29 de março de 2015

NO ESPIRITO DA QUARESMA




A igreja católica no Brasil está vivendo o tempo da quaresma, momento especial para preparar a Páscoa, a festa maior da vida cristã, que é a Ressurreição do Senhor. Nenhuma outra festa é tão importante.
Este tempo é muito rico de propostas para a nossa reflexão. Na liturgia católica o tempo se abre com a celebração das cinzas que conta com a participação de muitos fieis. As cinzas que recordam a nossa frágil condição e, por isso, todos nós necessitados de conversão e mudança de vida. Ainda dentro das cinzas, o forte apelo para a oração, o jejum e a caridade. Nesses temas Jesus apresenta algo muito original e fundamental: que nessas ações ninguém tenha a preocupação de aparecer. Fazer algo para ser visto pelos outros significa perder a recompensa do Pai que está nos céus. Assim, o espirito quaresmal tem uma dimensão muito especial para a individualidade da pessoa que é chamada a fazer o seu caminho pascal.
O jejum, mais do que renunciar a comida por algum momento significa o exercício de desapegar-se de tudo aquilo que parece absoluto na própria vida, renunciar a si próprio. Quem consegue se sentir livre pode facilmente colocar-se nas mãos de Deus e se colocar a serviço dos outros, sobretudo aquelas pessoas que nada podem fazer em troca.
Na primeira semana da quaresma, precisamente no domingo, aparecem três temas de fundamental importância para os nossos dias. Jesus aparece sendo tentado no deserto.
A primeira tentação consiste na abundância, na acumulação, na facilidade. Atender ao desejo de ter muitas coisas. Usa-se hoje até a expressão: “vender a alma ao diabo”. A acumulação do dinheiro e dos bens de forma totalmente egoísta é um desejo insaciável ao qual Jesus renunciou para ensinar aos cristãos que a felicidade nem a vida eterna estão centradas nos bens. Na verdade, se mal utilizados eles se transformam em males para nós.
A outra tentação enfrentada foi a do prestígio. Para muitas pessoas é melhor morrer do que perder o prestígio. Prestígio social, econômico, político. Na verdade o prestigio faz com que a pessoa seja o centro das decisões. Jesus foi tentado para  ter o prestigio diante de Deus para não perder a vida.
Por último, Jesus foi provocado a ter o poder e os reinos à sua disposição com a condição de não ser livre: Desde que se prostrasse, se ajoelhasse e  tornasse escravo. De fato, o poder escraviza, ignora valores, destrói a vida dos outros e de quem assume o poder para si. O poder quando não é serviço é fonte de todas as ações maléficas. Na verdade não se quer o poder para servir, mas para manter a riqueza e o prestigio.
Na verdade, quem quer realmente celebrar a verdadeira páscoa, precisa fazer uma profunda revisão na sua vida e tomar algumas atitudes que transformem o modo de ser e de viver.
A vida cristã precisa ser a busca de uma sintonia com Jesus, seus gestos, palavras e atitudes. As igrejas com suas pastorais, seus pastores e todas as pessoas vocacionadas, precisam fixar o olhar naquele que foi enviado pelo Pai para ser para o caminho que nos conduz a Deus.
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