27 de maio de 2010

Superação da Violência



A dificuldade principal para combater a tortura está na maneira com a qual todos nós nos colocamos diante de quem erra. Em seus mais diferentes graus, toda pessoa carrega dentro de si o espírito de torturadora. Humilhar e submeter os outros a sofrimentos é pratica do dia a dia de maiores sobre menores. Os mais fracos, os pobres, as mulheres são as vitimas freqüentes desta humilhação. Infeliz de quem erra: Não existe ainda para quem erra caminhos diferentes, a não ser o castigo, a reclamação, a grosseria, a violência, a raiva, a exclusão. Há sempre alguém cheio do direito para executar a sentença. De fato, na mentalidade mesquinha habitual, o mal tem que ser combatido com o mal.
Diante do erro nunca encontramos a compreensão, a paciência, a ajuda, a caridade, a mão estendida (nas inúmeras vezes que a mão é estendida é para bater), em nome da “santa educação e da correção”, o que torna as pessoas mais revoltadas e mais inclinadas para o erro. Se violência corrigisse, as pessoas condenadas nas prisões já estavam “santas.” O castigo, pelo contrario, revolta os condenados e os faz reincidentes. Por isso que nas penas alternativas as reincidências são quase que insignificantes.
Só há uma pedagogia capaz de transformar as pessoas: A de Jesus. Ele nunca condenou. Acolheu as pessoas pecadoras e sempre as interpelou, encorajando-as para não mais pecarem. A atitude de Jesus fez a diferença. Esta foi a mudança mais importante antes de Jesus e depois Dele. Ele também apresenta para a comunidade como lidar com os que erram. Só depois de todos os recursos a pessoa deve ser considerada pecadora. Só quando a pessoa for tratada como gente, acolhida e amada, estimulada para praticar o bem é que terá condições de refazer a vida. Fora deste horizonte, vamos nadando nas agressões, nas ofensas, nas violências, construindo insatisfações e raivas. O resultado está ai por toda parte com o crescente numero de assassinatos.
Se for verdade que os dependentes usam a droga fora do controle da própria vontade, pode ser verdade que o erro pode ter outras causas, alem da própria vontade. Será que a pessoa normal, de sã consciência, erra só para provocar, para fazer o mal pelo mal, ou existem outros componentes e razões outras?
Convivemos com um conflito entre os que erram e os que fingem não errar.



Pe. Bosco