19 de agosto de 2011

O porquê dos acontecimentos


Viajava de Brasília para o estado da Bahia, uma família com dez pessoas para participarem de um sepultamento. No caminho, já pela madrugada houve um acidente. A van na qual viajavam bateu e morreram, salvo engano, todos os membros da família.

Estas cenas se repetem bastante e geram sempre muitas perguntas cheias de questionamentos.

A pergunta mais comum é porque Deus permitiu que isso acontecesse? A pergunta por que aconteceu vai identificar as respostas que podemos compreender. Temos sempre um referencial sobre Deus como aquele que pode tudo e, por isso, deve evitar ou impedir que o mal aconteça. Seria aquele Deus que impede a nossa liberdade quando a mesma se encontra ameaçada.

Penso ser interessante em primeiro lugar rever a nossa própria realidade. Nós devemos viver com mais clareza a relação que deve existir entre criador e criatura. Na verdade nós nos sentimos de tal modo seguros do que somos e diante do que temos que nos imaginamos imunes diante dos males. É aquilo que normalmente imaginamos que o mal só acontece para os outros. Por isso muitas vezes a pergunta: Mas porque comigo? É como se tivéssemos acima destas realidades. Devemos ter a clareza que somos frágeis demais. Somos criaturas do criador. Só ele está para além de todos os males.

Outra situação que nos ocorre que é consequente da primeira é que não temos o devido cuidado com a vida. Quando menos esperamos acontece o inesperado. Ter a consciência do frágil e do limitado ajuda a ter paciência e os cuidados necessários diante da vida.

É sabido que o numero de mortes violentas nas festas e no transito tem sido cada vez mais altas exatamente fruto das drogas licitas e ilícitas que deixam as pessoas eufóricas e esquecidas da sua fragilidade. Quando a imprensa vai dando uma noticia com acidentes automobilísticos é muito comum que o fato aconteceu pela madrugada ou nas primeiras horas do dia após uma noitada de festa. Isso significa que as pessoas não sabendo viver preservando a vida. Muitas vezes a pessoa é vitima de sua própria imprudência como muitas vezes é vitima da irresponsabilidade dos outros.

Na verdade não se deve perguntar a Deus como se ele fosse o causador como aquele que castiga e pune como normalmente se tem de Deus esta concepção.

A pergunta que devemos fazer deve ser outra: que lição fica destes acontecimentos para a nossa vida? Na verdade tudo deve ser uma oportunidade para uma lição de vida.

É bom não esquecer que temos diante de nós a responsabilidade de cuidar da nossa vida e da vida dos demais e da natureza como um todo. Diante de nós estão as opções pela vida e pela morte, na liberdade total de fazermos a nossa escolha? A pergunta, portanto, deve ser: porque escolhi este cominho? Porque me comportei desse modo?

Porque aceitei esta proposta? Porque fui tão irresponsável diante daquela situação? Porque matei?

Será sempre mais fácil jogar para o outro e muito mais para Deus as nossas irresponsabilidades.