1 de abril de 2012

Nossas práticas Injustas.

José (nome fictício) mas a situação é real. Rapaz com 22 anos, com experiências de trabalho, estudante, de boa índole e com uma família, sua mãe, de extrema responsabilidade. Um colega seu de infância, estava envolvido com a questão da droga e o mesmo não sabia. Um belo dia
Jose foi ao seu encontro, pois lhe tinha prometido um empréstimo de 200 reais para que o mesmo comprasse uma moto. O mesmo não tinha noção de que ali se tratava de uma boca de fumo ou algo semelhante. Por azar, a polícia chega naquela hora e o José é detido como se fizesse parte de uma quadrilha. Moral da historia, o rapaz se encontra em uma unidade prisional por 8 meses sem ser condenado nem absolvido. Em uma audiência, se esperava que o mesmo pudesse sair, mas não foi possível concluir a audiência que foi remarcada para continuar a quase dois meses para frente. O rapaz está com o segundo advogado porque o primeiro só fez comer dinheiro, expressão da família.
É importante ressaltar que são inúmeras as situações semelhantes a esta que fazem com que o sistema carcerário seja a pior experiência para o ser humano. A pessoa não é culpada pela situação, mesmo assim é condenada na hora em que vai levada até a uma delegacia. Em seguida é condenada a uma prisão de 8 meses sem que a justiça lhe diga se ela é culpada ou inocente. Sinceramente, nós construímos um sistema de profunda injustiça que, além disso, destrói totalmente a vida de seres humanos.
A mãe de José, com que conversei, todos os domingos vai lhe levar um pouco de comida. Como reage ele? Chora muito e se lamenta que aquela situação esteja sendo causa de sofrimento e de trabalho para a sua mãe.
No alto dos meus quase 20 anos de conhecedor e observador do sistema penal, não tenho duvidas que ali resida uma grave injustiça cometida pelo estado em suas diversas estancias.
A situação do rapaz é tão transparente que um ex-patrão seu se ofereceu como testemunha para o caso e, além do mais, vai aceita-lo para novamente trabalhar naquela conceituada empresa.
Como se pode vislumbrar tudo gira em torno de um sistema de punição por punição, sem que se olhe com mais profundidade a condição de cada ser humano em cada circunstancia.
Não é mera coincidência que com frequência aparecem casos de profunda injustiça da justiça que condena que não deve ter condenação por não culpa.
O nosso país já recebeu inúmeras reprimendas internacionais pela nossa irresponsabilidade na forma de lidar com situações que acarretam graves violações de direitos humanos. São casos de tortura, de tratamento cruel desumano e degradante, como também situações de injustiças no sistema prisional.
A esperança da mãe de José é que numa próxima audiência ele possa ser solto para retomar a vida, inclusive o estudo. Ela assegura com todas as letras e sua sinceridade é verdadeira, que o mesmo nunca lhe causou nenhum problema e que o mesmo estava em uma hora errada, a hora da policia, para assim se tornar vitima e refém da injustiça. Além das esperanças humanas, ela colocava em Deus a sua esperança. Deus, aquele que não julgará por iniciativas próprias, mas julgará as nossas praticas justas ou injustas. Espero receber alguma contribuição por email. Será que alguém da nossa OAB ou da defensoria publica  se manifestará?