9 de outubro de 2011

A mendicância

No século XIII surgiram na igreja católica as chamadas ordens mendicantes, entre elas os franciscanos, os DOMINICANOSAGOSTINIANOS e os CARMELITAS. Homens e mulheres, que por opção escolheram a pobreza como regra de vida. Pediam esmolas pelas ruas para sobreviverem.
A mendicância hoje ainda é uma realidade, não totalmente naqueles moldes de pessoas que estavam frequentemente nas ruas pedindo esmola e um pouco de comida para sobreviver. Hoje, na verdade, nós somos mendigos implorando condições de vida e de saúde e encontrando-as com muitas dificuldades.
Aquilo que é direito de todos garantido na Constituição Federal, tornou-se objeto de caridade para muitos. Para que haja uma assistência razoável na saúde são necessárias duas condições: o dinheiro para pagar tudo em tempo hábil e alguma amizade também ameniza um pouco o sofrimento.
Tenho a impressão que o atendimento à saúde começa na recepção das clinicas e dos hospitais. Quem chega para ser atendido já vai carregado de tensões, medo e preocupações. No ambiente a ser atendido passa por uma péssima acolhida. Muitas recepcionistas precisam fazer um curso de relações publicas para que cumpram devidamente a função para a qual são destinadas. Percebe-se que muitas delas não reúnem condições, isto é, não tem a mínima consideração pelos pacientes. Limitam-se a pegar os dados, receber o pagamento,  quando a consulta é particular e chamar pelo nome para o atendimento.  Até as informações são repassadas com má vontade. Dependendo da forma de atendimento, o nome do paciente é trocado por uma ficha com um numero. Também nas internações existem números. Trata-se de um atendimento onde a pessoa perde a sua identidade.
Isso não é apenas uma realidade da saúde publica. Nas clinicas particulares a realidade é a mesma. Ninguém pode mais ficar doente para ser atendido de forma urgente. Para se marcar uma consulta com um especialista se deve esperar no mínimo por um mês para ser atendido. Hoje os planos de saúde estão atendendo em muitas situações como o SUS. Ir para uma consulta significa perder uma manha e até o dia todo. Nas clinicas não se distingue mais o que é urgência, quem teria prioridade no atendimento. É comum encontrar pessoas bem idosas que chegam às clinicas ainda pela manha e às 14 horas ainda aguardam para um atendimento. Outra questão que muito preocupa é o preconceito. Temos no contingente de oito mil pessoas detidas em nosso estado, muitas situações relacionadas com a doença. É muito comum que aconteça um péssimo atendimento e, muitas vezes, se deixa de atender. Situações que deveriam ter um atendimento especial, até de internamento, os profissionais devolvem para as unidades prisionais que não dispõem se quer de enfermarias.
Como se sabe, a doença não escolhe a cor a classe social, por isso, o cuidado com os pacientes e a atenção que se dever ter com os que precisam do socorro deve estar colocado acima de tudo. Como é sabido muitas mortes acontecem pela falta do socorro e do abandono. Muitas pessoas morrem, não porque chegou a hora, mas porque foi escolhido para morrer por quem estava coordenando o serviço de saúde.