as longo deste ano? Será que o tempo foi devidamente preenchido? Será que as pessoas que deveríamos atender ficaram satisfeitas com a nossa missão? Temos a consciência tranqüila sobre o bem que realizamos? Será que não nos deixamos levar pela preguiça, pela desonestidade e pelos desmandos da nossa sociedade?

O começo de um novo ano deve ser um momento para reorganizar a vida. É tempo de pensar as metas e as prioridades a serem desenvolvidas. Não devemos pensar em inúmeras atividades. É preferível fazer pouco, mas fazer bem.

Começa o ano com as mudanças de governo no plano federal e estadual. A realidade é difícil, mas não podemos perder a esperança. As pessoas eleitas pelo povo estão para servir. Muitas vezes o exercício da política é para perseguir, manter status, ganhar dinheiro, ser conivente com a corrupção.

Esperamos que as mudanças ocorridas através das eleições sejam significativas para o bem estar da nossa sociedade. O que não foi possível acontecer em nosso estado, como também no governo federal, possam se tornar realidade. A população de hoje não é a mesma dos anos passados. Hoje é possível acompanhar em tempo real o que acontece em todas as instituições. Os meios de comunicação, sobretudo a internet tem proporcionado a muitas pessoas a possibilidade de acompanharem e julgarem as ações do poder executivo, legislativo e judiciário, até as brigas no Supremo. Temos, portanto, uma parcela significativa da sociedade que observa e analisa os acontecimentos.

Apesar de todos os desafios não podemos perder a esperança. Desejamos que o ano inicie cheio de expectativas, mas com a colaboração de toda sociedade.





25 de dezembro de 2010

É natal,

Tempo de paz, com muitas guerras;


Tempo de Ceia, com muita fome;


Tempo de fraternidade, com desunião;


Tempo de convivência fraterna, com muita violência;


Tempo de partilha, com muito egoísmo;


Tempo de perdão, com muita vingança;


Tempo de sentir a presença de Deus, mas preferimos outros deuses;


Tempo de vida com muitas mortes;


Tempo de nascimento, com muitos abortos;


Tempo de um Deus inteiramente presente e disponível a todos(as) sem que se perceba a sua presença.

15 de dezembro de 2010

Dizimo: Herança do Povo de Deus

A igreja em todo Brasil vai descobrindo a necessidade de cada vez mais trabalhar a implantação mais efetiva do dizimo nas paróquias e comunidades. É necessário acabar a mentalidade que existe ainda em muitas pessoas que a igreja é rica, o vaticano tem muito dinheiro e, portanto, não precisa de ajudas.
A igreja é como uma grande casa composta de muitas famílias com suas necessidades. Muitas se pensa que a diocese envia dinheiro para as paróquias imaginando que a mesma faz este repasse porque recebe muitos recursos externos. O movimento é o contrario: Cada paróquia tem a responsabilidade de enviar o seu dizimo, que é a décima parte, recolhido dos fieis e das comunidades, para a cúria diocesana, que é órgão central na diocese para coordenar todos os serviços da igreja particular.
O dizimo não é uma invenção da igreja ou do padre. Não é o padre ou o bispo ou a igreja que pedem o dizimo, mas a própria bíblia. No Antigo Testamento, muito antes da chegada de Jesus, o povo de Deus, de maneira muito sábia, já vivia esta experiência de gratidão para com Deus através do dizimo. Veja o profeta Malaquias o que diz: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós bênção sem medida.” Ml 3.10, 11 e 12
Devemos corrigir um pouco a nossa linguagem. Por exemplo, ninguém para o dizimo. Onde existe pagamento existe compra e venda. O dizimo é sinal de gratidão por tudo aquilo que Deus já realizou em sua vida. Quem reconhece que em sua vida tudo veio de Deus, tem para com Deus este gesto: oferecer a Deus parte daquilo que Deus já nos ofertou.
Ainda no Antigo Testamento encontramos as seguintes passagens no livro do Levitico e do Deuteronômio acentuando a idéia que tudo pertence ao Senhor:
"A décima parte das colheitas, tanto dos cereais como das frutas, pertence a Deus, o SENHOR, e será dada a ele." Lv 27.30
"Certamente, darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher do campo." Dt 14.22.
Dizimo é um gesto de amor. Quem tem amor e à sua igreja vai colaborar cheio de fé com a consciência de que a sua presença e a sua doação em todos os aspectos fazem parte da sua vocação cristã. É bom lembrar que não é simplesmente dinheiro que a igreja precisa. As ofertas como também o dizimo devem ser uma conseqüência da nossa participação e da nossa pertença ao povo de Deus.
Algumas paróquias adotam a possibilidade de escolha para ser ofertante ou dizimista. Esta pratica impõe valores. Não devemos adotar este esquema. Cada dizimista é também ofertante quando participa das celebrações. Alem do mais não podemos determinar valores para o dizimo já que a decisão é da competência consciente e das possibilidades de cada dizimista. O tamanho da sua consciência será o tamanho da sua gratidão para com o seu Criador e Pai.
Em tese, cada pessoa cristã batizada deve ser automaticamente uma pessoa dizimista por se tratar de uma experiência que está inteiramente presente na dinâmica do da fé e da gratidão do povo de Deus. A ausência desta pratica cria uma situação muito desconfortante em nossas paróquias. Diante das necessidades é necessário recorrer a bingos, rifas, leilões, campanhas, o que seria dispensável diante de uma comunidade consciente e participante em todas as atividades e, conseqüentemente como dizimista.







14 de dezembro de 2010

Natal, mais que uma Festa.

Próximos, do final do ano, vivemos as expectativas do Natal (nascimento) de Nosso Senhor Jesus Cristo. O natal realmente é a festa da confraternização universal, entendida não como um momento transitório, mas como algo que deve se prolongar por todo o ano que se aproxima e por toda vida. Confraternização não entendida como uma pratica restrita a algumas pessoas e em um determinado tempo.

A manifestação de Deus através do nascimento de seu filho é para oferecer a toda humanidade as mesmas condições de vida e de paz sem nenhuma exclusão, pois em Deus não existe acepção de pessoas. Na imaginação poética do profeta Isaias, até o reino animal em seus opostos se confraternizará: O lobo e o cordeiro, por exemplo, comerão juntos.

O natal acontece exatamente nestas expectativas. O lugar do nascimento do menino é fruto da falta de acolhida e de solidariedade muito presentes em nossa mentalidade profundamente egoísta. Foi por isso que o nascimento se deu na cocheira, lugar reservado para os animais. Por isso o evangelista vai dizer que Jesus, na qualidade de judeu veio para os seus, mas não foi recebido por eles. Os únicos que foram comunicados a respeito do fato foram os pobres pastores, também marginalizados pela profissão que exerciam acompanhando o rebanho.

O natal é celebrado com muita festa: luzes, presentes e a ceia, mas a realidade é totalmente outra para uma grande maioria marcada pela pobreza, pela fome, pelo analfabetismo, pela doença, pelo desanimo e pelas falta de esperança. Não nos comportamos como nação e muito menos como cristãos. A desigualdade social é o mais grave desafio para uma sociedade que se diz civilizada e desenvolvida. Se o nosso país se desenvolveu economicamente, não podemos dizer o mesmo a respeito dos verdadeiros sentimentos de humanidade e de fraternidade. Temos que admitir esta realidade como condição para a superação das indiferenças. Não é possível celebrar o natal de verdade, sem eliminar as barreiras e muros que nos separar. João Batista recorda que todo vale deve ser aterrado e todo monte deve ser nivelado. O que realmente significa isso na vida de cada ser humano hoje em seu trabalho? As nossas festas de natal, de ano, de páscoa, padroeiros, aniversários, são momentos muitas vezes para o pecado da gula pela comida e pela embriaguez. É por isso que temos uma parte da população obesa e outra grande parte morrendo pela desnutrição. A fome no mundo é um escândalo porque é fruto do luxo egoísta de alguns. É interessante porque as confraternizações vão até o momento em que se come. A partir dali nada mais acontece. Dá para lembrar o apostolo Paulo que diz aos coríntios por ocasião da celebração eucarística: quem vem só para comer, esquecendo-se dos outros, coma em casa.

Se quisermos realmente celebrar o natal, não só como festa, mas como acolhida verdadeira daquele que nasce, devemos rever nossa vida, sobretudo na superação de um espírito mesquinho para atitudes que nos ajudem a alargar o nosso coração. Não podemos nos esquecer que Deus nos presenteou neste tempo com a maior riqueza que alguém poderia ter. Deus armou a sua tenda, ou em nossa cultura, a sua rede entre nós, em nossa casa, isto é, em nosso coração. Já recebemos tudo, aprendamos a doar.

3 de dezembro de 2010

Qual é a missão da Pastoral Carcerária?

Esta é uma pergunta é fundamental e devemos sempre respondê-la, pois devemos saber o que queremos em nossa ação pastoral. Muitas vezes fica a impressão de que todos não sabem o que queremos. Às vezes o comportamento de alguns agentes de pastoral nos dá a impressão de que não trabalham com pessoas, mas com espíritos e até adotam os mesmos comportamentos de quem está fora. Isso é muito grave.
Vale salientar que no pensamento bíblico mais original não existe corpo sem alma, por isso, não se pode pensar que a pastoral não deve se preocupar com o que acontece na prisão. A pessoa é sempre um todo. Não se salva alma sem corpo. Não estamos mais na teologia do “salva a tua alma”, como se fazia no tempo da escravidão.Em uma reunião de cúpula se chegou a sugeriu que as denuncias fossem feitas não pela pastoral, mas pelos serviços de direitos humanos.
Depois da prisão em si o que existe de mais grave no sistema é o tratamento dispensado aos presos: ameaça, tortura física e psicológica, castigo, corte da água, não socorrer para o medico, não fornecer o remédio, em suma, negar a assistência prevista na Lei. O estado que não cumpre seus deveres.
Faz parte dos objetivos específicos da pastoral “levar o evangelho aos cárceres e colaborar para que os direitos humanos sejam garantidos através de denuncias e propostas de medidas de conciliação e paz”.
Aqui contamos com duas colunas fundamentais: o evangelho e a vida. É possível distinguir a pastoral de uma equipe que visita a prisão. Se a equipe que visita ainda não tem a compreensão de que a vida está acima da lei, e por isso, é necessário denunciar tudo aquilo que agride a vida, esta equipe ainda não pode ser denominada de pastoral carcerária.
Toda pastoral assume o comportamento do bom pastor que defende as ovelhas a todo custo dando a própria vida.
Se o medo nos impede de correr o risco para denunciar, não podemos ser pastoral carcerária. Isso significa que só rezar não é fazer pastoral, pois pastoral supõe ação, naturalmente alimentada pela oração.
Jesus está crucificado em cada pessoa presa. Em Mateus 25 encontramos: “Eu estava preso e vocês foram, ou não me visitar”. Ninguém faz uma visitar para sair da mesma maneira que entrou. O compromisso solidário com o crucificado deve acontecer ou pelo contrario seremos conivente com a prática da crucifixão.
Denunciar não é perder a cabeça, perder a esperança e fazer um enorme barulho que para nada serve. Levantar uma poeira enorme e depois esquecer o problema não leva a lugar nenhum.
A constatação de que as denuncias diminuíram é sinal de que a pastoral perdeu sua dimensão profética e não pelo fato de terem diminuídos os problemas que, pelo contrario, aumentaram.
Denunciar é manter uma postura clara, tranqüila, constante, mas muito firme naquilo que queremos e que nos pede o evangelho, levando ao conhecimento das autoridades que identificamos como contrario ao que orienta a Lei de Execução Penal. Ela, que juntamente com a palavra de Deus levada no coração devem fundamentar as nossas convicções e as nossas denuncias.
O sistema carcerário, a partir de seus responsáveis precisa perceber que nós temos uma postura evangélica, educada, não violenta, mas profundamente vigilante como aquela atitude da viúva que pede justiça ao juiz. É pelo nosso testemunho e por uma atitude vigilante e questionadora que vamos provocar o sistema para que o mesmo seja melhor.
Temos discutido sobre o numero de agentes que é uma necessidade, mas temos que conjugar a numero com a qualidade necessária para o desempenho da nossa missão.

2 de dezembro de 2010

Rio de janeiro: um caso de policia ou uma questão social?



O Rio de janeiro está no centro das atenções em todo o mundo. Parece que estamos vivendo num cenário de guerra. Falar sobre ele é extremamente complexo, sobretudo para quem está distante e, por isso, não sabe o que de fato acontece por lá. Levar em conta apenas o conteúdo de grande parte da imprensa que é sensacionalista, não é correto. A imprensa é sempre tendenciosa pelo fato de seguir a cartilha ideológica de seu grupo. Dizer a esta altura o que é certo e o que é errado não é prudente. Por exemplo, a polícia que hoje combate sempre teve membros que acobertava o tráfico de drogas e de armas, participando do esquema e protegendo a situação. As pessoas atacadas são as que estão no morro. As que estão acima delas não estão no morro: por isso, não serão atingidas e por isso continuarão atuando normalmente. O trafico é internacional e uma das maiores fontes de renda do mundo. Por isso, esta ação pode ser apenas um simples curativo para dar satisfação à sociedade, mostrando o poder de força do estado, mas na verdade, o poder é do trafico internacional de armas e drogas.

Se o estado é obrigado a fazer o que faz hoje é porque não fez o que deveria ter feito antes. A marginalização que temos na sociedade e a constituição de favelas, com tudo o que ela comporta é culpa do estado.

Ao longo de todos os anos o que o estado fez em prol das favelas para melhorar as condições de vida da população, combater o trafico e melhorar a situação? Não se tem nenhuma noticia de destaque a este respeito.

Se a intervenção do estado se dá apenas no nível que acontece agora, como repressão, depois vai ter que fazer a mesma coisa. A realidade só muda quando o estado propõe uma mudança na moradia, na educação, no transporte, na saúde, etc.

Normalmente, onde está o policiamento?

O policiamento está mais presente nos centros, nas praias, nos palácios, para proteger as autoridades e o patrimônio dos ricos. Nas favelas, a polícia só chega ameaçando e provocando o terror. Nas favelas, para fazer segurança publica é necessário criar e implantar o policiamento comunitário para gerar a segurança e a confiança da população.

Quem perdeu a vida nestas ações? Até agora não se fala sobre vitimas. As denuncias estão chegando muito tímidas a respeito de pessoas que foram tratadas com violência pela policia, que tiveram seus pertences levados como dinheiro de uma indenização no valor de trinta r um mil reais. Alguém tem duvida disso? As operações policiais muitas vezes acontecem com violência, destruição e desrespeito às pessoas. Só para mostrar que não é possível fazer um juízo de valor sobre o certo e o errado. É claro que o crime jamais se pode aceitar parta de onde partir. A metodologia para combatê-lo é que é a questão fundamental.

Concluindo,

O presente texto não tem a finalidade de estabelecer nenhum julgamento sobre a situação do Rio de Janeiro. Sua finalidade é levantar alguns elementos que sirvam para a nossa reflexão e formação da nossa consciência. A polícia será sempre necessária como instrumento para a construção da Segurança Publica. No entanto, a solução para a questão da violência não é questão de policia, mas no trabalho social que deve ser prioritário para o estado. E isso o estado não tem feito. O investimento para melhorar as condições de vida é insignificante. Sobra dinheiro apesar dos desvios e da corrupção e não se investe na situação social do país.

Pebosco.

20 de novembro de 2010

Direitos para todos os Humanos.



Dia 7 de setembro de 1995 o então presidente Fernando Henrique Cardoso proferiu um discurso com o tema “DIREITOS HUMANOS: Novo nome da liberdade e da democracia”. Daquele dia até hoje já se passaram um pouco mais de dez anos. Percebemos que este novo nome da liberdade e da democracia é ainda algo a ser conquistado.

Em primeiro lugar temos ainda uma concepção toda errada sobre o tema. Parece que não entendemos o que lemos nas palavras. Como é possível ler a expressão DIREITOS HUMANOS e não entendê-la que se trata do direito de todos sem distinção? Quando um grupo está lutando por seu direito, ele não deve ser criticado. Se lhe falta o necessário é porque alguém não está lhe concedendo o que lhe pertence. Por exemplo, a terra não é só para alguns; a vida plena não é só para alguns, mas para todos; o emprego não é só para alguns; a assistência medica não é só para alguns. Quando os Conselhos de Direitos Humanos atuam pelo Brasil e pelo mundo é para garantir o direito que muitos não estão tendo.

Na Declaração Universal de 1948 se diz, por exemplo, no Artigo III que “Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.” Se nos falta a segurança coletiva por incompetência do estado brasileiro, imagine a individual? Mas, na realidade, é um direito humano.

Vejam que na capital de Alagoas, os moradores de rua então sendo assassinados com a total omissão do estado. A única voz que se levantou foi a da igreja católica, como sempre fiel na defesa da vida.

No artigo XXV da Declaração Universal também diz: ”Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família SAUDE E BEM ESTAR, inclusive ALIMENTAÇÃO, VESTUARIO, HABITAÇÃO, CUIDADOS MEDICOS etc.” enquanto isso, nada disso para a grande maioria.

Em nosso estado, a situação não é diferente. Os pobres das periferias e as mulheres estão também sendo assassinadas.

Que respostas temos tido do nosso estado? Que eu saiba, nenhuma. Ouvi por mais de uma vez de um membro da Segurança Publica do nosso estado o seguinte: “Quando há interesse do estado, quem comete um crime, não tem não ser preso. A polícia chega, não há como fugir. Depende da condição da vitima.” Aqui está realmente o problema.

Enquanto morrem os sem nome, sem poder, sem prestigio, não há dificuldade. É uma limpeza que se faz na sociedade.

Recente noticia coloca o nosso estado com um alto índice de analfabetismo, quase vinte e dois por cento da população paraibana. Por onde anda o Direito à instrução prevista no artigo XXVI da Declaração Universal inclusive gratuita, com dimensão técnico profissional?

Na realidade, saúde e educação, ao lado do trabalho devem ser as prioridades de quem governa. Mas, os dados sobre a educação estão ai. E a saúde tem sido apresentada como um dos graves problemas do Brasil. Estamos diante de uma população cada vez mais envelhecida que cada vez mais necessita da assistência que o estado não oferece ou oferece de forma muito precária.

Os Direitos Humanos jamais serão só para Humanos Direitos mas para todos. Se o ser humano perder o seu direito à vida na sociedade, a sociedade perdeu todo o seu referencial de comunidade humana. É licita a luta de cada pessoa pelo seu direito, por isso, não impeça que a outra pessoa tenha a mesma oportunidade e o mesmo direito de lutar.

Introdução sobre a realidade social, Eclesial, Comunitária e Missionária.

Introdução sobre a realidade social, Eclesial, Comunitária e Missionária.


Nossa realidade

1. Vivemos uma realidade de profunda fragmentação social, familiar e eclesial. Há uma grande crise sobre o sentido da vida. A solidão, a falta de apoio e oportunidade e de acolhida, tem levado muitas pessoas para o suicídio e o mundo das drogas, em todas as camadas da sociedade.



2. Temos uma grande crise. Temos falta de referencias, de carismas, de profetismo, de ânimo, clareza etc. Vivemos o tempo das perguntas e dos questionamentos. Vamos buscando as respostas.

3. A globalização tem aproximado os povos como nunca, mas continua mantendo o interesse de cada pessoa. O individualismo tem sido um grande caminho para a vida egoísta em toda sociedade, nas instituições, família, por exemplo. A família que é o lugar e a escola para a vida social e comunitária não se reúne mais para nada. Nem para a refeição, assistir um filme educativo. Cada um assiste no seu quarto. Não existem mais deveres coletivos a serem cultivados e assumidos.

4. A fé quando existe, tem sido também egoísta e descompromissada, desligada da comunidade. A fé é pessoal, mas manifestada e vivida em comum. Só vou onde eu gosto. A subjetividade não pode está acima da realidade e da fé que é essencialmente comunitária. Temos que oferecer o melhor, mas é impossível atender ao gosto de cada pessoa.



5. A diversidade muito necessária na igreja tem se tornado tão diversa e dispersa que estamos perdendo o principio da unidade e da pertença a uma só igreja. O ser cristão não identifica mais as pessoas. A vocação cristã não aparece por primeiro. Temos pessoas tarefeiras que só aparecem naquele momento.

6. Os espaços de comunhão como lembra o DA já são quase que desconhecidos ou não levados em conta. Ex. as paróquias, as comunidades e grupos, as dioceses. Não vamos falar de culpa, mas devemos nos perguntar o porquê dessas realidades.



7. A falta de consciência sobre a vida cristã é o que tem levado cristãos batizados a estarem em qualquer igreja como se tudo fosse a mesma igreja, ate mesmo as pessoas que mais contamos no cumprimento de tarefas como casais e outros. Tudo fala sobre Deus. Tudo é religião. O batismo é feito sem anuncio e sem catequese. O batismo ainda é feito por causa da tradição. Fazer discípulo, batizar e ensinar a cumprir, isto é, viver, seguir.



Nosso Agir



1. Aprofundar o nosso batismo. O que significa ser batizado e ser cristão católico? Quais as implicações? Pergunta que deveria ser feita muitas vezes, na busca da resposta. O batismo não é um assunto de nossa pauta.

2. Por natureza, Somos uma comunidade de pessoas batizadas: formamos um só corpo. Mesmo estando em serviços diferentes, pertencemos a uma única igreja. Devemos expressar pela cor responsabilidade que somos membros de um único corpo, uma só comunidade.

3. A respeito das comunidades: Uns afirmam que existem e outros que não. Já passaram. Alguns vivem do saudosismo. Devemos chegar a um consenso. No sentido amplo a expressão COMUNIDADE, é adotada pela sociedade civil e pelos órgãos governamentais. Refere-se a uma cidade, um povoado, um território: fale-se de comunidade ribeirinha, comunidade internacional, comunidade afro, indígena, etc.

4. O DA fala claramente de CEBS, naturalmente no contexto de igreja que vivemos hoje: Queremos decididamente reafirmar e dar novo impulso à vida e missão profética e santificadora das Cebs. VER LIVRINHO.

5. A comunidade como Aquele espaço que agrega pessoas com a finalidade de rezar, celebrar, partilhar a própria vida e que tem a palavra como centro irradiador da vida comunitária. Isso é uma realidade inegável. O DA tem um conceito mais amplo de comunidade quando fala das novas comunidades. Pessoas que se encontram sempre, nas casas, nas ruas, nos retiros, nos setores, nos edifícios, nas escolas, etc, preocupadas com a vida e com a sua relação com Deus.

6. Cada paróquia é uma comunidade, pelo fato de ser lugar de celebração da vida sacramental, lugar do anuncio e da vivencia da palavra, lugar da pratica da caridade e da comunhão. A comunidade nunca acaba. Ela é uma realidade permanente. A igreja existe como assembléia, como comunidade convocada, reunida e enviada. Quando Jesus chamou os 12 ali ele constituiu o novo povo de Deus. O chamado tinha duas finalidades: Formar a comunidade e ser enviada em missão. Paulo, toda a sua vida consistiu em formar comunidades. Hoje é impossível atingir e agrupar pessoas se não organizamos cada vez mais esses espaços de vida comunitária.

7. Quando a igreja confia ao padre, ao diácono uma paróquia, quem assume a tarefa já sabe que vai lidar e coordenar uma comunidade, uma rede, com todos os grupos, comunidades, pastorais e movimentos. Sem o ministério da coordenação fica difícil desempenhar aquela função. Tudo o que existe vai ter o padre ou o diácono ou outra pessoa responsável como referência; as pessoas vão buscar nele orientações e respostas. Por isso o DA valoriza a paróquia como um espaço de vida comunitária e de missão. Vejam uma festa de padroeiro (a). Normalmente é um momento de integração, de comunhão é de participação de toda comunidade. Investir nesses momentos faz crescer a comunidade como um todo. Portanto, todo trabalho paroquial passa necessariamente por esta dimensão.

8. O DA diz que a paróquia deve ser uma rede de comunidades, com a presença e a participação de grupos, pastorais e movimentos. É o que já existe em cada paróquia, mas que deve ser muito mais valorizado, organizado e acompanhado. Quando as pessoas vão se integrando, participando das decisões e da execução, vão se sentindo felizes e úteis.

9. Nossa missão e nosso desafio é Trabalhar a importância da comunidade e da pertença àquele grupo, àquele setor, àquela comunidade, articuladas com a vida paroquial. Não dá pra ser cristão católico enxergando o próprio grupo ou só a paróquia e mais nada. Estamos numa região pastoral e numa diocese. Essa pratica é eminentemente protestante. Nenhum protestante que saber de outras pessoas que estejam fora de seu espaço, a não ser para fazer proselitismo.

10. Por fim, A comunidade paroquial não é uma prioridade a mais. Ela é a prioridade, a forma concreta do ser igreja, por ser o lugar da acolhida, da escuta, da organização e da vivencia das prioridades diocesanas destinadas a todas as paróquias, grupos, pastorais e movimentos.

Pebosco.

10/12/2010


14 de novembro de 2010

Situação prisional.

A Pastoral Carcerária tem uma estrutura nacional, regional, estadual e diocesana. Seu trabalho: através da visita, acompanhar a situação da pessoa reclusa, sem olhar para o seu crime, mas ser uma presença que a ajuda a partir de sua abertura com os agentes pastorais.

Aqui no estado temos uma equipe que por uns 15 anos vem acompanhando a vida prisional. Dom Jose Maria Pires, Arcebispo Emérito estabeleceu o que deveria ser a pastoral em nosso estado. A partir de então a pastoral da Paraíba tem sido uma referencia no nacional também a partir das denuncias que são feitas quando o estado não nos ouve por primeiro.

O dialogo com o estado, com diretores de presídio, com a Gesip sempre foi uma característica da pastoral. Dependendo da conjuntura, o estado nos escuta ou fecha as portas. A pastoral tem uma presença em todo estado, realizando as visitas nas unidades prisionais. Normalmente temos as informações antes que os fatos aconteçam. A pastoral é um trabalho voluntario que pode ajudar ao estado se ele não assume uma postura auto-suficiente.

A prisão em nosso estado e pelo Brasil a fora é sinônimo de medo, de insegurança, de ameaça à vida, de sofrimentos diversos, de morte. Temos um contingente de 10 mil pessoas totalmente ociosas. A ocupação é a mínima possível. No máximo costurar bolas em algumas unidades. Imagine 900 homens em uma unidade sem ter em que se ocupar. Os que dirigem o sistema sempre relativizam a nossa situação em relação a outros estados, alegando que estamos em melhor situação. Melhor em que? A liberdade no sistema prisional tem sido a morte. Sair da prisão, sobretudo na capital, significa ser executado.

O sistema prisional é um desafio. Não é um problema sem solução como muitas vezes se coloca. Temos uma policia que prende e uma justiça que condena, mas não solta.

A ausência dos defensores públicos nas unidades é visível. Por isso temos a superpopulação. Os processos ficam acumulados nas Varas de Execuções Penais. O estado fica silencioso. Não se mobiliza e não mobiliza a justiça. Parece se dá por satisfeito. É bom economicamente ter muitos presos?

No dia a dia, o estado tem uma pratica criminosa. Ao invés de recuperar a pessoa que praticou o crime, comete outro: a tortura física, psicológica. Condena quem já está condenado. Pune com isolados de 30 dias no pior castigo para o ser humano que já está condenado com a prisão mesmo que seja provisório.

A militarização leva a uma idéia de disciplina que transforma a prisão em quartel: coisas muito diferentes. Claro que existem as exceções.

A alma da prisão é a direção. A vida prisional, por pior que seja a sua estrutura vai ser melhor ou não dependendo da ideologia que se quer implantar através da escolha da direção. Já tivemos muitos diretores e até coordenadores da Gesip como torturadores. Já existem rumores de ex diretores, torturadores alimentando a esperança de poder voltar.

Pela nossa experiência é possível implantar a disciplina (bem entendida) com a humanização.

Como dizia Vital do Rego: “não é cristão, nem moral, nem legal que se exija bom comportamento de quem recebe tratamento hostil, desumano, covarde. É induvidoso que bater ou maltratar ensina a revidar! A espontânea disciplina – e só esta prevalecerá - há de ser erigida sobre os sólidos alicerces da humanização, único caminho para a resoscialização dos apenados”.

Tratar presos como gente não custa nada para o estado. Basta indicar quem seja capaz de dirigir e lidar com o ser humano. O que nem sempre acontece. Quando a situação é difícil o estado tem escolhido os piores diretores. Temos encontrado muitas pessoas nomeadas para esta área, literalmente neuróticas até no comando da secretaria. O que esperar dessa gente?

O mínimo de atenção do estado para a realidade carcerária para preservar a dignidade e a vida da pessoa detida tratando de seus direitos e seus deveres já significará uma realidade nova no sistema penitenciário. Essa atenção não é percebida nem sentida pelo fato de não ser consentida e assumida pelo estado.

Nunca podemos perder a esperança. Esperamos com confiança que nascerá uma nova pratica surgirá, com novos métodos e com uma nova mentalidade para o sistema penitenciário paraibano.

 
Pe.Bosco

11 de novembro de 2010

Presídio do Roger.


Dia 9 de novembro de 2010. O CEDDHC realiza mais uma visita no Presídio do Roger.
Em 1996 comecei a visitar o Roger como membro da Pastoral Carcerária. O que mudou de lá para cá? Sem exagerar: a direção que vem se sucedendo. Fora isso, a realidade é a mesma. A crítica é ao estado na sua inércia e indiferença. Um amontoado humano que é difícil imaginar como se sobrevive ali.
O espaço reservado ao reconhecimento é também espaço para presos que devem ser castigados com o isolamento de trinta dias. Encontramos vários que estavam no castigo. Interessante: a prisão deveria ser para resoscializar o condenado e proteger o que aguarda julgamento. A prisão em si já é um grande castigo, sobretudo nos moldes que ela se materializa. Como isso fosse pouco, o castigo é aplicado com toda clareza, quando ele não é regulamentado na LEP. Em nenhuma regulamentação ouvi dizer que a pessoa deve ficar 30 dias sem sol, sem colchão, sem visita, sem ventilação alguma. No chapão. Inclusive um doente que tinha saído do hospital, vitima de arma de fogo. É verdade que a LEP apresenta outros mecanismos para punir, menos daquela forma. A maneira como vivem os presos do Róger reflete a ausência no Ministério Publico Estadual que deve fiscalizar o sistema para corrigir os desvios que o Estado normalmente procura adotar. Faço um apelo à comissão do MPE criada para o sistema prisional da Paraíba. Não permitamos que o nosso estado só apareça como violador de direitos. Deixemos que ele apareça na promoção da vida para todos.
Os agentes penitenciários do Roger são poucos em cada plantão. A escala apresenta uma realidade e a pratica é outra. Eles, sobretudo novatos, se queixaram da precariedade do curso que fizeram para iniciarem o trabalho.
A situação do Róger é um sinal claro que da parte do Estado não existe nenhum interesse de cuidar da vida prisional. O Estado tem o espaço, mas não o mantém. Na frente do pavilhão onde aconteceu o incêndio no ano próximo passado, há sempre uma montanha de lixo. Não basta nomear um diretor, é preciso que o estado assuma a sua responsabilidade de ao menos cuidar da casa. Nem o dever de casa o estado está fazendo ao longo de muitos anos no presídio do Róger.
Onde estão os presos de reconhecimento e isolamento, fica sempre um acordado se revezando, para afugentar os ratos que chegam. É verdade! Os esgotos no pátio interno são todos abertos, sempre, com fezes expostas. Seria impossível fazer um trabalho no saneamento ou é proposital? Muitas pessoas condenam os que estão nas prisões usando dois pesos e duas medidas. Não vamos defender apenas se forem dos nossos. Todos devem ser tratados por igual perante a Lei.
Como conseqüência do incêndio de outubro passado, encontramos pessoas mutiladas, marcadas, condenadas para o resto da vida, sem que nada tenha sido feito, por exemplo, uma plástica, por que não?
Visitamos a farmácia. Uma quantidade insignificante de remédio para 900 homens considerando que quem ali está tem todas as condições para as diversas doenças. O remédio é necessário, mas a prevenção para conter as doenças é mais ainda. Só as camisinhas tinha de sobra.

7 de novembro de 2010

Relações no Brasil.

O período eleitoral foi o mais conturbado que vivemos nestes últimos anos. A postura dos candidatos, como também das pessoas e das instituições aconteceu de maneira muito equivocada. Os candidatos usaram de tudo, sem respeito e sem propostas claras, para convencer o eleitorado. Tivemos um jogo muito sujo. Quem era ficha limpa, não conseguiu permanecer limpo: usou de comportamento sujo.
As eleições deste ano ainda nos revelaram que não nos comportamos como nação a não ser no futebol quando joga o Brasil. Ficou muito evidente que somos uma nação dividida quando se trata de defender interesses. Não há um interesse comum, mas de grupos e de privilégios como sempre houve no Brasil. A direita jamais se conforma por ter sido governada por um nordestino que se destacou como um dos maiores presidentes do Brasil. Alem do mais conseguiu eleger uma mulher para lhe substituir. Isso em um país machista é inédito. Por isso, usa-se o preconceito e a discriminação por causa da ideologia. É sinal de que o Brasil não cresceu ainda em sua mentalidade e sua cultura. De fato, vivemos o atraso e os resquícios da direita e do militarismo que se conflita com a democracia.
O Nordeste que sempre foi mau visto e discriminado, nestas eleições tornou-se objeto de total discriminação pela região mais rica que os nordestinos ajudaram a construir com sua força.
É a classe mais rica e de direita de manifestando de forma criminosa contra seus patrícios. Ales do crime de racismo que felizmente está denunciado, esse comportamento é um desrespeito e um atentado contra a democracia. Não estamos mais na ditadura e obrigados a votar em que se quer. Se o Nordeste votou como quis tem seus motivos que devem ser respeitados e aceitos por todos. Vence a maioria.
Agora, terminada a eleição, estão postos os desafios:

Cada região do País deve ser respeitada e reconhecida com seus valores e com sua cultura. A região Sul, como se comportou através de alguns de seus membros, precisa rever sua mentalidade mesquinha e antidemocrática.

Ninguém administra sozinho. Cada administrador precisa ser humilde, escutar os outros e cumprir seus compromissos e promessas. O povo não vota mais em candidato que não honre seus compromissos. O povo não se deixa levar por promessas que beneficiam apenas o candidato.

A droga é o maior desafio dos nossos tempos por estar presente em toda parte e por ser uma fonte altíssima de riqueza. Combatê-la é um imenso desafio. Significa contrariar privilégios e mexer com grandes estruturas. Só os pobres e pequenos traficantes são punidos.

A má distribuição de renda é ainda um dos males que alimenta a desigualdade. A miséria persiste em nosso país exatamente pela falta da distribuição dos bens. O Brasil cresce economicamente para os ricos e não para os pobres.

No nordeste continua a seca, o analfatebismo, o desemprego, a falta de oportunidade. Onde estão as grandes indústrias e as oportunidades de trabalho?

Grande parte da riqueza do Brasil sai pelo ralo, como se diz. A corrupção é responsável pelo desperdício do dinheiro. Os nossos políticos, em grande escala, envergonham o nosso país.

pebosco











31 de outubro de 2010

Violência e armas.



É verdade que a violência faz parte da historia do ser humano. Os escritos mais antigos enquanto livro já registra a cena de Caim e Abel, mostrando a violência na sua máxima expressão dentro da família. Ao contrario dos outros animais que normalmente só matam para se alimentar, o ser humano, pelo contrario, mata para se vingar, para punir, para ganhar dinheiro, por nada ou mesmo por prazer.
Mas, é verdade também, que a violência nunca cresceu tanto como em nosso tempo, em todos os lugares, mesmo naqueles que eram considerados tranqüilos. Esse crescimento, que não se imaginava, deve ter alguma explicação.
Normalmente se aponta como causas da violência o desemprego, a aglomeração nas periferias sem uma vida planejada, a falta de uma boa educação, a falta de terra, as drogas, entre outros fatores.
O Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra e a Organização Não Governamental Viva Rio, realizaram um mapeamento sobre as causas da violência que não se pode deixar de levar em conta nesse contexto que vivemos no Brasil. O texto está no “Primeira Hora”, produzido pela Agencia Estado.
Vejam um dado preocupante: O Brasil tem 17,6 milhões de armas em circulação. Isso significa uma arma para cada dez habitantes. Aqui não estaria a causa do problema para a violência? A pessoa que dispõe em sua mão de uma arma vai usá-la de alguma maneira. Tudo tem a sua finalidade. A arma não tem outra finalidade a não ser matar. Como sabemos o numero de pessoas assassinadas tem sido muito alto. A nossa Paraíba, considerada calma, tornou-se manchete nos noticiários como um estado violento. Isso é inegável, é visível. Já se tornou comum em telejornais visualizar corpos estendidos aos olhos de todos. Isso tem acontecido de forma proposital como também acidental. A arma que é tida como instrumento de defesa acaba sendo instrumento da morte do próprio dono, pois a arma jamais defende e protege, ela elimina de modo ou de outro. A maior defesa é pela arma da não violência. Enquanto prevalecer o principio das armas todos são suspeitos de estarem armados, e, por isso, todos poderão fazer uso delas em nome da própria segurança. Muitas vezes se mata pensando que o outro esteja armado e ele pode atacar.
Onde estão as armas do Brasil? Veja que 57 por cento das armas do Brasil são ilegais. Isso significa dizer que o maior contingente de armas é usado por grupos que se organizam foram das instituições oficiais. Com eles estão 5,2 milhões de armas. O estado detém apenas 2,1 milhões.
Outra situação: a questão financeira. As causas da violência, que são as armas, dificilmente serão combatidas. Não adianta tê-las como proibidas, se a confecção e o comercio não se consegue proibir. A pesquisa indica que as indústrias brasileiras conseguem lucros milionários. Neste nosso país como também nos demais, a mola mestra está no lucro. O mesmo podemos dizer sobre o grave problema das drogas. O problema não é ela em si, mas a movimentação financeira em torno dela. Aquilo que gera dinheiro e beneficia a muitos jamais será combatida. Tudo o que acontece em torno das armas e das drogas é apenas para dar satisfação à sociedade e nada mais.
Como não se constrói uma casa sem construir a sua base, não se combate a violência sem retirar as armas.
Qual estado e qual governante ousariam assumir esta tarefa? Veremos!

24 de outubro de 2010

Um ano de silencio

O presídio do Roger, em João Pessoa tem sido um péssimo exemplo para o sistema penal do estado. Em 1997, quando o diretor e alguns agentes foram tomados de refém, o desfecho final foi desastroso. A polícia foi capaz de resgatar com vida os reféns, graças a Deus, mas não quis o mesmo destino para os demais que foram assassinados. Ouvi certa vez de uma pessoa de alta confiança ligado ao estado, que o numero dos mortos naquela época teria sido maior do que aqueles apresentados na chacina. A mim nada me autoriza a afirmar ou negar.
No ano próximo passado, exatamente no dia 23 de novembro outra grande tragédia transformou o presídio do Roger em um cenário nacional. Um incêndio que praticamente destruiu todo um pavilhão.
O que realmente aconteceu? Oficialmente ninguém sabe. O Site Paraíba.com, do dia 23 do corrente ano fala sobre 15 mortos e mais de 50 feridos, apresentando como o fato mais grave do sistema penal da Paraíba.
Em torno desse episodio permanece o mistério. Até hoje realmente não se sabe o que aconteceu.
As noticias, desde o primeiro momento, foram incompletas e contraditórias. A primeira informação é de que tinham sido 12 o numero de mortos, mas a noticia foi negada pelo estado.
Tive a oportunidade de adentrar ao Hospital de Trauma juntamente com o Padre Guido, poucos dias após a tragédia e pude ver os inúmeros corpos agonizando nas salas de Utis com um mau cheiro insuportável de corpos destruídos pelo fogo.
Qual é a situação hoje a respeito daquele fato?Até hoje ninguém sabe oficialmente o número exato de mortos. A imprensa ia noticiando a cada dia os óbitos.
Depois certamente houve uma orientação para que mais nada fosse divulgado. A partir daí, um silencio absoluto. Parece até os tempos da ditadura quando os presos políticos eram mortos sem que a família tivesse o direito de sepultá-los. A impressão que se tem é que o estado não investigou e não puniu ninguém. Comportou-se como se fosse o dono dos presos. A imagem que fica é esta: o estado brasileiro ainda traz consigo resquícios do autoritarismo no sentido de armazenar as informações e mantê-las às escondidas. Um estado que não tem satisfação para dar à sociedade e as suas instituições.
A metodologia adotada pelo estado de fato revela algo de muito sério e lamentável. Como confiar em uma instituição que ainda se comporta desta maneira, sem transparência alguma?
O silencio é justificado. Afinal, quem perdeu a vida? Gente considerada de má fama. Uma prisão composta de pobres, de jovens dependentes das drogas, de negros, certamente muitos presos provisórios, sem a justiça determinar o cumprimento da pena. Pessoas para as quais a sociedade que se julga impecável na sua hipocrisia, só deseja castigo e morte.
Na sociedade ninguém vale pelo que é, mas pelo nome, pelo prestigio e pela fama. Imagine no mundo de uma prisão.

Encontros em Brasília.

No dia 18 de outubro de 2010, participei em Brasília de duas reuniões. Na primeira, estavam reunidos representantes dos estados brasileiros, para apresentar à coordenação Geral de Combate à Tortura, como anda o processo de criação dos Comitês Estaduais de Combate à Tortura.
Alguns estados já estão com seus comitês criados; outros estão em processo, como a Paraíba que se encontra com o projeto na casa civil do governador. Os estados brasileiros todos constatam a tortura como uma pratica comum em ambientes privativos de liberdade. É claro, por parte do governo brasileiro o principio fundamental é de combater esta pratica maléfica.
Outro momento que tive foi a oportunidade de participar da XVIII reunião de altas autoridades em Direitos Humanos e Chancelarias do MERCOSUL e Estados Associados.
A reunião teve como finalidade ouvir de cada país como anda o processo de combate à tortura. Em todos os lugares existem pessoas se movimentando, refletindo e agindo com a finalidade de eliminar esta pratica.
O Brasil também se manifestou. Tem havido uma grande preocupação da Secretaria de Direitos Humanos nesta temática e se tem feito um trabalho de formação pelos estados a fora. É claro que as deficiências ainda se arrastam. O Depen, órgão que tem a missão de acompanhar o sistema penitenciário nacional, se apresentou e colocou um pouco da situação brasileira. Até o final do ano, o Brasil terá 500, 000 presos e presas. São 1.700 unidades prisionais no país que deveriam ser fiscalizadas o que não é possível.
Nos finalmente, como falta uma política publica para o sistema penitenciário, os estados empurram com a barriga a situação, fingindo e fazendo de conta que a situação é tranqüila. Cada estado, no âmbito oficial, se desculpa e coloca a sua situação como melhor em relação aos demais. O que é grave e desonesto, como já ouvimos repetidas vezes aqui na Paraíba, que aqui não existe tortura.
É interessante como este processo que vai acontecendo em todos os estados e países do mundo, contra a tortura, é algo irreversível. Trata-se de um movimento que não será mais contido. Existem pessoas que praticam e que defendem a tortura, mas, por outro lado, os que são contra e denunciam os torturadores.
A denuncia e a divulgação da tortura como crime é uma ação que todas as pessoas, de sã consciência precisam fazer e se faz sem recurso, usando os meios que estão ao nosso alcance. A tortura é um dos crimes mais graves, pois ela acontece na covardia e pela força institucional de nossos estados em delegacias e prisões. É denuncia é um mecanismo de controle contra esse crime. Quem conhece praticas de tortura procure uma forma de denunciá-la. O ministério Público tem a tarefa de denunciá-la, como também os Conselhos de Direitos Humanos, os Conselhos Tutelares, Conselhos da Criança, etc. Jamais poderemos nos calar. O medo fortalece a tortura. Nenhum governo quer passar para a historia como torturador. Por isso, devemos torná-la exposta como forma de combatê-la. Tortura é crime hediondo, isto é, horrível, repugnante, asqueroso.

16 de outubro de 2010

O sistema e as eleições



Na atual conjuntura eleitoral, não ouvi em nenhum lugar, os candidatos e candidatas colocarem a grave situação do sistema prisional dos estados e do país. A conclusão a que chego: os nossos governantes não querem enfrentar a realidade social em que vivemos a cada momento, cheia de dificuldades. O que é mais grave, não há um estado sequer que viva tranqüilo com o sistema penitenciário. Os nossos governantes, na realidade, governam para si, para os seus e para os ricos. A única proposta para os pobres e familiares de presos é dar uma bolsa com vários nomes com a mesma merreca.
Ninguém sugere uma política para emprego, escola, moradia, saúde, reforma política, reforma agrária, etc. Nestas áreas o Brasil está patinando. Nisso não se pensa e isso não se faz porque promove os pobres e devolve aos mesmos, dignidade e cidadania. Sobre estes temas ninguém reclama. Onde estão as igrejas que se colocam como defensoras da vida se permanecem caladas? A profecia deixou de ser bíblica? A questão partidária, assumida por setores da igreja é menor que a realidade social que tem tirado a vida de muitos pobres. Quais dos nossos pastores já levantaram alguma bandeira sobre a violência, pedindo providencias urgentes, aos que governam? A vida está sendo eliminada a cada momento.
O sistema penal não é prioridade em nenhum estado do Brasil. Lá estão homens e mulheres eleitores e eleitoras quando provisórios. Os seus familiares também votam. Mesmo se não votassem, o estado tem a obrigação de tê-los como pessoas, como gente e de tratá-los com dignidade. Pelo contrario, o estado os trata como bandidos e como irrecuperáveis. Bandidos que devem ser mortos. Diretores de unidades prisionais que vivem para tratar com violência aqueles que deveriam ser por eles ajudados a se recuperarem.
Quando uma unidade penitenciaria vem dá  certo, não é pela política do estado(que não existe), mas por pessoas vocacionadas, que assumem o trabalho como uma missão. Nosso estado tem um plano diretor que não sai do papel. Reflexo da inércia e da falta de iniciativas para colocá-lo em pratica. Felizmente temos algumas experiências exitosas, como o Instituto de Psiquiatria Forense onde celebrei recentemente para os internos. Aquela casa recebe até ajuda de religiosas para mantê-la como vem sendo mantida e o esforço da direção da casa.
Lendo esta reflexão talvez alguém chegue a pensar que este colunista é contra o sistema. O sistema é necessário e constitucional. Ninguém é contra ele em si, mas contra a forma de realizá-lo, muitas vezes de forma criminosa. Ninguém combate o crime com outro.
Vejam leitores e leitoras, que vivemos uma realidade muito complexa, no mundo da política, da economia, da segurança publica, do trafico de drogas, da fragilidade das instituições, etc.
O que fazer? De que necessitamos hoje? Creio que necessitamos de lideranças corajosas, vocacionadas, capazes, voltadas realmente para os dramas humanos e dispostas a fazerem acontecer o novo. Até agora tem nos faltado líderes.

12 de outubro de 2010

Muitas vozes.


Como vamos nos comportar?
Neste momento político da historia do Brasil, muitas vozes estão gritando, inclusive setores das igrejas. Ninguém grita sem algum interesse.
Qual deve ser o nosso procedimento?
Escutar é o primeiro passo, pois cada pessoa tem o direito de falar.
Não devemos levar em conta as falas que são interesseiras, preconceituosas, tendenciosas e discriminatórias.
Não é quem fala que devemos levar em conta, mas qual é a fala: qual sua consistência?
Devemos analisar a pessoa que fala e se existe coerência em seus posicionamentos. Se não existe, descarte as posições levantadas.
Na urna não devemos seguir os critérios dos outros mas a nossa consciência deve ser a norma absoluta da nossa decisão. Ninguém tem satisfação a dar a ninguém na hora do voto.
Você, diante de Deus e diante do seu Eu mais profundo vai colaborar na decisão dos destinos da vida do seu país e do seu estado.

PeBosco.








10 de outubro de 2010

Prática Religiosa


     Nos últimos tempos temos vivido uma efervescência religiosa muito grande. As igrejas parecem disputar a presença de fieis como em uma campanha que se faz, diminuindo a outra igreja, com a finalidade de ganhar a outra pessoa. É a pratica do famoso proselitismo. Neste esquema adotado, não temos o que de mais importante deve existir na religião que é a gratuidade. Neste esquema, as religiões vão ao encontro das pessoas pensando no crescimento delas e não no bem estar do outro.
Neste fenômeno religioso do nosso tempo convivemos com uma pratica quase totalmente exteriorizada, não recomendada por Jesus. A satisfação das religiões passa pela quantidade e não pela qualidade.  Os lideres religiosos ficam felizes quando conseguem encher os ginásios para um momento de manifestação mais emocional do que de fé. Esquecem eles que o momento de massa é até necessário, mas estes momentos não sustentam a fé e a caminhada das respectivas igrejas pelo fato de não trazerem nenhum comprometimento para a comunidade. Jesus até condena as praticas exteriores, pois elas serem muitas vezes para um exibicionismo, para mostrar que estamos prestando serviços relevantes na comunidade. Na realidade, é o testemunho fiel do dia a dia que vai manifestar a qualidade do nosso serviço.
Gritar nas praças para chamar a atenção dos outros como se vende um produto não é do agrado do Senhor. A religião não é um negocio a ser vendido, como ela tem se manifestado nos últimos tempos, mas é uma proposta de vida.
Qual é a melhor religião? Certamente esta é uma pergunta difícil diante do pluralismo religioso que vivemos, mas podemos buscar alguns indicativos para esta questão. São Tiago em sua carta nos dá uma referencia no capitulo 1,26-27, mostrando o que é fundamental para uma verdadeira pratica religiosa:
“Se alguém julga ser religioso, mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo: a sua religiosidade é vazia. Religião pura e sem mancha diante do Deus e Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas dificuldades e guardar-se livre da corrupção do mundo”.
Na pratica religiosa de hoje, voltou muito a experiência de uma religião do medo, que ameaça os fieis, ao invés de anunciar a esperança. Evangelizar é levar uma boa noticia. O inferno passou a ser instrumento para ameaçar as pessoas sem formação.
O papel da verdadeira religião não é amedrontar e ameaçar, mas oferecer os caminhos da caridade, como Jesus nos apresenta. Para ele, muitas pessoas serão salvas sem ter pertencido a nenhuma igreja. Quem viveu na caridade é convidado a fazer parte do reino. Vinde benditos de meu pai. Mateus 25.
Nenhuma experiência religiosa é validade, se ela não conduzir os seus fieis a uma pratica de caridade. “Estava nu, presos, doente, com fome e vocês cuidaram de mim”.
Quem viver a caridade em toda sua plenitude, fora dos esquemas religiosos, pela falta de oportunidade, será acolhido no reino do céu. Quem está ligado a uma comunidade religiosa, é claro, tem muito mais obrigação de viver a caridade, pois a fé sem as obras é morta, conforme São Tiago.
É bom que haja as múltiplas experiências religiosas, desde que não sejam farisaicas e hipócritas, mas no seguimento real do enviado do Pai, Jesus!
Nenhuma religião se mede pelo discurso ou pelo estereótipo mas pela vida de caridade, de acolhida e de perdão.
Pebosco.

9 de outubro de 2010

Eleições

Estamos diante de mais um processo eleitoral para o qual todas as pessoas são chamadas a participar. É um direito e um momento democrático extensivo a toda população.
Vez por outra se faz confusão na relação entre a igreja católica e a política. Não podemos perder de vista o seguinte princípio:
A igreja é a comunidade de todos os fieis, cada um com seu respectivo partido. Sua missão é congregar e criar a comunhão, a união e a participação de todo o povo de Deus. Exatamente por esta missão a igreja não pode assumir uma posição partidária. O partido tem por finalidade natural a divisão, pois é daí que nasce a escolha democrática.
Quando um membro da igreja faz uma opção partidária, é claro que ele é um representante da igreja, mas a opção não é da igreja, e sim uma opção pessoal. E sua opção não pode contar com o apoio da igreja.
A orientação da igreja é a liberdade da consciência de cada cidadão e de cada cidadã. Ninguém pode se deixar pressionar e impressionar por ninguém.
A respeito do ato de votar:
Nunca se deve deixar de votar.
Não se vota em alguém para pagar favores ou para pagar uma caridade recebida.
Vota-se na pessoa que tem melhor condição de prestar serviço à comunidade como um todo.

Não se deve votar em pessoas:
Que perseguem;
Que não dialogam;
Que não apresentam propostas concretas para administrar;
Que são contra os movimentos sociais;
Que reprimem e massacram pobres em suas reivindicações;
Que defendem e protegem os corruptos;
Que são preconceituosas;
Que não defendem a vida;
Que defendem o latifúndio e o interesse dos grandes.
Estas pessoas não devem estar entre as nossas prioridades. Temos que votar diante de nossa consciência. O voto é secreto. Você não tem satisfações a dar a ninguém diante do seu voto.

Nunca se deve dizer:
Nada presta, por isso, vou votar em qualquer um.
Meu voto não vale nada.
A política não presta mesmo!
O problema é da política ou da pratica dos nossos representantes?
Muito pelo contrario, seu voto vai contribuir com o crescimento da população. Muita coisa vai depende da sua escolha na hora de votar.
Ficar reclamando depois de quem administra não adianta se você fez a escolha errada. Por isso se diz: “o povo tem o governo que merece”, pois não escolheu bem.

Pebosco.

1 de outubro de 2010

Situação do Brasil.

Muito se tem propagado sobre o crescimento do Brasil. É verdade que aconteceram grandes mudanças nos últimos anos não só no nosso país, mas no mundo e, em conseqüência, também por aqui. Também é verdade que as grandes e necessárias mudanças não acontecem. O Brasil precisa de uma ampla reforma na área política, na área social, na questão fundiária e na área judicial. Agora se discute o limite da propriedade em meio a uma grande reação da classe rica por que jamais abrirá mão do seu patrimônio.
Por que estas mudanças não acontecem? O jornalista Hamilton Otavio de Souza lembra: “os projetos de lei que ampliam direitos, reduzem as desigualdades e aperfeiçoam o sistema democrático são congelados ou derrubados por deputados e senadores”. Isso acontece pelo fato de estarem em jogo os interesses da burguesia da qual fazem parte os nossos representantes. Não podemos também nos esquecer que os nossos representantes votam com urgências seus interesses e interesses da burguesia. Nós temos na maioria o que existe de mais reacionário no país. Por isso, precisamos acabar a falsa ilusão de que o Brasil está numa das melhores situações.
Nas ultimas eleições de 2010, escutamos um discurso orquestrado sobre bolsa família, bolsa Natal, etc. por que isso? Exatamente pelo fato de serem doações que não comprometem o estado. Trata-se na realidade de uma esmola do estado para os pobres num momento de festa. Assim, o gestor passa-se por bonzinho para o povo. O emprego, o salário e a educação vão tornando o povo mais esclarecido e independente e isso não são interessantes para quem governa. O mesmo também acontece com os períodos de seca e enchentes. Nenhum estado vai criar estruturas para resolver estas situações. Temos a indústria da seca e das enchentes para arrecadar fundos que não são aplicados devidamente
Discute-se a liberdade de imprensa que tem um papel de fundamental importância na vida social, mas infelizmente a imprensa não é livre. Como ela está sempre ligada a grupos e empresas, o profissional da imprensa se tem uma ideologia própria não pode manifestá-la. Ele é obrigado a manter a ideologia do sistema do qual faz parte como condição para lá permanecer. Isso é muito comum em nossa realidade. O profissional hora está em um veiculo e hora em outro por causa daquilo que cada veiculo vai defendendo.
Outro fato que mostra a falta de abertura e de espírito democrático em nosso país foi por ocasião do Plano Nacional de Direitos Humanos 3 sobre a ditadura dos anos 64-85. O plano previa uma investigação e punição aos torturadores. A reação fez com que o presidente da Republica não enfrentasse o problema. Lucia Rodrigues, da Revista Caros Amigos faz a seguinte observação: “Vários integrantes dos órgãos de repressão da ditadura militar ocupam cargos públicos atualmente”. Para Lucia, alem da impunidade, a repressão continua e se apresenta de varias formas como também o serviço de infiltração de agentes policiais nos movimentos sociais é uma pratica comum.
Tem sido muito comum aparecerem os que foram torturados e até tiram proveito da situação por estarem também em lugar de destaque nos serviços estatais. Por outro lado o próprio estado mantém e esconde os torturadores.
Assim podemos perceber o quanto precisamos crescer. O que fere profundamente a vida do nosso país é a desigualdade e a distancia entre pobres e ricos.

pebosco