4 de outubro de 2013

Visita do Papa Francisco.



O papa Francisco estará em breve no Brasil. É a sua primeira visita internacional. Quando cardeal da Argentina, o mesmo ficou no Brasil por vários dias em 2007 enquanto participava da Conferencia do CELAM (Conselho Episcopal Latino Americano) em Aparecida.
As expectativas são muitas. Afinal, a visita de um papa não acontece a qualquer momento. Além do mais, o papa tem chamado a atenção do mundo pela sua simplicidade e pela sua fala sobre a vida cristã.
O papa vem para uma Jornada Mundial da Juventude. É importante que se pense nessa realidade dos jovens não só como preocupação, mas como esperança de vida. A realidade é difícil, mas a certeza de que algo novo vai sempre acontecendo não nos pode faltar.
A juventude no Brasil, que não é mais maioria da população como nos anos 80, carrega consigo inúmeros sofrimentos que não são objetivamente enfrentados, pois não há receita pronta. Uma chaga que tem marcado de forma negativa os nossos jovens é a droga.
As drogas lícitas (como álcool e o cigarro) abrem as portas, salvas as exceções, para as drogas ilícitas que geram dependências de forma muito rápida. Para manter o vicio, os jovens partem para outros crimes como roubos e furtos. Por isso o dependente passa a ser tratado pelo crime cometido e não pelo vício em si.
Como é do conhecimento de todos, a dependência de álcool e de outras drogas passa a ser uma doença que não é curada e, portanto, a situação cada vez mais cresce e nunca chega a seu término. Os milhões de reais gastos no combate às drogas é dinheiro que vai pelo ralo porque não se faz um trabalho preventivo como também não se trata o dependente. Fora as Fazendas da Esperança que fazem um trabalho de acolhimento, mas lhes falta um acompanhamento técnico-científico.
As unidades prisionais brasileiras abrigam a imensa maioria de jovens. Após os 18 anos os jovens são jogados nas prisões. Lá eles se profissionalizam no mundo do crime, não por culpa deles, mas pelo sistema penitenciário que assim está organizado. Conheço uma professora de um dos presídios que está dando aula a um aluno onde existem trezentos ou mais presos. Claro que existem outros com outras professoras, mas você ter uma professora dando aula para um aluno é algo que chama a nossa atenção. O ensino é algo que ajuda de forma significativa no processo educativo contra o crime, mas segundo dados estatísticos, só em torno de dez por cento da população encarcerada frequenta a escola nas prisões. Essa realidade não pode ser escondida e esquecida quando acontece um encontro internacional da juventude no Brasil. Como o Brasil está tratando seus jovens nas prisões? Cumprir a pena é uma obrigação de cada pessoa sentenciada desde que justa. Os nossos jovens pobres e analfabetos são condenados de forma injusta muitas vezes. A sentença já é assinada na delegacia quando se incrimina pelos artigos citados sem a presença de um defensor que os assista. A partir dai, além da condenação injusta, passa a pessoa presa ser submetida a tratamento cruel e desumano. É assim que é tratada a imensa maioria da população encarcerada. Você não tem agentes educativos, mas agentes de segurança em um sistema falido e sem segurança alguma.
Pois bem, o papa Francisco que é um conhecedor da realidade social pelos contatos que tinha antes de papa e depois de papa celebrando na prisão dos adolescentes em Roma provavelmente tocará nessas questões.
Vale salientar que o encontro da juventude no Rio de Janeiro não pode ter um caráter apenas festivo como se a juventude estivesse no paraíso. Temos problemas gravíssimos também no mundo da educação e da profissionalização de nossa juventude. A ida dos jovens às ruas cobrando direitos é sinal de esperança.