23 de abril de 2020

QUINTA FEIRA SANTA


HOJE É QUINTA FEIRA SANTA

09/04/2020
PE BOSCO

Hoje é quinta feira santa. Em 1989, no dia 23 de março, presidi a minha primeira quinta feira santa, ordenado há um mês. De lá para cá todos os anos em paróquias diferentes, tive a alegria de estar com o povo Deus celebrando essa data tão especial, normalmente com grande número de fiéis participando.
Neste ano, é a primeira vez, que nós padres estamos condicionados a celebrar com um grupo restrito por causa da pandemia. Este isolamento, no entanto, não torna menor o acontecimento celebrado. Jesus ao fazer a ceia derradeira à fez com os doze. Nós também podemos celebrar com até doze pessoas.
Neste dia, celebramos a instituição da eucaristia. Foi nesse momento que o sinal da multiplicação dos pães, no evangelho de João se tornou explícito. ISTO É MEU CORPO, TOMAI E COMEI, disse Jesus. Quando ele havia falado que era o pão da vida, foi incompreendido. Agora ele se entrega como pão. Assim, o Senhor permanece para sempre conosco.
Hoje celebramos o dia do sacerdócio instituído por Jesus. Ao dizer “FAÇAM ISTO EM MEMÓRIA DE MIM”, o Senhor está nos pedindo dois compromissos: primeiro que celebremos a sua memória, isto é, que agindo na pessoa Dele, que será sempre aquele que se oferece, possamos torná-lo presente, pela eucaristia para alimento da fé e da esperança do povo por Ele redimido; segundo, que possamos oferecer a nossa vida, entregando-a, como ele mesmo fizera, FAZEI ISTO, tornando o Lava Pés como um serviço permanente aos mais fracos e a todos os que necessitam da assistência da igreja.
A cena da ceia é emocionante. Jesus tem a consciência de que chegara a sua hora. Em caná sua hora ainda não havia chegado. Agora é o momento. Tendo amado aos seus, amou-os até o fim. Essa é a introdução do lava pés. O momento é recheado pelo amor.
O lava pés não é um teatro, mas um gesto muito profundo, movido por um grande amor. Jesus assume o trabalho do escravo com muita delicadeza. Lavar os pés para dar o exemplo, para que façam a mesma coisa. O gesto de Jesus, ainda precisa ressoar em nossa missão de presbíteros na compreensão de nossa missão. Talvez ainda esteja presente em nós aquele mestre que não podia lavar os pés de seus discípulos, como reagiu Pedro dentro da mentalidade da época. Na verdade, nos colocando no tempo e também na mentalidade social de hoje, não caberia ao Messias aquela tarefa. Uma vida bastante  simples para padres e bispos talvez seja também ignorada hoje quando alguns ainda nos vêem como autoridade e não com servidores, de onde vem a palavra escravo.
Na verdade, o gesto de lavar os pés era o mais simples. Logo depois, pela sua morte,  condenado pelas autoridades Jesus lava a humanidade inteira com a água e o sangue que brotam do seu coração. Deixar-se lavar por Jesus, como disse a Pedro, é a condição sine qua non para termos vida em seu nome.
Que este dia possa ajudar a todos os fiéis cristãos que estamos para servir por amor como o nosso mestre serviu nos deixando o seu exemplo.