16 de outubro de 2010

O sistema e as eleições



Na atual conjuntura eleitoral, não ouvi em nenhum lugar, os candidatos e candidatas colocarem a grave situação do sistema prisional dos estados e do país. A conclusão a que chego: os nossos governantes não querem enfrentar a realidade social em que vivemos a cada momento, cheia de dificuldades. O que é mais grave, não há um estado sequer que viva tranqüilo com o sistema penitenciário. Os nossos governantes, na realidade, governam para si, para os seus e para os ricos. A única proposta para os pobres e familiares de presos é dar uma bolsa com vários nomes com a mesma merreca.
Ninguém sugere uma política para emprego, escola, moradia, saúde, reforma política, reforma agrária, etc. Nestas áreas o Brasil está patinando. Nisso não se pensa e isso não se faz porque promove os pobres e devolve aos mesmos, dignidade e cidadania. Sobre estes temas ninguém reclama. Onde estão as igrejas que se colocam como defensoras da vida se permanecem caladas? A profecia deixou de ser bíblica? A questão partidária, assumida por setores da igreja é menor que a realidade social que tem tirado a vida de muitos pobres. Quais dos nossos pastores já levantaram alguma bandeira sobre a violência, pedindo providencias urgentes, aos que governam? A vida está sendo eliminada a cada momento.
O sistema penal não é prioridade em nenhum estado do Brasil. Lá estão homens e mulheres eleitores e eleitoras quando provisórios. Os seus familiares também votam. Mesmo se não votassem, o estado tem a obrigação de tê-los como pessoas, como gente e de tratá-los com dignidade. Pelo contrario, o estado os trata como bandidos e como irrecuperáveis. Bandidos que devem ser mortos. Diretores de unidades prisionais que vivem para tratar com violência aqueles que deveriam ser por eles ajudados a se recuperarem.
Quando uma unidade penitenciaria vem dá  certo, não é pela política do estado(que não existe), mas por pessoas vocacionadas, que assumem o trabalho como uma missão. Nosso estado tem um plano diretor que não sai do papel. Reflexo da inércia e da falta de iniciativas para colocá-lo em pratica. Felizmente temos algumas experiências exitosas, como o Instituto de Psiquiatria Forense onde celebrei recentemente para os internos. Aquela casa recebe até ajuda de religiosas para mantê-la como vem sendo mantida e o esforço da direção da casa.
Lendo esta reflexão talvez alguém chegue a pensar que este colunista é contra o sistema. O sistema é necessário e constitucional. Ninguém é contra ele em si, mas contra a forma de realizá-lo, muitas vezes de forma criminosa. Ninguém combate o crime com outro.
Vejam leitores e leitoras, que vivemos uma realidade muito complexa, no mundo da política, da economia, da segurança publica, do trafico de drogas, da fragilidade das instituições, etc.
O que fazer? De que necessitamos hoje? Creio que necessitamos de lideranças corajosas, vocacionadas, capazes, voltadas realmente para os dramas humanos e dispostas a fazerem acontecer o novo. Até agora tem nos faltado líderes.