1 de abril de 2012

Pascoa.

Estamos vivenciando a tradicional semana santa. Qual o sentido deste tempo? Para muitas pessoas é um momento para um feriadão: viagem, bebida, praia, descanso, brigas, etc. nesta nossa sociedade, tudo é relativo e tudo está à mercê de nossas vontades e desejos. Feriadões são também oportunidades mesmo não desejadas, para violências e mortes.
A semana santa continua sendo a mesma para a igreja desde suas origens. É um tempo especial, chamada de semana maior pelo fato de nela celebrarmos o maior acontecimento da historia da humanidade em todos os tempos e em todas as dimensões.
Domingo de Ramos, abertura da semana, nos lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, sendo aclamado como Rei, montado em um jumentinho. Para qualquer pessoa que reflete um pouquinho e conhece a estrutura social, já sabe que se trata de um rei e de um reinado completamente destoante dos reinados convencionais. Jamais um rei entraria de forma triunfal em uma cidade montado em um jumentinho.
A partir de então, o desenrolar dos acontecimentos lembrará que o reinado de Jesus não passa pela ordem, pelo poder, pelo dinheiro, mas pelo serviço.
Na quinta feira santa, pelo final do dia, em todas as paroquias, basílicas e catedrais, se celebra a Ceia do Senhor com o lava-pés. Não há gesto mais profundo do que este, no qual Jesus sai da mesa, se cinge com uma toalha e se abaixa para lavar os pés de seus discípulos. Com esta atitude o Senhor assume o lugar do escravo que na casa do patrão lavava os pés da visita que ali era recepcionada. Exatamente por este motivo é que o apostolo Pedro reage para que o mestre não lhe lave os pés.
Em muitas de suas falas Jesus deixou muito claro, que veio para servir e não para ser servido. Veio para dar a sua vida para salvar a todos. Assim Jesus deixa claro, na santa ceia, que se temos alguma função na igreja, não deve ser o status, o prestigio, o titulo, a fama, o paparico, mas a tarefa de lavar os pés uns dos outros, que traduzindo, significa estar a serviço diante dos apelos e necessidades de irmãos e irmãs. Como dizem: “quem não vive para servir, não serve para viver”. Assim, celebrar a ceia é fazer tudo o que Ele fez: “Façam isto em memoria de mim”.
A sexta feira é o dia do silencio, o dia da entrega. Quando uma pessoa é assassinada não dizemos que a mesma morreu, mas que a vida lhe foi tirada. Jesus também não morreu simplesmente, mas as autoridades resolveram que o matariam. Assim aconteceu! Jesus, por fidelidade à sua missão, não abriu mão de seu projeto para a construção do reinado e permaneceu fiel até o fim. Ama quem é capaz de dar a vida até o fim. Morrer com Jesus é uma necessidade e uma virtude cristã.
Morre-se com Jesus no dia a dia como também pela graça do martírio. Só se vive que se morre. Salvar a pele, proteger a imagem, não se queimar, ficar do lado dos grandes para ser bajulado significa perder a vida. Celebrar a paixão é percebê-la acontecendo todos os dias no sofrimento das pessoas abandonadas e se solidarizar com elas, mas que isso signifique desonra e desprestigio para nós. Que o nosso desejo humano de aparecer não nos tires da cruz que nos salva. A paixão de Jesus está cada vez mais presente na humanidade humilhada e injustiçada. De maneira mais evidente o Senhor nos diz que tudo o que fizermos aos outros é a Ele que estamos fazendo. Chorar diante do crucifixo e não chorar diante dos crucificados, para tomar o partido deles é ampliar o sofrimento de Jesus.
Celebrar o sábado santo é acolher o dom da vida. Os que pensaram derrotar Jesus e sua missão foram derrotados para sempre. O sepulcro se tornou vazio, isto é, não temos mais a derrota da humanidade, mas a sim da vida que nos vem pela ressurreição. A igreja proclama que Jesus é o Senhor. Lembrando Dom Helder Câmara “depois da ressurreição ninguém mais pode viver sem esperança.” Jesus é a própria esperança. Ninguém mais pode ser contra nós, nem contra vida, pois Ele está conosco, em nosso favor e a favor da vida.
Por favor, você já comprou os ovos de páscoa, porem, não esqueça que a pascoa não é mais uma festa de comes e bebes, mas uma pessoa, a mais especial de todas, divina, o próprio Deus, o verbo que armou a sua tenda em nosso meio, para sempre. O mesmo estará conosco até o fim dos tempos. Nesta logica, Feliz Pascoa!