18 de março de 2012

Nossa realidade brasileira.

A nossa realidade brasileira vive das mais drásticas desigualdades sociais. O Brasil aparece como o país do carnaval, do futebol, das melhores praias, o sol, etc. na verdade, esta é uma parte da realidade reservada a poucas pessoas, as chamadas classes mais abastadas.
 O país também aparece por outras situações. A violência, por exemplo, que não era da região nordeste, agora presente entre nós, se manifesta para todo Brasil.
É verdade que temos crescido muito em tantos aspectos, mas a distribuição dos recursos é completamente desigual. As bolsas para a população brasileira mais carente faz com que as mais acomodadas se acomodem sempre mais. Por isso é necessário que cada comunidade local, através das prefeituras, busque a criatividade e as alternativas para que se consiga a superação da miséria, para além das esmolas, ainda muito gritante nas populações das periferias das cidades.
Vejo, neste momento no site Focando a Noticia, que um morador de rua é morto sem chance de defesa em Joao Pessoa. No mesmo site, aparece um movimento nacional, da pastoral do povo de rua. Trata-se de uma  assembleia que acontece dentro de um contexto de extrema violência cometida contra pessoas que se encontram em situação de risco, na rua. Recentemente, em Brasília, jovens atearam fogo em dois moradores de rua, provocando a morte de um deles. Em Tabatinga, mais duas pessoas foram mortas a tiros. No último dia 10, em Campo Grande (MS), outro morador de rua foi queimado, enquanto estava amarrado numa árvore. Casos assim demonstram o quanto essa população está vulnerável, invisível e precisa urgentemente de políticas e ações que a protejam.
Que país é este que não consegue superar os seus graves problemas sociais? O dinheiro não falta! O que está faltando? Aplicar o dinheiro onde há as reais necessidades.
A igreja do Brasil este ano está olhando na Campanha da Fraternidade o tema “Fraternidade e Saúde Pública, exatamente para que se perceba como os estados e os municípios estão tratando da assistência aos doentes. Como se sabe, a verba existe por se tratar do dinheiro federal. O que não se sabe é como são  aplicados os recursos financeiros.
É do conhecimento de todos como a saúde agoniza deixando pessoas morrem sem a devida assistência nas filas dosa hospitais. A gravidade da saúde começa no péssimo atendimento dos profissionais, desde a recepção até assistentes sociais, enfermeiras, etc., além daquelas pessoas que ficam sem a oportunidade de um melhor atendimento ou são escolhidas para morrerem por causa da falta de vagas.
Ainda no Focando a Noticia, esta matéria poderá ser encontrada: “Um quarto das mulheres brasileiras sofre algum tipo de violência durante o parto”. Jamais se esperaria que a saúde brasileira chegasse a esse estagio crimino e desumano, que a violência estivesse presente até na hora do parto onde surgem para a vida novas criaturas.
Entre estas violências é possível encontrar mulheres que estão nas unidades prisionais que ficam algemadas na hora do parto. Há até um fato de um medico que discutiu com uma agente penitencia. O médico recomendou que a agente retirasse a algema da parturiente.
Se não existirem estes fatos que escandalizam e causam indignação eles não serão noticias.

10 de março de 2012

Dia internacional da Mulher


No dia 8 de março, o mundo lembrou a presença e atuação das mulheres. Um dia para relembrar as conquistas, frutos de uma luta travada para o crescimento da nossa sociedade.  Ao mesmo tempo, trata-se, pois, de uma data para ter presente os desafios que se encontram diante de nós em relação a todas as mulheres.
Vale salientar que a pessoa humana foi criada em condições de igualdade para que não houvesse discriminação e desigualdade, mas respeito e fraternidade entre todas e todos.
Lamentavelmente se desenvolveu uma cultura machista que ainda hoje em muitas partes do mundo mantem a mulher em condição de total desigualdade e indiferença, sobretudo em relação às famílias pobres.
Os fatos nos lembram de que as mulheres ainda ganham um salario inferior ao salario dos homens, apesar de trabalharem muito mais pelo fato de acumularem os serviços de casa com os serviços externos. Em casa a mulher ainda assume sozinha a responsabilidade de cuidar e educar filhos, sem muitas vezes contarem com a presença e colaboração efetivas dos esposos.
Um agravante na vida de nossas famílias está relacionado com a violência. Por incrível que pareça, um grande número de mulheres é tratada com violência em casa sem que se tenha conhecimento. O medo, a insegurança, a falta de perspectivas, entre outros fatores, fazem com que a mulher fique submissa a determinadas situações de sofrimento. O amor aos filhos, muitas vezes é um componente determinante para que isso se sedimente na vida de uma mulher.
Em nosso estado, se tem convivido com uma grave situação: o numero de mulheres assassinadas tem crescido muito, enquanto cresce de forma assustadora o numero de mulheres presas.
As prisões femininas, como se trata de um fenômeno novo, as mesmas vivem situações até piores do que nas prisões masculinas, no seguinte sentido: quando se constrói uma unidade nova para os homens, porque aquela já não reunia condições para ali se conviver, acaba ficando como espaço destinado para as mulheres. Exemplo desta natureza é o presidio de Patos que sempre teve uma péssima estrutura que abrigava presos provisórios e condenados e que hoje está ocupado pelo semiaberto e pelas mulheres, salvo engano.
Um dia dedicado às mulheres, além do dia das mães é para lembrar a presença da mulher que jamais poderá ser esquecida no seio da família. Com a sua ausência a casa não é a mesma. Sem ela o mundo seria muito mais desumano. Ela é para os seus filhos  o que diz Charles Chaplin:
“Preciso de Alguém Que me olhe nos olhos quando falo;
Que ouça as minhas tristezas e neuroses com paciência;
E, ainda que não compreenda, respeite os meus sentimentos;
Preciso de alguém, que venha brigar ao meu lado sem precisar ser convocado.”
O mundo não pode ser dos mais esperto e muito menos só dos homens mas de todas as pessoas humanas pois por natureza e convicção as mulheres foram mais privilegias com sentimentos de solidariedade.

Olhemos o sistema Prisional.


O sistema penitenciário do Brasil tem apresentado cada vez mais traços de decadência. O numero de pessoas presas tem crescido assustadoramente. Não resta duvida de que dispomos de duas justiças: uma que castiga a vida dos pobres com a prisão e a outra que facilita a vida das pessoas ricas. Não resta duvidas para qualquer pessoa consciente que quem dispõe de prestigio e dinheiro vai dispor também de privilégios.
 Em nosso estado, o numero de mulheres presas cresce para além do normal. Quem visita o Bom Pastor, em Joao Pessoa, como estive lá recentemente, vai encontrar uma cela que comporta seis camas, estão 23 mulheres que dormem no banheiro. Isso mais do que prisão é tortura, é inferno. A imensa maioria está provisória, esperando uma posição da justiça, que não se posiciona por inúmeras razões, inclusive a falta de estrutura. É um ciclo vicioso onde se tem a sensação da inoperância de nossas instituições. Alguém me falava nestes dias de um jaboti de pernas para cima. É a imagem de algo estagnado ou que mal se move.
Na Paraíba, o secretario do Espirito Santo veio fazer uma exposição e colocar os avanços daquele estado na área prisional. Há noticias de que se tem melhorado a estrutura física, mas, depois de sua passagem por aqui, onde se discutiu novos paradigmas para o sistema, as denuncias de violência e tortura se espalhou na internet. A pastoral carcerária nacional tem divulgado os vídeos onde presos são torturados no Espirito Santo.
O que se percebe é que se tem um discurso nas diversas esferas. O governo federal tem as suas estruturas com um discurso na linha dos direitos humanos, que dispõe até de uma secretaria, mas tudo profundamente distante das praticas da vida.
Todos os dias as prisões são obrigadas a receberem mais pessoas presas sem que haja espaço. Constata-se com a maior facilidade que ninguém sai da prisão, por isso, superlotação é o dado mais real que se pode constatar.
Na área da segurança e do sistema prisional, ninguém mais do que o estado descumpre as suas obrigações. A LEP (Lei de Execução Penal) é diariamente descumprida pelos que cuidam das unidades prisionais. As assistências nem por longe estão para serem cumpridas. Na realidade, infeliz é a pessoa que cai em uma prisão. A constatação é muito clara: nunca se prendeu tanto como hoje no Brasil. Há uma frase que mostra o nosso fracasso enquanto nação: O Brasil prende muito e prende em péssimas qualidades. Em nossa Paraíba são cinco mil vagas para oito mil pessoas detidas. O outro dado da realidade é que o Brasil está prendendo as pessoas pobres e negras. A prisão no Brasil é outra forma de escravidão. Os nossos jovens, pobres e negros estão entre as mais de 500 mil pessoas presas nos mais variados lugares do país.
O que está sendo feito? Sem pessimismos e otimismos, apenas os estados procuram manter a mesma realidade sem nenhuma ousadia para uma realidade que apenas se agrava. Falta a sensibilidade e a coragem. Um dia o nosso país será julgado pelas nações futuras como um país carrasco, desumano e incessível por manter tamanha aberração sem buscar meios para reverter o quadro de criminalidade vigente. Somos imbecis quando pensamos que a violência diminui com as prisões. Não precisa sem cientista social para perceber que o contrario acontece.

Oração, jejum e caridade.


Quaresma 2012:
No tempo da quaresma somos chamados a uma pratica diferente em relação a nós mesmos a Deus e ao próximo.  Em relação a cada pessoa, é através do jejum que vamos estabelecer as relações com tudo aquilo que está ao nosso redor: não só em relação à comida. O jejum significa uma experiência para que possamos testar a nossa liberdade. Só o ser humano tem esta capacidade de não se deixar escravizar.
Quando pelo jejum a pessoa se sente capaz de ter domínio sobre si mesma, começa outra etapa que é o nosso relacionamento com o próximo através da caridade. Se não sou egoísta diante daquilo que tenho, posso tranquilamente partilhar com o outro de forma justa e fraterna.
Esta temática da quaresma nos põe diante de uma triste realidade: a questão da desigualdade social. Somos todos filhos do mesmo Pai, e, portanto, com a mesma dignidade Deus nos criou porem, em nossas relações vivemos em realidades extremadas. Enquanto alguns poucos esbanjam e até morrem porque comem demais, a imensa maioria morre porque não come sequer o necessário. Vivemos, assim, o drama dos que enriquecem porque empobrecem os outros. Assim, a caridade não é dar esmola, mas devolver ao outro o que lhe pertence. Se algo nos sobra não é nosso, na verdade, temos direito àquilo que necessitamos para a nossa sobrevivência. Nesta logica prevalece o que a igreja já nos lembrou nos anos 70: temos pessoas cada vez mais ricas à custa de pobres cada vez mais pobres. Agora com uma grande diferença: os pobres estão sendo mortos, isto é, alguém se dá o direito eliminar seu próprio semelhante.
Por fim, mas não por ultimo, o tema do relacionamento com o Pai na oração. O tempo da quaresma é o tempo favorável da relação com Deus, àquele que nos amou por primeiro. A oração é o alimento que nos faz caminhar para chegar ao Pai. Assim, não se reza para Deus resolver os nossos problemas. Reza-se para adquirir as forças necessárias que nos impulsionam para chegarmos a Deus e à realização do seu reino.
O mais importante é que esta pratica aconteça da forma mais silenciosa possível para que a recompensa venha do próprio Pai que está no céu. Se a nossa finalidade imediata é que os outros nos vejam, já recebemos a recompensa de termos sido vistos e elogiados por alguém.
A quaresma está ligada às tradições do deserto: lugar de provações, mas também lugar escuta, de meditação e de encontro com Deus. Assim, não podemos perder as ocasiões que Deus nos oferece. Como a vida não nos pertence, mas a Deus que nos cria, devemos aproveitar o tempo da graça e da salvação. Manter uma vigilante relação consigo para que possamos fazer a vontade de Deus acima de tudo e não a nossa, redobrar os cuidados no atendimento ao outro que é imagem do criador e acima de todas as preocupação o amor a Deus, sem o quais não poderíamos sobreviver neste com tranquilidade e paz.
É verdade! Se conseguirmos nos apoiar neste tripé, certamente mudaremos os nossos velhos costumes que tanto nos atrapalham e nos impedem de progredirmos no conhecimento de Jesus e de sua palavra.

As cinzas.

Quaresma 2012-
Depois do carnaval, são inúmeras as pessoas que comparecem às igrejas para a imposição das cinzas. Entre elas estão aquelas que vão habitualmente para a missa dominical; outras raramente aparecem na igreja: cinzas, semana santa, natal, ano, procissão do padroeiro.
A cinza, ela por ela não serve para perdoar os pecados do carnaval, caso eles tenham acontecido.
Na bíblia, a cinza é sinal de conversão e arrependimento. O seu uso externo lembra uma decisão interior, um voltar-se a Deus de coração contrito. Ela representa a dor, o luto e a tristeza, que significam sinal de conversão.
Na quarta feira de cinzas, quando a cinza é imposta sobre a nossa cabeça, duas palavras podem ser ditas pelo ministra que impõe a cinza: “Convertei-vos e crede no evangelho”; “lembra-te que tu és pó e em pó te hás de tornar”.
A primeira palavra deve ser um programa de vida para cada pessoa cristã. Converter-se, isto é, mudar, refazer-se, transformar-se, etc. tudo isso deve ser a preocupação fundamental de cada pessoa. Afinal de contas somos uma obra eterna, porque aberta para Deus, mas inacabada, ou seja, em permanente transformação. Se nós não conseguimos nos superar, também não nos realizaremos como pessoa criada para Deus. A conversão é um convite frequente para sermos o que ainda não somos. Deus nos convida constantemente e espera com alegria a nossa volta. Enquanto não nos convertemos nos mantemos distantes do criador. A bíblia está cheia de convites de Deus e de exemplos de conversão e não conversão.
Na primeira palavra ainda encontramos um convite para que acreditemos no evangelho. Acreditar no evangelho é acreditar no próprio Jesus, e mais do que isso, é encontra-lo. O evangelho é a pessoa do próprio de Jesus que se apresenta, fala, realiza as ações e nos convida a irmos com Ele. Nenhuma outra palavra, dita por quem quer que seja é tão grandiosa e edificante para a Palavra de Deus comunicada em Jesus: Ele é o Verbo que se fez carne. Acreditar no evangelho é entregar a vida a Deus com total confiança para que Deus nos molde, com a nossa colaboração, como o oleiro transforma o barro em obras de arte.
A segunda palavra sobre o pó trata de uma realidade que de um lado assusta, mas do outro lado nos traz confiança. A nossa vida aqui é pó, isto é, nada tem durabilidade, inclusive o nosso corpo material que com o passar do tempo vai cada vez mais definhando até ao nosso momento final. Somos pó nos faz pensar que não somos mais que criaturas e que tudo se desgasta e se desfaz.
A caminhada quaresmal faz-nos lembrar de que o povo de Israel vivia em tendas, com total provisoriedade. Temos assim a herança de um que está em constante peregrinação, sempre a caminho.

Quaresma (2012

Depois do carnaval vamos iniciar o tempo da quaresma com a celebração das cinzas. O que chama a nossa atenção no tempo quaresmal?  Trata-se de um momento de 40 dias que nos faz pensar o tempo em que o Povo de Israel passou pelo deserto, saindo da escravidão do Egito para a terra prometida. Deus quis purificar o seu povo através de um longo caminho para que pudesse chegar a uma nova mentalidade.
Relembramos também o tempo refeito por Jesus durante 40 dias  no deserto depois de batizado por João no rio Jordão.
O povo que caminhou não conseguiu superar os obstáculos e vícios, isto é, não se libertou o tanto quanto Deus esperava. Jesus, ao contrario, que é o novo Adão, o novo povo e o novo Moises, conseguiu vencer todas as tentações e provações, saindo inteiramente vitorioso, para mostrar assim a toda humanidade que é possível seguir e vivenciar o caminho da fidelidade a Deus. O livro do Êxodo é exatamente o texto que descreve todo esse caminho do povo. Nele está manifesta a fidelidade de Deus para com o seu povo, apesar da infidelidade do povo para com o seu Deus.
Para os nossos dias, o tempo da quaresma deve ser vivenciado como um grande momento de avaliação da nossa vida. Como se sabe, até as casas de comercio fecham para um balanço. Isso ocorre muitas vezes em momentos específicos como final de ano, ou outros que se ache oportuno. Assim, o ser humano tem necessidade de rever seu caminho, para identificar falhas, corrigir defeitos e estabelecer metas.
Como vivemos em um grande barulho ao nosso redor e dentro de nós, o tempo quaresmal deve ser para um momento de olhar as ações em torno da exterioridade e da vida interior. É tempo de corrigir os acidentes de percurso e reorganizar o rumo a ser seguido. Cada pessoa, no seu ritmo e dentro de sua estrutura, verá como cumprir um programa que atenda a esta demanda. Quem não é capaz de parar, avaliar, reconhecer e tomar um novo caminho também não será capaz de crescer. Como o ser humano é algo em constante movimento, morre antes quem não trilha o seu caminho.
Estamos também habituados a pensar a quaresma como tempo de perdão. De fato, não se vive um momento novo, de pascoa e ressurreição, com uma divida da qual não se consegue se livrar. A exemplo de Deus que perdoa infinitamente ao seu povo, cada pessoa é chamada a trabalhar em sua vida o tema do perdão.
Anda intimamente ligo ao perdão o tema da reconciliação. Se de um lado o perdão parece uma atitude teórica, a reconciliação é a concretização de uma vida perdoada.
A reconciliação é também o caminho para uma vida fraterna e comunitária. Uma pessoa será sempre uma ameaça para a outra quando não existe uma vida reconciliada. Além do mais, também temos que nos reconciliar com a nossa vida pessoal e com a nossa historia. Ao longo da nossa vida cada pessoa vai realizando ações que não deveriam acontecer e que contrariam sua própria vontade e a vontade de Deus. Todas as pessoas, na realidade, passam pela experiência de fazerem ou dizerem o que não deveriam. Depois dos fatos, o que fazer? Temos que ter misericórdia não só com os outros, mas cada pessoa consigo mesma, para se reconciliar com a sua historia e com seus sofrimentos. Quem assim não proceder sofrerá infinitas vezes e até poderá sofrer para o resto da vida. Esta reconciliação não significa esquecer ou fazer de conta que nada de grave aconteceu. Significa restabelecer a paz com os outros, sempre que possível, consigo e assumir o compromisso de uma vida reconciliada.