O
papa Francisco estará em breve no Brasil. É a sua primeira visita
internacional. Quando cardeal da Argentina, o mesmo ficou no Brasil por vários
dias em 2007 enquanto participava da Conferencia do CELAM (Conselho Episcopal
Latino Americano) em Aparecida.
As
expectativas são muitas. Afinal, a visita de um papa não acontece a qualquer
momento. Além do mais, o papa tem chamado a atenção do mundo pela sua
simplicidade e pela sua fala sobre a vida cristã.
O
papa vem para uma Jornada Mundial da Juventude. É importante que se pense nessa
realidade dos jovens não só como preocupação, mas como esperança de vida. A
realidade é difícil, mas a certeza de que algo novo vai sempre acontecendo não
nos pode faltar.
A
juventude no Brasil, que não é mais maioria da população como nos anos 80,
carrega consigo inúmeros sofrimentos que não são objetivamente enfrentados,
pois não há receita pronta. Uma chaga que tem marcado de forma negativa os
nossos jovens é a droga.
As
drogas lícitas (como álcool e o cigarro) abrem as portas, salvas as exceções,
para as drogas ilícitas que geram dependências de forma muito rápida. Para
manter o vicio, os jovens partem para outros crimes como roubos e furtos. Por
isso o dependente passa a ser tratado pelo crime cometido e não pelo vício em
si.
Como
é do conhecimento de todos, a dependência de álcool e de outras drogas passa a
ser uma doença que não é curada e, portanto, a situação cada vez mais cresce e
nunca chega a seu término. Os milhões de reais gastos no combate às drogas é
dinheiro que vai pelo ralo porque não se faz um trabalho preventivo como também
não se trata o dependente. Fora as Fazendas da Esperança que fazem um trabalho de
acolhimento, mas lhes falta um acompanhamento técnico-científico.
As
unidades prisionais brasileiras abrigam a imensa maioria de jovens. Após os 18
anos os jovens são jogados nas prisões. Lá eles se profissionalizam no mundo do
crime, não por culpa deles, mas pelo sistema penitenciário que assim está
organizado. Conheço uma professora de um dos presídios que está dando aula a um
aluno onde existem trezentos ou mais presos. Claro que existem outros com
outras professoras, mas você ter uma professora dando aula para um aluno é algo
que chama a nossa atenção. O ensino é algo que ajuda de forma significativa no
processo educativo contra o crime, mas segundo dados estatísticos, só em torno
de dez por cento da população encarcerada frequenta a escola nas prisões. Essa
realidade não pode ser escondida e esquecida quando acontece um encontro
internacional da juventude no Brasil. Como o Brasil está tratando seus jovens
nas prisões? Cumprir a pena é uma obrigação de cada pessoa sentenciada desde
que justa. Os nossos jovens pobres e analfabetos são condenados de forma
injusta muitas vezes. A sentença já é assinada na delegacia quando se incrimina
pelos artigos citados sem a presença de um defensor que os assista. A partir
dai, além da condenação injusta, passa a pessoa presa ser submetida a
tratamento cruel e desumano. É assim que é tratada a imensa maioria da
população encarcerada. Você não tem agentes educativos, mas agentes de segurança
em um sistema falido e sem segurança alguma.
Pois
bem, o papa Francisco que é um conhecedor da realidade social pelos contatos
que tinha antes de papa e depois de papa celebrando na prisão dos adolescentes
em Roma provavelmente tocará nessas questões.
Vale
salientar que o encontro da juventude no Rio de Janeiro não pode ter um caráter
apenas festivo como se a juventude estivesse no paraíso. Temos problemas
gravíssimos também no mundo da educação e da profissionalização de nossa
juventude. A ida dos jovens às ruas cobrando direitos é sinal de esperança.