12 de junho de 2020

COMUNICAÇÃO



12/06/2020
PE BOSCO
Este tempo atípico tem suscitado muitos gestos de solidariedade, inclusive de grandes empresas internacionais, mas, também através de iniciativas de grupos e pequenas organizações.
Estas iniciativas chamam a nossa atenção para outros aspectos que devemos considerar. Dentre eles devemos lembrar que a solidariedade é uma necessidade permanente. Sempre teremos situações que nos esperam, sobretudo, a fome e a doença. Com doações tão altas significa que as empresas acumulam muitas riquezas. É louvável o que está sendo feito, no entanto, algo poderia ser pensado de forma mais permanente, como dimensão social de quem arrecada muito dinheiro através do lucro podendo, inclusive, explorar os trabalhadores  com a negação de salários e direitos dignos.
Outro perigo dos tempos de calamidade pública é o destino dos recursos, tanto das doações como das verbas federais. Nessas macroestruturas corre-se o risco de tantas pessoas não serem atendidas nos lugares mais afastados. Certamente muitos problemas dessa natureza parecerão posteriormente. Assim acontece nos períodos de seca e de enchentes.
Outra situação recorrente deste tempo de pandemia é a questão da comunicação. Em tempos normais os grupos ou pessoas de tantas entidades, não faziam questão de interagir e ter preocupação pelo outro. Agora existe uma preocupação exagerada, é um pensamento pessoal, de fazer muitas lives, talvez até para suprir uma necessidade deixada para trás.
Bom que se faça uma séria reflexão. As organizações sociais, civis ou religiosas,  muitas vezes só pensam na eficácia, nos resultados, no aspecto exterior, sem pensarem nas pessoas, das quais dependem os resultados das referidas instituições.
Todas essas demandas de lives estão sendo realizadas em função de quem? É claro que as estruturas devem ser levadas em conta, no entanto, não podemos nos esquecer das pessoas e em que situações as mesmas se encontram. Na verdade, esse aspecto continua longe das preocupações. Sim, temos que pensar nos outros, no entanto, esse pensar e agir sobre ou para ou com os outros passa também pela nossa situação e de como nós nos encontramos e como nos sentimos.
O grande problema é de que esse tempo tão diferenciado possa não trazer nenhuma mudança para a história e o coração das pessoas, o que será muito grave, tanto quanto a pandemia.
Quem é mais importante a pessoa ou as estruturas da sociedade?