Quando falamos em educação logo nos lembramos da
escola por onde passamos, da universidade que frequentamos, da tese que
defendemos e dos livros que lemos. O enfoque que quero dar a esta questão não
passa por esse nível de educação, mas no plano da formação da pessoa como um
todo, com todos os valores que devem fazer parte da vida do ser humano. A educação bancaria sozinha, não é tudo. Por
isso, temos muitas pessoas formadas das mais mal educadas que podemos imaginar,
tratando de forma desumana seus clientes ou pacientes. Elas foram formadas, mas
não foram educadas.
A Professora Ms Herik Zednik em seu blog sobre
educação apresenta de forma exata a origem da palavra educação proveniente de
duas palavras latinas: Educare e educere.
A
primeira palavra tem o sentido de orientar e conduzir a pessoa de uma situação
ou de um estágio ao outro. Trata-se, portanto de uma realidade mais externa. Já
a segunda lembra que educar é promover, de dentro para fora, as potencialidades
que a pessoa possui. Assim, ao contrario do que imaginamos educar não é impor
aquilo que sabemos diante do outro, mas promover no outro as condições para que
o mesmo descubra e exteriorize o seu potencial, seus dons, habilidades ou sua
vocação.
Esta
conceituação nos coloca diante de uma difícil tarefa no âmbito da educação.
Quem educa, portanto, tem o papel de fazer com que a pessoa se conheça e
descubra as suas qualidades, valorize seu potencial para viver na relação com
os outros a sua experiência de pessoa que se educou.
Todo
processo educativo do povo brasileiro não levou em conta esta possibilidade de
promover a autodescoberta das
potencialidades de cada pessoa. Por isso, podemos dizer sem receios que somos
muito mal formados e frutos de uma educação repressora que é suportada, mas não
assimilada. Cada pessoa acaba passando pelo processo educativo, mas a educação
incorreta não passa pela pessoa.
As
instituições de ensino e, sobretudo, as famílias precisam rever os seus
métodos. A imposição, a repressão e a humilhação não formam. Educar não é
passar informações, mas convencer a pessoa a respeito de princípios e valores
que uma vez assimilados, ficam para o resto da vida. Ainda persiste na vida
familiar o machismo, a violência e a imposição de pais sobre filhos, de homem
sobre mulher, do mais velho sobre o mais novo, etc. esse comportamento apenas
causa raiva, desgosto, medo, frustração, espírito vingança, etc. o mais grave,
feito em nome da educação e do bem do educando. Faz-se o mal em nome do bem da
pessoa humilhada e submetida a tratamento desumano. O nosso cérebro é capaz de
guardar tudo o que nos acontece. Por isso, podemos nos alegrar pela vida toda
com o bem que nos fizeram como também podemos carregar o pesado do sofrimento,
dos maus tratos e do abandono que nos dispensaram no passado.
Reportemo-nos
a uma situação da origem da formação do povo brasileiro para mostrar que a
submissão quando não pode ser evitada é suportada, mas não assimilada. Trata-se
da imposição da religião católica aos negros trazidos para a escravidão no
Brasil. Para manter a sua cultura e a sua crença os negros às escondidas,
viviam os seus momentos a sós, exatamente por um simples fato: o ser humano no
uso da razão suporta as imposições até o momento em que não pode se rebelar.
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