25 de setembro de 2010

Pós- eleições.

Passadas as eleições, teremos um período de dois anos e mais uma vez se retoma a campanha para o pleito municipal onde o clima é sempre mais apimentado. Após este período, as figuras eleitas ganham a estabilidade de quatro anos e depois tentarão reeleição, se puderem. A disputa para cargos eletivos é realmente uma busca pelo prestigio, pelo poder e pelo dinheiro. Quem está para servir é exceção. O serviço não aparece, aparecem as conseqüências de uma pratica errada sobre o poder. Alguém tem duvida?
Em períodos eleitoreiros o povo se torna importante. Os pobres são lembrados, visitados e enganados pelas promessas.
O povo é esquecido só depois das eleições. Já morei num bairro simples que nunca foi visitado por “autoridades” exceto no período eleitoral. Todos os que pleiteiam funções se fazem amigos do povo e oferecem qualquer coisa em troca do voto. Esta situação nos faz lembrar o profeta Amós no capitulo 8 que condena os que compram o fraco com dinheiro e o indigente por um par de sandálias, pratica muito comum em nossa sociedade.
O poder transforma as pessoas e mentalidade de todos. Ninguém vale pelo que é, mas pelo que possui e pelo poder que detém como também é verdade que o poder não conduz para a pratica do serviço, mas para o autoritarismo. Até se diz normalmente: ”triste do poder que não pode”. A moral da historia é mais ou menos esta: o poder dever fazer o que quiser. Já ouvi uma narrativa sobre alguém que em sua cidade não tinha nenhum reconhecimento por viver de maneira muito simples. Um dia tendo-se afastado de sua cidade após a oportunidade de se tornar uma pessoa famosa chega a ser recebido com honras para um banquete. Ao lembrar-se como era tratado e como estava sendo tratado no momento, só por causa dos títulos que tinha, ele dizia, “Come casaca”, simulando colocar comida no paletó, com a consciência que a homenagem não era feita a ele enquanto pessoa. Infelizmente esta é a mentalidade de nossa sociedade. Assim sendo, há pessoas que sabiamente se aproveitam das situações para estarem na crista da onda.
Por mais duradouro que seja o pode, pelo bem ou pelo mal que ele pode causar, chega o momento do seu fim e até o fim de quem o exerce. Seria bom pensar que vivemos um eterno provisório em nossa caminhada.
Não é por acaso que há uma passagem interessante a este respeito no livro do Eclesiastes 3,1-11 que começa com a seguinte expressão: “Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para tudo que acontece debaixo do céu”. É verdade também que fazemos a hora, como diz a canção, mas não fazemos tudo. A dinâmica da vida, como a dinâmica da semente, já contem situações que são inevitáveis.
Assim acontece com todos e com todas as coisas da natureza. O lamentável é que nos esquecemos desta realidade ao pensarmos que podemos tudo pelo poder que os outros nos concederam. Se o poder demanda do povo, como a pessoa delegada pode tudo? Quem assume o poder mandando, pode chegar o tempo de ser mandado; quem usa do poder para ofender pode chegar o tempo de ser ofendido. É assim que se expressa o texto supracitado para mostrar que todo começo tem também um fim em todas as coisas.

pebosco