13 de julho de 2015

PROCESSO EDUCATIVO


Quando falamos em educação logo nos lembramos da escola por onde passamos, da universidade que frequentamos, da tese que defendemos e dos livros que lemos. O enfoque que quero dar a esta questão não passa por esse nível de educação, mas no plano da formação da pessoa como um todo, com todos os valores que devem fazer parte da vida do ser humano.  A educação bancaria sozinha, não é tudo. Por isso, temos muitas pessoas formadas das mais mal educadas que podemos imaginar, tratando de forma desumana seus clientes ou pacientes. Elas foram formadas, mas não foram educadas.
A Professora Ms Herik Zednik em seu blog sobre educação apresenta de forma exata a origem da palavra educação proveniente de duas palavras latinas: Educare e educere.
A primeira palavra tem o sentido de orientar e conduzir a pessoa de uma situação ou de um estágio ao outro. Trata-se, portanto de uma realidade mais externa. Já a segunda lembra que educar é promover, de dentro para fora, as potencialidades que a pessoa possui. Assim, ao contrario do que imaginamos educar não é impor aquilo que sabemos diante do outro, mas promover no outro as condições para que o mesmo descubra e exteriorize o seu potencial, seus dons, habilidades ou sua vocação.
Esta conceituação nos coloca diante de uma difícil tarefa no âmbito da educação. Quem educa, portanto, tem o papel de fazer com que a pessoa se conheça e descubra as suas qualidades, valorize seu potencial para viver na relação com os outros a sua experiência de pessoa que se educou.
Todo processo educativo do povo brasileiro não levou em conta esta possibilidade de promover a autodescoberta das potencialidades de cada pessoa. Por isso, podemos dizer sem receios que somos muito mal formados e frutos de uma educação repressora que é suportada, mas não assimilada. Cada pessoa acaba passando pelo processo educativo, mas a educação incorreta não passa pela pessoa.
As instituições de ensino e, sobretudo, as famílias precisam rever os seus métodos. A imposição, a repressão e a humilhação não formam. Educar não é passar informações, mas convencer a pessoa a respeito de princípios e valores que uma vez assimilados, ficam para o resto da vida. Ainda persiste na vida familiar o machismo, a violência e a imposição de pais sobre filhos, de homem sobre mulher, do mais velho sobre o mais novo, etc. esse comportamento apenas causa raiva, desgosto, medo, frustração, espírito vingança, etc. o mais grave, feito em nome da educação e do bem do educando. Faz-se o mal em nome do bem da pessoa humilhada e submetida a tratamento desumano. O nosso cérebro é capaz de guardar tudo o que nos acontece. Por isso, podemos nos alegrar pela vida toda com o bem que nos fizeram como também podemos carregar o pesado do sofrimento, dos maus tratos e do abandono que nos dispensaram no passado.
Reportemo-nos a uma situação da origem da formação do povo brasileiro para mostrar que a submissão quando não pode ser evitada é suportada, mas não assimilada. Trata-se da imposição da religião católica aos negros trazidos para a escravidão no Brasil. Para manter a sua cultura e a sua crença os negros às escondidas, viviam os seus momentos a sós, exatamente por um simples fato: o ser humano no uso da razão suporta as imposições até o momento em que não pode se rebelar.

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