8 de julho de 2010

PASTORAL CARCERÁRIA- COORDENAÇÃO NACIONAL CNBB


- CONFERFNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

O QUE É A PASTORAL CARCERÁRIA?

I.) PRISÕES CHEIAS!

As prisões do pais estão superlotadas com mais de 130.000 presos, na sua maioria jovens! Não há lugar onde colocar os novos presos que chegam todos os dias. Muitos governos estaduais planejam construir novos presídios para comportar a demanda!
Se existe uma classe de gente desprezada e odiada por quase todos, hoje em dia é a classe dos presos, por tanto mal que praticaram e por terem feito outras pessoas sofrerem às suas mãos!
Daí a maioria do povo não gosta dos presos. Não quer nem saber! A maioria do povo sente e fala sem refletir, em termos de vingança e até de eliminar o bandido. Volta e meia o pessoal diz que o país precisa ter a pela de morte para o bandido! (Estamos cansados de ouvir este refrão de seis em seis meses!) – Pois é: quando o assunto é “preso”, é muito fácil esquecer de Jesus e o que Ele acha dos presos e dos que tem errado e feito o mal contra outras pessoas.
Presença de Cristo – Por isso, a Pastoral Carcerária tenta ser a presença de Cristo nos Cárceres e faz todas aquelas atividades que a presença de Jesus no meio dos presos exige. Jesus nos revela, a todos nós, a verdade sobre o homem, mesmo o homem preso: que, apesar da aparência, o preso é, sim senhor, filho de Deus, nosso irmão, e a sua pessoa e vida também são dons de Deus, e que o preso não pode ser esquecido ou esmagado. A Pastoral Carcerária tenta ser, simplesmente, a presença de Cristo nos Cárceres. E, isso nos leva a empreender muitas atividades diversas, conforme a necessidade / realidade dos presos e do sistema local. Mas, o coração da Pastoral Carcerária é sempre a Pessoa de Jesus, preso, morto e ressuscitado, na Palavra Viva de Deus e na realidade que nos cerca e na pessoa do preso.
A nossa inspiração é “O que Jesus faria, o que ele diria? Como Ele trataria o preso”. Nossos trabalhos incluem visitar e conversar com todos os presos, os que tem fé e os sem fé, os doentes, os que estão nas celas de castigo, fazer contato com os seus familiares, falar com o juiz e com outras autoridades. Enfim, ser solidário, ser irmão. Por isso contestamos o tratamento desumano dado aos presos.
Jesus ama quem erra, mas não o erro. Por isso, Ele ama a nós e aos presos. Ele defende a dignidade de todos . Jesus não abandona ninguém. A Pastoral Carcerária não deixa a Igreja e nem a sociedade esquecem que preso é gente e tem que ser recuperado para integrar-se a este povo novamente.

 
II.) COMO IMPLANTAR A PASTORAL CARCERÁRIA?

1.) Não desanimar com a oposição de familiares ou membros da comunidade. Nem de seus padres ou freiras.
2.) Quatro ou cinco pessoas é um bom grupo inicial. A Equipe deve ser mista porque se não houver homens juntos, é praticamente impossível um carcereiro deixar a Equipe entrar dento das grades, no pátio do sol dos presos e até nas celas, onde a Pastoral tem que estar para poder trabalhar.
3.) Combinar as coisas com os responsáveis na comunidade / paróquia e/ou diocese, para haver o respaldo da Igreja. A Equipe vai até a cadeia em nome da Igreja, não em nome próprio ou em nome de um movimento qualquer. Carta do Bispo ajuda muito. Não podem ser “franco-atiradores”. Tem que ser “equipe”. A comunicação é essencial.
4.) Conversar com os delegados e carcereiros, explicar a que vieram, etc. Estar preparados para autoritarismo, desconfiança, sarcasmo por parte deles. Eles não acham que preso vale a pena ser visitado pela Igreja. Por isso, colocam todo tipo de obstáculo no início. Dirão um monte de coisas e colocarão um monte de restrições e impecilhos. Não desanimem.
5.) Saber que os presos tem necessidade de assistência religiosa e direito a mesma. Esta não pode ser negada ou dificultada por qualquer autoridade, porque é Lei do País garantida na Constituição.



6.) Procurar ser irmão, amigo dos presos. Respeita-los, como Jesus na sua conversa com a Mulher Samaritana (Jo 4, 5-42), que é texto modelo para a Pastoral Carcerária. Jesus sabia da vida atrapalhada dela. Mas só comentou o assunto quando ela abril o jogo com Ele. E Ele a tratou com muita compreensão e carinho. Não lhe deu sermão. Teve compreensão e respeito. Jesus nunca teve problema em ser amigo dos marginalizados.



7.) Não levar a Bíblia na mão, mas, sim, no coração.



8.) Começar assim. Aos poucos, as coisas vão acontecendo e a Igreja conseguirá marcar a sua presença misericordiosa e cheia de esperança, no meio daquele inferno que é a cadeia.

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III.) HÁ 3 PONTOS – TECLAS ESSENCIAIS PARA UMA PASTORAL CARCERÁRIA



Há três condições básicas e essenciais, que tem que ser colocadas diante das Igrejas locais e seguidas por elas



1) LER A BÍBLIA – o CRISTÃO TEM QUE LER A Bíblia todos os dias, seguindo as leituras diárias recomendadas pelo Diretório Litúrgico e não naquela ingenuidade de abri-la em qualquer lugar e prontamente ficar todo embananado.



Cheiro da Bíblia – O cristão que vai visitar as cadeias, precisa ter o cheiro d Deus,

o cheiro do evangelho em sua vida, para interagir com o cheiro do preso, o cheiro

da cadeia. Bíblia debaixo do braço não é tão importante ou interessante junto

aos presos... Evangelho no coração é Jesus no coração e na vida. Bíblia na mão,

qualquer um faz. Evangelho no coração, cheiro e jeito de Deus em sua vida, poucos

tem. E o preso sabe ler os corações muito bem mesmo!



O leigo é “sacerdote” (profeta, animador) pelo Batismo... Então, levante a cabeça e

VÁ! Levante a cabeça e ande! Não ficar esperando todos os outros se converterem

aos presos e pobres para começar um trabalho PCR.



2) TRABALHAR EM EQUIPE – Nada de “franco-atiradores” ou impor qualquer “movimento” em cima dos presos ou outros membros da equipe. Se a gente pertence a algum movimento (RCC, ECC, Legião de Maria, Apostolado da Oração, Vicentinos), então que bom! É bom mesmo! O seu movimento é para ajudar você a ficar de pé e forte, não é para jogar a forçar o seu movimento em cima dos presos! Quem vai a cadeia visitar presos, vai como CRISTÃO, membro de uma Igreja local e não como movimenteiro.



Visitar semanalmente – Visitar a cadeia uma vez por semana, ao menos. Visitar

para conhecer e ser conhecido. Pela Bíblia, sabemos que Deus salva e liberta

através de “visitas”. Visitar cadeia sempre, para se solidarizar, para aprender com

o preso, para se indignar com o seu sofrimento desumano.



Conselho de Comunidade – Temos que insistir na criação do Conselho de

Comunidade local (Lei de Execuções Penais 7210, artigo 80) se não existir, ou na

reformulação do mesmo se já existe no papel. A idéia do Conselho de Comunidade

foi na época de 84, grande conquista da própria Igreja e Equipes de Pastoral

Carcerária.



3.) ACOMPANHAR OS PRESOS HUMANAMENTE – O membro de Pastoral

Carcerária, precisa acompanhar o preso “humanamente”, isto é, ele como pessoa humana

e você também como pessoa humana... sem estar jogando “religião” ou “devoção” em

cima dele a toda hora! Aliás, “religião” não é o “problema número um” dos presos. A sua

liberdade o é. “Religião” costuma ser o problema número um de Pastorais Carcerárias

tradicionais ou dos Movimentos Católicos de leigos. A maioria dos presos tem Deus e

religião, de alguma maneira, não a nossa maneira, mas, sim, à sua maneira, que tem que

ser respeitada e reverenciada, porque é dom de Deus para ele.











Pe. R. Francisco Reardon, OMI

Coordenador Nacional da Pastoal Carcerária CNBB