16 de julho de 2011

MULHERES PRESAS

Das 15.263 prisões de mulheres ocorridas nos últimos cinco anos, em 9.989 (65,4%) casos a acusação é de tráfico de drogas. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (29) pela socióloga Julita Lembruger durante o Encontro Nacional do Encarceramento Feminino, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em Brasília.
Segundo a socióloga, as mulheres desempenham papel secundário no tráfico como pequenas traficantes, em geral apoiando os companheiros. Lembruger defendeu a adoção de penas alternativas nesses casos. “Muitas vezes [as mulheres presas] são flagradas levando drogas para os companheiros nos presídios. Elas não representam maiores perigos para a sociedade e poderiam ser incluídas em políticas de reinserção social”, diz.
A socióloga --que chefiou o sistema carcerário do Rio de Janeiro-- apontou ainda que a prisão feminina causa impacto nos filhos. “Quando o homem é preso, os filhos ficam com suas mulheres. Mas quando a mulher é presa, geralmente o companheiro não fica com os filhos, que acabam sendo penalizados e passam a ter na mãe um referencial negativo. Essa é uma situação que tem tudo para reproduzir a criminalidade”, afirma.
Ainda segundo Lembruger, o percentual de mulheres presas está crescendo em uma velocidade superior a que ocorre com os homens. “Esse é um fenômeno mundial. Historicamente as mulheres representavam entre 3% e 5% da população carcerária mundial. Nos últimos anos esse percentual chegou a 10%”, diz.
Na avaliação da socióloga, apesar do aumento de mulheres nos presídios, estas ainda são tratadas como homens. “É bastante comum o fato de as mulheres não disporem de qualquer assistência diferenciada. Um exemplo muito triste é que, em muitos casos, elas não têm acesso a um simples absorvente quando estão menstruadas. São obrigadas a improvisar usando miolo de pão”, afirma.