4 de outubro de 2013

Missão da Pastoral Carcerária



Muitas pessoas perguntam qual é a missão da pastoral carcerária. O que vocês fazem no presídio? Esta pergunta, aparentemente simples, é de fundamental importância. A primeira grande missão da pastoral é a visita. Em se tratando da pessoa presa, quem não tem coragem para visitar não tem como fazer pastoral carcerária: pode sim, colaborar em outros serviços que a pastoral deve articular. Outras pastorais, como a pastoral dos enfermos, têm também  a visita como algo fundamental.
Há pessoas que contestam o trabalho da pastoral e tentam nos desqualificar, mas é bom lembrar que concordemos ou não, ali na unidade prisional está uma comunidade constituída, sobre a qual o estado tem obrigações e, por consequência, a sociedade e as igrejas também devem se sentir cada vez mais responsabilizadas pela vida daquela comunidade. As paróquias não podem fechar os olhos para presídios e cadeias ou outros ambientes onde estão pessoas privadas de liberdade. Se quisermos um mundo sem ou com menos violência, temos que trabalhar uma cultura de paz indo ao encontro da população.
Hoje é evidente que uma das condições para evangelizar é poder visitar e ir ao encontro das pessoas para encontra-las em seus respectivos ambientes.
É bom lembrar que a bíblia está cheia de visitas. Em uma simples pesquisa poderemos encontrar esses textos: Deus visita Abraão através de três mensageiros acolhidos por ele; através de anjos Deus visita e se comunica com muitas pessoas: a luta de Jacó com o anjo, Zacarias, Maria, José etc.
Maria é aquela que depois de falar com o anjo vai apressadamente pela região montanhosa para visitar a sua prima Isabel.
O nascimento de Jesus é a visita especial de Deus ao seu Povo, cumprindo assim as promessas que havia feito aos seus descendentes.
Em sua missão Jesus deixa a sinagoga e vai de casa em casa visitando as pessoas. Prega em casa e ao visitar manifesta o desejo de ir até a casa como no caso de Zaqueu. Ao encontrá-lo, Jesus manifesta o desejo de ir visitá-lo.
Além desses textos o nosso clássico de Mateus 25 no qual Jesus se manifesta na condição da pessoa presa, doente, e nela, deseja ser visitado. A pastoral carcerária só se desenvolve a partir da visita. Indo, posso ver a situação, conhecer, identificar as necessidades e agir a partir delas.
A ação primordial da visita a uma unidade prisional é a escuta. Pessoas que não sabem ficar caladas terão dificuldades para fazerem essa pastoral. Ao contrario do que se pensa que a ação pastoral é para levar Jesus, converter as pessoas, pregar, chamar a atenção dos que erram, a pastoral quer escutar: sem julgar, sem condenar, sem recriminar. O dialogo e as orientações chegarão a momento posterior. O contato, a confiança, sem privilegiar ninguém (nem presos nem funcionários) abre os caminhos para o contato com o mundo exterior. Familiares, advogados, juízes, promotores, direção das unidades, secretários de estado, defensores públicos. Todos os que se encontram envolvidos no sistema prisional são destinatários também da ação da pastoral.
Para que tudo isso se torne mais claro, não é suficiente a vontade de ir visitar por pena ou curiosidade. Ninguém deve fazer visitas através da pastoral carcerária, sem fazer a sua formação. A pastoral já dispõe de muito material no seu site nacional como também nas dioceses pelo Brasil a fora.

pebosco@yahoo.com.br