Temos acompanhado inúmeras transformações no
mundo, em todas as dimensões da vida social, econômica e politica. O que causa
preocupação e também tristeza é que no mundo não se consegue superar a
violência: ela cresce sempre mais e novas formas. Ela persiste como ação
coletiva e também no plano das relações interpessoais. A violência
institucional é ainda é mais grave de todas.
Quem acessar na internet O Mapa da Violência,
2013, vai encontrar como em nosso estado, por exemplo, cresceu de forma
assustadora o número de mortos a cada ano por arma de fogo.
Persiste a ideia de uma falsa segurança: se
estou armado estou seguro. Pelo contrario, aquela arma é utilizada contra quem
a possui. Os seguranças de uma empresa
quantas vezes perdem as armas e são até assassinados diante de um bando mais
armado. Adolescentes e ate crianças que encontram uma arma em casa que ferem e
até matam outras crianças. O acesso às armas é muito fácil. Mesmo que seja
crime o seu uso sem o porte, ela é comercializada com a maior facilidade. Esse
fato tem sido a causa de uma grande violência em todos os lugares do mundo. As
tragédias nas escolas nos Estados Unidos, por exemplo, não existiriam se não
existisse a facilidade para a aquisição de armas. Também nas residências e nas
ruas de nossas cidades teríamos muito menos violências e menos assaltos se
houvesse realmente um controle com a questão das armas. No entanto, essa
situação existe e permanece por conta da movimentação financeira do trafico das
mesmas.
Quanto mais nos armamos mais propensos para a
violência nós estamos. A arma me deixa a impressão de ser superior aos outros,
até sendo de brinquedo cumpre a função de dominar a outra pessoa.
Trata-se de uma realidade profundamente
desafiadora. É necessário assimilar a ideia de que a arma não traz nenhuma
segurança e nenhuma proteção. Se meu inimigo sabe que estou armado ele vem mais
armado do que eu, vem para me vencer. Nessas circunstancias a arma não nos traz
nenhum poder de força e de defesa.
A melhor arma contra a violência é a paz e a
não violência. O outro não tem como justificar a sua força e a sua violência
diante daquele que se apresenta sem arma e sem violência. Por isso se diz que
toda ação gera uma reação e toda violência gera mais violência. O grande equívoco
dos estados brasileiros e do mundo é este: vão combater a violência e acabam
tornando-a maior. Isso é uma realidade visível. Todos nós temos experiências
apresentadas na televisão de ações policiais extremamente violentas que nos põe
dúvidas sobre o papel da policia. O uso da força necessária não significa o uso
da violência. O mesmo acontece com as ações nas unidades prisionais. Carandiru
se tornou um caso escandaloso para o mundo. Uma guerra entre os desiguais: uma
guerrilha armada contra os rebelados é verdade, mas desarmados. Mais
escandaloso é ouvir de um ex-governador que defende ainda hoje a ação sangrenta
da policia de São Paulo.
Na
verdade, não há como justificar algo assim, nem por parte da policia nem de
milícias armadas. A arma não tem justificativa. A violência será sempre um atentado contra a
vida.
As politicas de segurança pública, que ainda
não existem, mas precisam ser fomentadas, terão que ser construídas no sentido
deque possa construir a paz que consiste na abolição do uso das armas que não
garantem a paz. Quem usa da violência se torna também vitima dela. A educação
para a paz e a não violência precisa ser introduzida nos nossos currículos e na
nossa cultura.