5 de novembro de 2015

EVANGELIZAÇAO

Evangelização e Dimensão Social


Na igreja do Brasil existe um esfriamento sobre as questões sociais. A Doutrina Social da Igreja parece não ser mais necessária. Parece um desencanto ou uma indiferença para essas questões. Ao que parece, a igreja não tem mais nada a dizer a respeito e as questões pertinentes nesse campo competem a alguns grupos chamados de pastorais sociais.
Devemos nos perguntar:  A igreja ainda deve ir no mundo todo? Pode-se fazer evangelização sem levar em conta a realidade das pessoas? Podemos cuidar da oração e do espiritual sem olhar as situações que envolvem a vida das pessoas? Qual é a religião que agrada a Deus?
A pessoa crista não tem como viver distanciada da dimensão social. A missão da igreja acontece no mundo e não distante dele. “Ide pelo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”, disse Jesus.
O papa Francisco nos diz na Alegria do Evangelho que evangelizar não consiste simplesmente em pregar, mas “tornar presente o Reino de Deus presente no mundo”. Isso implica, necessariamente, em uma ação, atitudes, gestos, testemunhos, etc.
O querigma, que conhecemos como o anuncio, lembra o papa que o mesmo tem inevitavelmente uma dimensão social. No coração do evangelho aparecem: a vida comunitária e o compromisso com o próximo.  Números 176-177.
Existe uma forte tendência, sempre, de fazer essa separação entre fé e vida, Deus e mundo, evangelização e dimensão social. Para o papa, não pode e nem tem como fazer essa separação. O evangelho é um anuncio encarnado e direcionado a pessoas que se devem transformar e transformar o meio em que vivem.
Por inúmeras vezes e em todos os ambientes eclesiais se fala da conversão. O papa chega a nos dizer que “a conversão cristã exige rever especialmente tudo o que diz respeito à ordem social e consecução dos bem comum”. Número 182.
É bom ressaltar que entre nós a conversão é algo tão íntimo e tão pessoal que nem acontece uma vez que a conversão tem a ver exatamente com mudança de mente, de coração e de vida, o que exige de todos algo da pratica do dia a dia na relação da pessoa consigo mesma, com Deus e com o próximo.
Uma pessoa que se diz crista mas ainda se encontra com uma mentalidade religiosa voltada para si, como mera obrigação de práticas estritamente pessoais, não entendeu ainda a proposta que Jesus viveu e ensinou. O papa ainda nos recorda: “ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a intimidade secretadas pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre acontecimentos que interessam aos cidadãos. Número 183.
Quando Jesus fala da missão de pessoas cristas batizadas diz examente o seguinte: “Vocês são o sal da terra e a luz do mundo”. A missão está sempre para fora e para além dos espaços fechados de nossas instituições. Felizmente, mesmo na contestação de alguns, o papa Francisco está indicando o caminho que o igreja e a vida cristã devem seguir, trazendo presente tudo o que já foi dito pela Antigo Testamento quando se refere à religião que agrada a Deus, que não se trata de um culto vazio, sem preocupação com a vida das pessoas. Somos chamados a pensar qual é o alcance da nossa pratica cristã no ambiente que nos cerca. “O divórcio entre a fé professada e a vida cotidiana deve ser enumerado entre os erros mais graves de nosso tempo.” (Gaudium et Spes, 43).