A saúde tem sido muito
pautada nos últimos dias. Sempre a mídia expõe situações gritantes relacionadas
com a assistência à saúde que é um direito de todos e um dever do estado, como nos
demais direitos previstos na Constituição Cidadã de 1988. O dever do estado
brasileiro tem deixado sempre a desejar. Quantas vezes os pacientes precisam
recorrer à justiça para que o estado faça o que tem que fazer: prestar a
assistência necessária à saúde.
O que falta? Dinheiro não
é. É comum nas esferas de governo tanto federal como estadual, não se chegar a
gastar as verbas destinadas para saúde, educação, infraestrutura, etc. Na
verdade faltam planejamento e execução das ações de forma coerente, como também
priorizar a formação de profissionais da saúde. Por mais que se tenha presente
a democratização da educação, a mesma ainda está atrelada a uma classe social
elitizada. Os cursos de medicina, por exemplo, para além das vagas nas
universidades públicas, estão nas mãos de empresas particulares para atenderem
às classes ricas, em detrimento da ausência de classes mais pobres que apenas
sonham com a universidade e um curso de medicina.
Admitamos ou não, o nosso país continua
privilegiando os já abastados e menosprezando em muitos aspectos, as camadas
desfavorecidas.
Vejamos hoje o conflito existente sobre a presença
de médicos estrangeiros. Dizem ainda que a medicina é um sacerdócio. Acredito
que existam pessoas abnegadas, mas toda regra trás exceções. Em muitas
comunidades mais afastadas por esse país afora, ninguém quer trabalhar nelas. É
melhor pensar na minha comodidade, no meu bem estar, no meu conforto, etc. Mesmo
onde se oferece um salário alto, os profissionais da saúde não topam o desafio.
É muito melhor assumir plantões acima de mil reais e no fim do mês a soma é
superior a qualquer salario de um profissional que cumpre uma carga horaria
normal com um salário super limitado. Alias, no nosso país temos os super
salários entre deputados, senadores e ministros do supremo. Não estou dizendo
que esse profissional da saúde não
trabalhe, mas o plantão depende de cada realidade.
Em todo caso, o problema é da responsabilidade de
cada gestor de cada nação. A assistência à saúde precisa ser garantida ao lado
da alimentação e da educação. Cada país deve investir e organizar a suade para
que ela esteja ao alcance de todos e não seja mais uma forma de comércio como
se percebe ser.
Se a nossa classe médica não aceita a presença de
médicos provenientes de outros países, deveria se desdobrar para atender melhor
e, sobretudo ir aos lugares mais afastados. Em nome da garantia à saúde, o
estado pode e deve buscar alternativas para um melhor atendimento aos mais
pobres e afastados. Por outro lado, esta não pode ser a solução do problema. Organizar
os espaços de atendimento com internações e medicação é uma obrigação do
estado. Em muitos lugares os profissionais não tem como trabalhar pela falta de
condições estruturais, mesmo tendo o salario. Ainda, o estado brasileiro tem
que investir nos cursos de medicina nas universidades federais. Com os recursos
e os potenciais humanos de que dispomos, não podemos ficar dependendo da
assistência de outros países. O Brasil tem condições de também enviar
profissionais da saúde para outros lugares em determinadas necessidades se
realmente investir na saúde. O que hoje acontece no Brasil é fruto do descuido
e da falta de investimento sério para bons e sérios profissionais vocacionados.
Hoje em todas as áreas corremos o risco do
aprendizado superficial e, por consequência, de um atendimento não qualificado.
Afinal, na medicina, sobretudo, se não houver vocação, teremos apenas o técnico
e o profissional que vai deixar muito e sempre a desejar.