10 de março de 2012

As cinzas.

Quaresma 2012-
Depois do carnaval, são inúmeras as pessoas que comparecem às igrejas para a imposição das cinzas. Entre elas estão aquelas que vão habitualmente para a missa dominical; outras raramente aparecem na igreja: cinzas, semana santa, natal, ano, procissão do padroeiro.
A cinza, ela por ela não serve para perdoar os pecados do carnaval, caso eles tenham acontecido.
Na bíblia, a cinza é sinal de conversão e arrependimento. O seu uso externo lembra uma decisão interior, um voltar-se a Deus de coração contrito. Ela representa a dor, o luto e a tristeza, que significam sinal de conversão.
Na quarta feira de cinzas, quando a cinza é imposta sobre a nossa cabeça, duas palavras podem ser ditas pelo ministra que impõe a cinza: “Convertei-vos e crede no evangelho”; “lembra-te que tu és pó e em pó te hás de tornar”.
A primeira palavra deve ser um programa de vida para cada pessoa cristã. Converter-se, isto é, mudar, refazer-se, transformar-se, etc. tudo isso deve ser a preocupação fundamental de cada pessoa. Afinal de contas somos uma obra eterna, porque aberta para Deus, mas inacabada, ou seja, em permanente transformação. Se nós não conseguimos nos superar, também não nos realizaremos como pessoa criada para Deus. A conversão é um convite frequente para sermos o que ainda não somos. Deus nos convida constantemente e espera com alegria a nossa volta. Enquanto não nos convertemos nos mantemos distantes do criador. A bíblia está cheia de convites de Deus e de exemplos de conversão e não conversão.
Na primeira palavra ainda encontramos um convite para que acreditemos no evangelho. Acreditar no evangelho é acreditar no próprio Jesus, e mais do que isso, é encontra-lo. O evangelho é a pessoa do próprio de Jesus que se apresenta, fala, realiza as ações e nos convida a irmos com Ele. Nenhuma outra palavra, dita por quem quer que seja é tão grandiosa e edificante para a Palavra de Deus comunicada em Jesus: Ele é o Verbo que se fez carne. Acreditar no evangelho é entregar a vida a Deus com total confiança para que Deus nos molde, com a nossa colaboração, como o oleiro transforma o barro em obras de arte.
A segunda palavra sobre o pó trata de uma realidade que de um lado assusta, mas do outro lado nos traz confiança. A nossa vida aqui é pó, isto é, nada tem durabilidade, inclusive o nosso corpo material que com o passar do tempo vai cada vez mais definhando até ao nosso momento final. Somos pó nos faz pensar que não somos mais que criaturas e que tudo se desgasta e se desfaz.
A caminhada quaresmal faz-nos lembrar de que o povo de Israel vivia em tendas, com total provisoriedade. Temos assim a herança de um que está em constante peregrinação, sempre a caminho.