23 de novembro de 2011

A Fé e a Caridade



Estamos na ultima semana do ano litúrgico para a Igreja Católica. Vamos iniciar um novo ciclo para preparar o Natal. O ano litúrgico termina com a Solenidade de Cristo Rei, para lembrar que tudo converge para a sua  pessoa, desde o seu nascimento, sua vida, sua missão, morte e ressurreição.
No reinicio do ano litúrgico, próximo do término do ano, alguns reflexões devem ser feitas por nós.
Vivemos na realidade do provisório. Por mais que nos imaginemos estáveis, somos um povo peregrino. Aceitando ou não, estamos a caminho. Vamos rumo a Deus ou não, dependendo de nossas escolhas conscientes. O ano que vai caminhando para o seu término significa também a passagem de toda humanidade.
No ato litúrgico da festa de Cristo Rei fica clara qual é a realidade essencial para toda humanidade. Enquanto vivemos em uma cultura religiosa e egocentrista, a liturgia nos apresenta a relação com as outras pessoas como critério de salvação ou condenação.
No nosso dia a dia, imaginamos uma religião ligada com Deus mas desligada da vida. O outro não é objeto de nossa preocupação quando se trata de uma experiência religiosa.
Em Jesus, a quem nós dizemos seguir e proclamamos como o Senhor, pelo contrario, o ser humano em suas maiores carências, é o lugar do encontro do ser humano com Ele.
“Venham benditos de meu Pai; afastem-se de mim malditos”. Na fome, da doença, na prisão, na nudez, poderemos servir a Jesus ou relegá-lo ao sofrimento. A reação dos que forem colocados à direita e à esquerda de Jesus ficarão surpresos com a posição dele. Trata-se de uma comunidade totalmente desinformada. Todos admirados ficarão se perguntando quando foi que Jesus apareceu tão necessitado e não foi socorrido.
A resposta de Jesus é para todos nós ou ao menos deveria ser momento para uma grande reflexão: tudo o que vocês fizeram aos outros foi a mim que vocês deixaram de fazer.
Depois de mais de dois mil anos de vida cristã, com inúmeras expressões de igrejas e grupos religiosos, já passou do momento em que se deve perceber que só a religião, sem a prática de Jesus não salva em nenhuma das igrejas.
Na cena em questão, em Mateus capitulo 25, Jesus não reúne as pessoas por igreja ou por entidades religiosas. O questionamento não leva em conta a pratica do culto, a missa de cura, quantos demônios foram expulsos, quantas pessoas foram convertidas para a igreja, etc.
No centro do julgamento da humanidade está a vivencia da caridade compreendida como partilha dos bens. Nesta lógica, os sem religião oficial, mas solidários e fraternos, receberão o convite para participarem do reino.
Jesus, em sua missão foi sempre preocupado com a vida, pois foi enviado pelo Pai para trazer vida para todos. Assim a vida cristã deve ter as mesmas preocupações e atitudes. Ninguém tem autoridade para dizer que não é missão da igreja cuidar das coisas do mundo, pois delas Jesus se preocupou cuidou. A sua religião é a de Jesus se você tiver as mesmas preocupações e os mesmos sentimentos Dele.