15 de maio de 2020

OS POBRES


15/05/2020
PE BOSCO


Em 1998, o teólogo Gustavo Gutiérrez, escreveu o livro, “Onde dormirão os pobres”? Gustavo Gutiérrez, um dos expoentes da teologia da libertação, sempre muito criticada, mas muito utilizada na igreja, até por aqueles que fazem a crítica sem conhecimento de causa. Em síntese, a teologia cumpre dois papeis, ou nos escraviza ou nos liberta. Como Deus criou o ser humano para ser livre, a teologia que nos liberta é aquela que mais nos será útil, uma vez que o Deus de Israel, de Isaac e Jacó é um Deus libertador e nos quer livres.
O titulo do livro supracitado, portanto, nos traz uma pergunta de cunho profético, evangélico e eclesial, apresentando as mesmas preocupações que tinha Jesus, que certa feita disse no capitulo oitavo de Marcos que tinha compaixão daquele povo que o seguia pelo terceiro dia e não tinha o que comer.
Onde dormirão os pobres? A pergunta está posta para o futuro, mas a realidade de pobreza e desigualdade social sempre fez parte da historia humana. A expressão usada em Puebla, em 1979, “ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres”, continua sendo constatada em qualquer pesquisa atualmente.
A expressão “à custa de pobres.” se dá exatamente através da injustiça que retira aquilo que é direito fundamental dos mais fracos.  Lula Miranda escreveu na Carta Maior um artigo em 25/07/2006 que começa assim: “Toda riqueza é ilícita, abjeta, vil, ilegítima, aviltante. Ou você por acaso é do tipo que acha que alguém enriquece como conseqüência do suor de seu trabalho”?
As carências das periferias de nossas cidades existem exatamente pela falta de atenção aos mais pobres que se aglomeram sem assistência alguma. Saúde, educação, moradia, transporte, desemprego, saneamento básico, entre outros, são problemas tratados com indiferença pelo poder publico que desvia recursos públicos, “pelo ralo”, como se costuma dizer.
As populações hoje que vivem na rua nos trazem um grande desafio, sobretudo hoje em tempos de pandemia. Como dizer fique em casa aos que moram na rua e aos que vivem em casebres que não comportam ninguém?
Para as igrejas de modo geral que pregam o evangelho, concluo essa reflexão com uma palavra de Dom Marcelo Carvalheira: “Não posso anunciar o evangelho sem me comprometer com a luta pela justiça social.”