3 de junho de 2012

RELATORIO DA PASTORAL CARCERARIA DO ESTADO DA PARAIBA

Desde ontem acompanhamos os movimentos do PB1 e PB2 e Roger. Durante a madrugada o Massilon, membro da Pastoral Carcerária se fez presente. Hoje por volta das 5 horas da manhã o Padre João Bosco e Guiany representantes da Pastoral Carcerária como também do Conselho Estadual dos Direitos Humanos e do Conselho da Comunidade chegaram ao PB1 e PB2 a pedido dos presos. Ao chegarmos lá a policia e os agentes já estavam nas imediações dos pavilhões. Pe Bosco e o Major Barros que estava coordenando as negociações iniciaram uma conversa com os presos do PB1 o que foi tranquilo. Eles aceitavam acabar com a rebelião e pediam que a impressa e algumas autoridades se fizessem presentes para que não acontecessem violência contra eles. Nesta ocasião os presos do PB2 reiniciaram a queima de colchões e as pancadas nas paredes. Agentes penitenciários e policiais correram para o local e ouviu-se vários tiros. O Pe Bosco que estava na área também foi na
direção dos tiros e o que ouviu-se depois por todos foram muitos gritos e choros avisando que atiraram em um preso na cabeça e que ele estava muito ferido. Depois de algum tempo eles mesmos arrombaram a grade e trouxeram o preso ferido para ser socorrido pelo Samu. Lá foram feitos os primeiros socorros e em seguida transferido para o Hospital de Emergência e Trauma e segundo informações posteriores ele veio a falecer.
As conversas foram retomadas com os presos do PB1 e PB2, sempre com a presença do Pe. Bosco e por volta das 10:30 os presos saíram de suas celas só de cuecas e conduzidos para duas grandes salas na área externa dos pavilhões. Algumas autoridades que apareceram por lá depois dos presos contidos foram até as salas onde estavam os presos e verificaram que todos estavam bem. Apenas alguns apresentavam pequenos ferimentos de queimaduras e arranhõe.
Ao sairmos do PB1 e PB2, por volta das 11:30 deixamos o presidio em aparente tranqüilidade e as autoridades do sistema, Secretario da Administração Penitenciaria, Juiz das Execuções Penais e Advogados tratando das providencias a serem tomadas com relação a transferencias e conserto das instalações danificadas da Unidade. Esteve presente junto com a Pastoral Carcerária a advogada Valdênia Paulino que também compõe o Conselho Estadual dos Direitos Humanos e é também Ouvidora de Polícia do Estado.
Em opiniões veiculadas na imprensa local com relação aos motivos da rebelião muitos tem afirmado que é uma briga entre facções, mas como podemos ver na CARTA entregue pelos presos ao Pe Bosco não justifica tais informações. Ver abaixo as suas principais reivindicações:
- Atender os seus direitos junto a justiça;
- Agilizar a entrada de seus familiares que passam a noite na fila para conseguir entrar em dia de visita. A alimentação que levam é pouca porque uma quantidade que de para duas pessoas não é permitida pela direção;
- Pedem médicos, dentista e outros profissionais de saúde;
- Melhor assistência pela Defensoria Publica;
- Ampliar o tempo do Banho de sol pois tem semana que só tem 15 minutos em um dia da semana;
- Pedem o retorno dos ventiladores, pois o calor é muito grande sobretudo em dia de visita;
- Pedem um cadinho de pilha e uma TV por cela;
- Melhoria da alimentação da casa. Informam que é de péssima qualidade e as vezes servem comida estragada;
- Pedem a entrada de maior quantidade de alimentação e de material de higiene pessoal levado pelos familiares já que não é fornecido pelo estado. Pedem também que não quebrem tão pequenos os cabos das escovas de dentes e dos prestobarbas, ao ponto de dificultar o uso;
- Melhor higiene com quem faz as pessoas que fazem a alimentação;
- Pedem a visita periódica do Secretario da SEAP, do Juiz das Execuções Penais e a atenção das autoridades pois só recebem da direção maus tratos e desrespeito co eles e com seus familiares;
- Pedem a transferência de presos de outros estados e cidades para perto dos seus familiares;
- Denunciam que o Choque quando entra nos pavilhões para pente fino destroem e rasgam as cortinas, molham os colchões e os humilham sem motivos, em simples rotina.
Terminam dizendo: "Só estamos lutando pelos nossos direitos, não nos deram ouvidos quando tentamos falar, não fomos ouvidos. O diretor não nos deixa falar, só fala para ficarmos calados que é um monologo no qual só ele fala. Queremos pagar nossa pena com dignidade, simplesmente mais nada!"