13 de março de 2011

O jejum

Tradicionalmente a pratica do jejum não passa de um mero sacrifício, isto é, a renúncia a uma das refeições do dia ou comer menos naquele dia. Esta pratica que nos anos idos era mais freqüente durante a quaresma, passou a ser praticada apenas na quarta feira de cinzas e sexta feira da paixão.
O jejum na realidade faz parte do tripé adotado todos os anos para a espiritualidade quaresmal:
Rezar para que através da oração a criatura se relacione com o criador;
Jejuar para cada pessoa testar a capacidade de se relacionar consigo mesma;
Fazer caridade como forma de se relacionar com o próximo.
Na verdade, estas práticas, uma não se separa da outra.
Aqui no caso especifico, precisamos identificar melhor em que consiste a pratica do jejum. Vamos aprender com o Profeta Isaias, capitulo 58 o que o mesmo já anunciava sobre o verdadeiro jejum.
Em primeiro lugar aparece uma reclamação do povo que se humilha e Deus não lhe dá atenção. O povo se questiona porque foi que jejuaram e Deus não olhou para ele. Esta reação nos dá a impressão que o povo esperava, como mágica, uma recompensa pelo jejum praticado. Esse hábito de ser recompensado por Deus por qualquer gesto ou oração é muito comum ainda nos nossos dias.
Em segundo lugar temos a resposta de Deus. “Acontece que, mesmo no dia de jejum, só cuidais dos vossos interesses e continuais explorando os trabalhadores. Acontece que jejuais criando caso, brigando e esmurrando.”
Aqui se percebe que o jejum é um gesto meramente exterior, uma simples fachada, sem nenhuma mudança na vida e no comportamento. Continuam brigando e explorando os trabalhadores.
Em terceiro lugar, Deus questiona:
“Será este o jejum que eu prefiro, um dia em que a pessoa se humilha: Curvar o pescoço como vara, ou deitar na cinza vestido de luto? É a isso que chamais de jejum, um dia agradável ao SENHOR?
Acaso o jejum que eu prefiro não será isto: acabar com a injustiça qual corrente que se arrebenta; acabar com a opressão qual canga que se solta; deixar livres os oprimidos, acabar com toda espécie de imposição?
Não será repartir tua comida com quem tem fome? Hospedar na tua casa os pobres sem destino? Vestir uma roupa naquele que encontras nu e jamais tentar te esconder do pobre teu irmão?”
No questionamento de Deus está descartado o jejum habitual. É a isso que chamais de Jejum? Em seguida, aparece o sentido do verdadeiro jejum agradavel. É necessario acabar a injustiça, a opressão; libertar quem está em situação de opressão; eliminar todas as imposições; repartir a comida; hospedar pobres sem destino; vestir os nús; e nunca se esconder do pobre.
Aqui, na realidade, o jejum é a pratica da caridade no sentido mais profundo e mais amplo da palavra, diferentemente da esmola tida como caridade. O jejum é um comprometer-se totalmente com a outra pessoa de tal maneira que se assume a situação dela, entregando-lhe o que mais se gosta de comer para saciar-lhe a fome.
Talvez seja util dizer que a vida da pessoa cristã realmente se resuma em duas preocupações: a dedicação ao proximo para mostrar a predileção e o amor por Deus.