23 de maio de 2008

Alguns pontos para a nossa reflexão

01- Nos momentos tensos todas as pessoas querem falar, o que é um direito, no entanto, fala-se sem saber exatamente o que realmente se comenta. É necessário falar daquilo que se tem visão clara e ampla da realidade. Emitir opinião sobre o que não se conhece a fundo a um problema grave.
02- Não se pode agir e reagir conduzido pelo emocional. As situações de tensão e de violência criam, sem dúvida, um estado de insegurança psicológica, mas é necessário controle, pois o emocional nada resolve, pelo contrario crias outras situações mais graves que é a incapacidade de viver e lutar.
03- Devemos aprender que as mudanças na vida pessoal e social são muito lentas. Elas exigem vontade pessoal e política. No caso do sistema prisional essa vontade não existe e por isso a situação fica cada vez mais grave.
04- Muitas pessoas nesses momentos se sentem senhores da vida e logo aparecem com as soluções: matar tudo vamos acabar com os bandidos. Muitos que formam os bandos estão fora e até representando a sociedade. Por isso, existe um único critério de julgamento correto que é o do evangelho pois ninguém pode julgar, condenar, matar..
05- A violência é vista só a partir da prisão, mas a violência é social, adquirida na sociedade e na família. O que existe na prisão é por que existe aqui. Nos outros somos culpados porque somos de acordo e educamos para a violência e não para o perdão. Educar batendo, não se está educando, mas motivando práticas violentas. O maior índice de violência acontece dentro de casa entre quatro paredes, camuflada na hipocrisia da nossa cultura de boas aparências.
06- A complexidade da sociedade e suas relações se complexificam ainda mais no sistema prisional. Uma sociedade paralela e excluída da vida que depende do estado, da justiça com todos os seus componentes, acaba buscando formas de sobreviver o que se torna uma necessidade.
07- O grande problema é a crise institucional do estado que não consegue não ser corrupto. Bloquear o sinal do celular nas prisões é como enxugar o chão molhado quando o teto está aberto para fazer descer a água. A condenação vem para o preso, mas o criminoso (que é o estado) (através de seus agentes) continua praticando o crime da corrupção. Se o estado quiser, resolverá o problema. O que não se pode é brincar com coisa séria, (a vida, o ser humano) e isso o estado está fazendo, contrariando tudo o que é de principio humano e divino a respeito do ser humano. Numa visita a uma de nossas prisões ouvi do diretor, com o testemunho de outros irmãos que “a droga entra pela porta da frente”. Nas unidades prisionais tudo tem um preço para completar o salário do funcionário mal pago e para alimentar a corrupção. Ao dialogar com um preso que é musico, na mesma unidade onde a droga tem fácil acesso, não é permitido que o mesmo fique com o seu violão.

08- Setores da imprensa só noticiam o que interessa. Quando existe uma fala que é racional, objetiva, equilibrada e aponta para o ponto central do problema, parte da imprensa não dá escuta. Interessa o emocional, o superficial, o ideológico e não o real, a verdade.


Pe Bosco