12 de agosto de 2020

PROFECIA SEMPRE




PE BOSCO
01/08/2020
Em torno de 37 bispos espalhados pelo Brasil começaram um diálogo a respeito da situação no nosso país, a partir das preocupações sobre a saúde do povo brasileiro, esquecer que em situações de crise, os mais pobres são que são mais penalizados.
Esse diálogo muito justo e muito necessário, levou às necessidade de escrever uma carta dirigida ao povo de Deus. O diálogo foi se ampliando de tal modo que a carta chegou a ser apoiada por mais bispos e arcebispos e um cardeal, chegando a 152 signatários, certamente chegando a mais adesões.
É bom recordar que cada bispo tem o direito de escrever cartas pastorais dirigidas ao povo de sua diocese, como o papa escreve suas cartas e encíclicas, dirigidas ao mundo, abordando as situações do mundo que põem em risco a vida das pessoas.
Quando foi publicado no Nordeste o documento “Eu ouvi os clamores do meu povo”, de fundamental importância para denunciar as questões do Nordeste, um pequeno grupo assumiu a autoria: treze bispos e cinco religiosos.
Os bispos que hoje assinaram a carta ao povo de Deus, apenas nos apresentaram a realidade em que vivemos no Brasil, tão visível e tão real que não tem como ser escondida.  
A missão da igreja, como a missão de Jesus, terá que partir sempre da realidade da vida de mulheres e homens. Será impossível evangelizar sem tocar a situação da pessoa a ser evangelizada.
Basta olhar as falas de Jesus e como ele falou da situação vivida por ele e por seus contemporâneos. Falou de semente, de mar, de rede, de fermento, de fome, de pão, flores, aves do céu, de riqueza, de pobreza, das leis que desprezavam a vida, viúva, juiz, estrangeiro, etc.
Os pastores do povo de Deus não poderão cuidar do rebanho, sem olhar e acompanhar a quantas anda a vida do rebanho. Os pais não falam apenas de Deus para os filhos mas com eles devem falar com Deus e com tudo o que tem a ver com suas necessidades: da mesma forma a nossa igreja, nossa mas através dos nossos pastores mas através de todas as pessoas batizadas.
Pastoreio e evangelização não podem andar sem a profecia, (anúncio do reino e denúncia do anti reino). De fato, o que está posto em pauta na carta dos bispos, deve ser uma prática constante.
Depois da carta dos bispos, padres de todo Brasil, já passando de 1.500 adesões, também publicaram um carta de apoio aos bispos. Sim, isso é preocupação pela vida do povo de Deus. Não ter esse olhar atento é negar o pastoreio, é ser ladrão e assaltante como disse Jesus em João capítulo 10.
Muitas notas de apoio estão sendo feitas por pastorais, serviços, leigos e leigas, religiosas, diáconos, etc. o povo de Deus traz consigo a missão profética.  Somos a mesma igreja e, por isso, devemos nos sentir juntos não só no culto, mas na defesa intransigente da vida da humanidade.
As reações contrárias não vão deixar de existir. Isso faz parte da missão, como aconteceu com o próprio Jesus. A verdadeira religião não comunga com ódio, mas os religiosos do tempo de Jesus foram tomados pelo ódio e o mataram, a vida, no entanto venceu a morte e mais derrotadas ainda ficaram as autoridades do seu tempo.
As críticas vão fazer crescer a profecia. Na crise e na injustiça surge a profecia. O sangue dos mártires era como semente na igreja primitiva como sabemos. Vamos adiante, sempre, avançando para águas mais profundas, como nos disse o nosso mestre.