Muitas pessoas perguntam qual é a missão da
pastoral carcerária. O que vocês fazem no presídio? Esta pergunta,
aparentemente simples, é de fundamental importância. A primeira grande missão
da pastoral é a visita. Em se tratando da pessoa presa, quem não tem coragem
para visitar não tem como fazer pastoral carcerária: pode sim, colaborar em
outros serviços que a pastoral deve articular. Outras pastorais, como a
pastoral dos enfermos, têm também a visita como algo fundamental.
Há pessoas que contestam o trabalho da pastoral e
tentam nos desqualificar, mas é bom lembrar que concordemos ou não, ali na
unidade prisional está uma comunidade constituída, sobre a qual o estado tem
obrigações e, por consequência, a sociedade e as igrejas também devem se sentir
cada vez mais responsabilizadas pela vida daquela comunidade. As paróquias não
podem fechar os olhos para presídios e cadeias ou outros ambientes onde estão
pessoas privadas de liberdade. Se quisermos um mundo sem ou com menos
violência, temos que trabalhar uma cultura de paz indo ao encontro da
população.
Hoje é evidente que uma das condições para
evangelizar é poder visitar e ir ao encontro das pessoas para encontra-las em
seus respectivos ambientes.
É bom lembrar que a bíblia está cheia de visitas.
Em uma simples pesquisa poderemos encontrar esses textos: Deus visita Abraão
através de três mensageiros acolhidos por ele; através de anjos Deus visita e
se comunica com muitas pessoas: a luta de Jacó com o anjo, Zacarias, Maria,
José etc.
Maria é aquela que depois de falar com o anjo vai
apressadamente pela região montanhosa para visitar a sua prima Isabel.
O nascimento de Jesus é a visita especial de Deus
ao seu Povo, cumprindo assim as promessas que havia feito aos seus
descendentes.
Em sua missão Jesus deixa a sinagoga e vai de casa
em casa visitando as pessoas. Prega em casa e ao visitar manifesta o desejo de
ir até a casa como no caso de Zaqueu. Ao encontrá-lo, Jesus manifesta o desejo
de ir visitá-lo.
Além desses textos o nosso clássico de Mateus 25 no
qual Jesus se manifesta na condição da pessoa presa, doente, e nela, deseja ser
visitado. A pastoral carcerária só se desenvolve a partir da visita. Indo,
posso ver a situação, conhecer, identificar as necessidades e agir a partir
delas.
A ação primordial da visita a uma unidade prisional
é a escuta. Pessoas que não sabem ficar caladas terão dificuldades para fazerem
essa pastoral. Ao contrario do que se pensa que a ação pastoral é para levar
Jesus, converter as pessoas, pregar, chamar a atenção dos que erram, a pastoral
quer escutar: sem julgar, sem condenar, sem recriminar. O dialogo e as
orientações chegarão a momento posterior. O contato, a confiança, sem
privilegiar ninguém (nem presos nem funcionários) abre os caminhos para o
contato com o mundo exterior. Familiares, advogados, juízes, promotores,
direção das unidades, secretários de estado, defensores públicos. Todos os que
se encontram envolvidos no sistema prisional são destinatários também da ação
da pastoral.
Para que tudo isso se torne mais claro, não é
suficiente a vontade de ir visitar por pena ou curiosidade. Ninguém deve fazer
visitas através da pastoral carcerária, sem fazer a sua formação. A pastoral já
dispõe de muito material no seu site nacional como também nas dioceses pelo
Brasil a fora.
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