9 de outubro de 2013

QUERIGMA


O querigma precede a catequese"O querigma é uma lacuna grave na Igreja: lacuna mental porque não se tem idéia clara sobre ele, e lacuna prática porque não se cumpre de forma sistemática, completa e a todos, como oferta ordinária das paróquias". (Pe Alfonso Navarro MSpSC - introdução caderno de estudo-exortação apostólica CATECHESI TRADENDAE - outubro de 1979).
Ainda hoje  o querigma continua sendo  uma lacuna em nossa Igreja. Sabemos através dos documentos e o de Aparecida é bem claro no número 289, quando diz: “sentimos a urgência de desenvolver em nossas comunidades um processo de Iniciação Cristã que comece pelo querigma e que, guiado pela Palavra de Deus, conduza a um encontro pessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem, experimentado como plenitude da humanidade e que leve à conversão, ao seguimento em uma comunidade eclesial e a um amadurecimento de fé na prática dos sacramentos, do serviço e da missão.”Antes, no número 278 diz: “O querigma não é somente uma etapa, mas o fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo de Jesus Cristo. Sem o querigma, os demais aspectos desse processo estão condenados a esterilidade, sem corações verdadeiramente convertidos ao Senhor. Só a partir do querigma acontece a probalidade de uma iniciação cristã verdadeira. Por isso, a Igreja precisa tê-lo presente em todas as suas ações”
O autor do livro  ‘Evangelizar os Batizados’, José Prado Flores,  diz que: “Querigma deve preceder a catequese. Que  o querigma é o primeiro anuncio de Jesus e que a catequese é o ensino progressivo da fé. Se o querigma é a forte badalada do sino, a catequese é o eco da badalada. A catequese prolonga o anúncio querigmático. A catequese, para produzir fruto abundante que permaneça, deve estar em seu lugar: SEMPRE DEPOIS DO ANÚNCIO QUERIGMÁTICO.”
Na teoria, acho que isso já está claro pra nós. Mas, na prática, como abordar uma pessoa, como  anunciar Jesus? Seria ótimo se os catequistas fossem capacitados para “anunciar”, que aprendessem numa “escola para evangelizadores” os passos do querigma e em seguida praticassem através das visitas.
Abaixo, deixo umas pinceladas dos passos do querigma. Lembrando que  usei a apostila da escola de evangelizadores da Capelinha (minha paróquia) para fazer esse resumo dos passos do querigma.
PASSOS DO QUERIGMA
I - O AMOR DE DEUS
Deus te ama muito. Não importa o que tenha sido ou seja no presente: seus pecados, vícios ou defeitos. Te ama com suas qualidades e defeitos. Mesmo todo fracasso, problema e até pecado em sua vida são agora uma oportunidade para que você experimente seu amor, que é sempre fiel. Te ama não porque você é bom, mas porque Ele é bom. Não pelo você faz, mas pelo que você é: FILHO DELE.
ELE TE AMA INCONDICIONALMENTE, PORQUE É AMOR.
Ama a pessoa do pecador e odeia o pecado nele. (Nós odiamos o pecador com pecado e tudo, somos cheios de colocar imposições para amar).
“Os montes podem mudar de lugar, e as coisas podem abalar-se, mas o meu amor não mudará” (Is 54,10)
Objetivo desse passo: Que cada um experimente o amor pessoal e incondicional de Deus que é nosso Pai.
II - O PECADO
O que impede que em nosso mundo, se manifeste o amor de Deus e se realize seu plano de felicidade, paz e união, chama-se PECADO. Ele é a causa de todos os males. O pecado é esse impedimento que não nos permite experimentar o amor de Deus. Um passarinho não pode voar, se está atacado por uma corrente de aço ou por um delgado fio. Nós sabemos quem nos acorrenta. Assim, nós precisamos de alguém que desamarre o laço do pecado. Esse alguém é Jesus. O único pecado que não pode ser perdoado é o que não o reconhecemos. (Normalmente quando falamos do amor de Deus para as pessoas, automaticamente ela se reconhece pecador. “ Deus me ama tanto, eu não tenho feito isso, aquilo...”  No momento em que ele se reconhece pecador,  não vamos passar a mão na cabeça, mas vamos falar sobre aquele que nos liberta de todo pecado. O próprio visitado nos conduz ao terceiro passo do querigma: A SALVAÇÃO EM JESUS.)
Objetivo: Cada um deve ser convencido (não acusado) do pecado, de que é necessário da salvação. Dar-se conta de que nenhum homem pode tirar o pecado, que é causa de todos os males.
III – SALVAÇÃO EM JESUS
Deus nos ama, mas o pecado nos impede de experimentar esse amor. O amor, por si só não pode salvar. Quando não havia qualquer esperança de solução para o problema mais grave do homem, então brilhou uma luz nas trevas. Deus cumpriu sua promessa de salvação.
“Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,16-17)
Nenhuma condenação pesa sobre nós. Nossos pecados foram perdoados graças ao sangue de Cristo, que o pediu a seu pai quando estava pendurado na Cruz. “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Portanto, podemos nos aproximar de Deus, pelos méritos de Cristo. Deus não só perdoa, como esquece, perdoa para sempre. Quer dizer, não se recorda nunca mais de nossos pecados perdoados. Contamos com a força de Deus para vencer o pecado, e este perdeu já todo o seu poder de influência sobre nós.
Objetivo: Apresentar Jesus morto, ressuscitado e glorificado como única solução para o mundo e cada indivíduo. Proclamar que já fomos salvos pelo seu sangue.
IV – FÉ E CONVERSÃO
Se Jesus já nos salvou, porque então não experimentamos todos os frutos da salvação em nossa vida e em nosso mundo. O que nos falta, é aceitarmos e recebermos o que Jesus já conquistou para nós.
“Que devemos fazer para viver a vida de Jesus?” perguntou aquela multidão a Pedro na gloriosa manhã de Pentecostes. Toda aquela gente havia dado conta de que os apóstolos, juntamente com Maria, viviam a vida humana de tal forma que entusiasmavam os outros a querer viver também do mesmo modo. A resposta de Pedro foi simples: Creiam em Jesus, convertam-se de seus pecados, e então poderão viver a vida do filho de Deus ressuscitado. Fé e conversão constituem a única coisa de que nós necessitamos para viver a vida de Deus trazida por Jesus.
Quando cremos em Jesus, de verdade, nós subimos á cruz com Ele, morrendo a tudo aquilo que não nos deixa viver. Esse tipo de fé nos permite ver o invisível e esperar toda a esperança, já que tudo é possível ao que crê.
A mais concreta forma como se manifesta a fé é mediante a conversão.
Objetivo: Ter um encontro pessoal com Jesus Salvador pela fé e pela conversão.
V – O ESPÍRITO SANTO DE DEUS
Não muitos dias depois de sua ressurreição, Jesus, cheio do Espírito Santo, cumpriu sua promessa: enviou do céu a torrente do Espírito sobre seus discípulos que estavam em oração com sua Mãe Maria. O Espírito Santo lhes revelou quem era Jesus e lhes mostrou a verdadeira dimensão salvífica para  qual o Pai O havia enviado, ensinou-lhes o profundo significado das palavras do Mestre. A efusão do Espírito mudou seus corações de pedra em corações de carne; deu-lhes o mesmo coração de Jesus. Começaram a ter o mesmo sentimentos, interesses e critérios de Cristo. Desde então, Cristo vivia neles pela presença do seu Espírito.
A promessa do Espírito Santo é para todos. Cada um recebe de acordo com sua possibilidade e capacidade de recepção. Quanto mais aberto e necessitado se esteja, mais se receberá.
Objetivo: Apresentar o Espírito Santo que, ao mudar nosso coração, nos capacita para viver a Vida Nova e convencer-nos de que a experiência de Pentecostes é oferecida também a cada um de nós hoje.
VI – A COMUNIDADEA nova vida trazida por Jesus Cristo não pode ser vivida à margem dos demais. Tem de ser partilhada com os outros irmãos na fé aberta a todo homem. Por essa razão, a comunidade cristã não é opcional para o cristão, mas sim, a única maneira de se ser cristão completamente.
A comunidade não é uma estrutura, mas um ambiente de fé onde se faz efetiva e palpável a salvação de Jesus. Não consiste necessariamente em viver juntos, mas, sim, em viver unidos pelo vínculo do amor e por um objetivo comum: viver o Evangelho. Não está composta de santos e perfeitos, mas de pessoas que estão decididas a seguir em frente no seu processo de conversão.
Objetivo: Mostrar que só em comunidade poderemos crescer e perseverar na vida do Espírito.
Trocando em miúdos, o querigma é essa concatenação dos  seguintes passos, que não precisa ser necessariamente ser nessa ordem. Muitas vezes, o evangelizando conduz o evangelizador. Eu sempre gosto de começar usando a passagem bíblica, Isaias 43, 1-5. Não há quem resista a tamanha declaração de amor.
DEUS TE AMA, com amor incondicional, mas teu PECADO te impede de sentir esse amor. Entretanto, Ele já te perdoou e LIBERTOU pela morte e ressurreição de Cristo Jesus. A única coisa que você deve fazer é crer, ter FÉ e CONVERTER-SE a fim de receber seu amor, que é o ESPÍRITO SANTO e possa viver na família de Deus, fazendo parte da COMUNIDADE.
Imaculada Cintra
Postado por Bíblia e Catequese às 09:28 1 comentários  Enviar por e-mailBlogThis!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar no OrkutLinks para esta postagemMarcadores: Animação Bíblico-Catequética nos Novos Tempos


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