25 de setembro de 2015

FORMAS DE APRISIONAR

Quando se olha para uma pessoa presa, o que imediatamente vem à mente é o crime e a pena a que a pessoa deve ser submetida.  De um modo geral o espírito de vingança se sobrepõe à pessoa, independentemente de sua situação. Não se tem diante dos olhos e do coração, o processo de morte a que aquela pessoa está sendo submetida.
Antes da prisão, seja culpada ou não, ela já é julgada e condenada por todos. Em seguida, passa a ser perseguida por policiais, com mandato ou não de prisão.
Por ocasião da prisão, dependendo dos policiais e dependendo da realidade da pessoa presa, ela já sofre todas as humilhações. A casa é invadida, destruída; a família inteira é humilhada e submetida a tratamento violento. A pessoa presa chega a ser levada a lugares ermos para ser tortura para muito depois ser apresentada na delegacia; lá, muitas vezes, passa a ser torturada para confessar o crime tenha ou não cometido.
Tudo isso acontece sem que essas pessoas pobres tenham direito a presença de um defensor público; muitas vezes é da delegacia que a pessoa já sai condenada. Quem vai contestar a palavra do delegado? É a palavra do delegado contra a palavra de um “vagabundo”.
Saindo da delegacia, a pessoa é jogada em uma prisão e passa a conviver com o mundo do crime, da violência, da corrupção e da morte. Ali a pessoa será submetida a todo tipo de violação de direitos, tanto pelo sistema carcerário, como também pelos próprios presos.
A vida ali na prisão é um ambiente cem por cento sem paz. Os dias mais longos na vida de uma pessoa presa são aqueles marcados pela doença ou pelo castigo isolado. Ali na unidade prisional a pessoa parece perder totalmente a sua dignidade e condição de ser humano. Ali, via de regra, prevalece o grito, o desrespeito, o palavrão, a violência, a morte da alma e pôr fim a morte do corpo.
A pessoa, numa unidade prisional, fica totalmente dependente da bondade ou da maldade dos outros e pode ficar sem direitos, sem assistência, como também é impedido de cumprir deveres como o de trabalhar e ser útil na sociedade.
A prisão hoje retira totalmente o mínimo que a pessoa poderia ter: duas horas de banho de sol, leitura, escola, trabalho, etc. Na prisão tudo passa a ser proibido mas o proibido passa a ser permitido.
Jamais se pode avaliar o estado psicológico de uma pessoa que passou pela prisão: ela jamais poderá ser a mesma. Além do estigma social, a sua personalidade nunca mais será a mesma; os males físicos adquiridos por violências praticadas, jamais a pessoa se recomporá.  O dinheiro mais mal empregado pelo estado é aquele que se aplica para manter as prisões. São estruturas montadas para a destruição de vidas humanas.
Hoje já discute muito a função da prisão, por isso, quando pensamos um mundo sem prisões pensamos nas grades que acorrentam e matam pessoas mas também pensamos nas diversas outras formas de vida, de ideologia, de autoritarismos que também fazem com que os fracos se sintam reféns e acorrentados nessas situações.
Quando a CF falava das prisões nos lembrava que Cristo vem para libertar de todas as prisões que podem estar dentro das grades ou fora delas. Tudo aquilo que fere, constrange, discrimina, criminaliza, humilha, desrespeita, pode ser uma espécie de prisão para quem recebe determinadas ações. Quando se consegue deixar um coração atribulado, angustiado, tomado pelo medo, certamente está se instituindo um tipo de prisão para aquela pessoa.
Sonho de Deus é um mundo sem prisões, sem correntes, sem violência. Sonho de Deus um mundo onde a justiça e a paz se abraçarão e “o lobo conviverá com o cordeiro e o leopardo repousará junto ao cabrito. O bezerro, o leão e o novilho gordo se alimentarão juntos pelo campo; e uma criança os guiará”. Is 11,6
PEBOSCO