Dia
03 de julho de 2015, aconteceu uma Audiência Publica em João Pessoa, na
FECOMERCIO, convocada pela CPI da Câmara dos Deputados, Brasília. A CPI tem a
finalidade de ouvir nos estados as situações de violência contra jovens pobres
e negros.
Na
Paraíba é altíssimo o índice de morte. Foi dito que para cada 14 assassinatos
13 são negros. Outro dado preocupante: também foi dito que 58,39 por centro da
população do estado se declara de cor negra; isso significa que essa população
está sendo exterminada.
Sempre
ouvi dizer que a juventude é o futuro do país. Nos anos 80, a metade da
população do nosso país era jovem e hoje é idosa. É que os jovens não chegam
mais à idade adulta, simplesmente desaparecem e aparecem mortos.
Participaram
da CPI: Reginaldo Lopes (presidente), Rosângela Gomes (relatora),
além do Delegado Edson Moreira, Damião Feliciano e Wilson Filho.
A mesa de abertura foi muito
controvertida. Uma comissão que se propõe a averiguar o extermínio de jovens
negros, em ambiente com muitos jovens assim identificados, não poderia chegar
para defender a redução da maior idade penal. Ninguém entendeu a finalidade
daquela defesa sobre a redução e, por isso três membros da comissão que
adotaram essa postura, foram vaiados no plenário. Enquanto a CPI investiga não
pode defender a mesma prática.
A
dinâmica adotada foi interessante: enquanto falava um membro da mesa, falava
também uma pessoa da sociedade civil trazendo as demandas relacionadas à sua
realidade.
A
participação de jovens de cor negra foi de fundamental importância para
explicitar a realidade de violência e de discriminação, inclusive religiosa,
por ser de matriz africana, a que são submetidas essas pessoas, uma vez que a
pessoa negra é sempre suspeita e ridicularizada até oficialmente nas redes
sociais.
Ainda
vale salientar que a pessoa negra é objeto de muitas piadas que agridem a moral
e a dignidade do ser humano. Quem de nós não ouviu aquela expressão: “é um
negro de alma branca”?
Se
a CPI não servir para muita coisa, ate porque daqueles que vieram para
reafirmar a redução da idade penal não se pode esperar algo bom, ela já serviu
para que os agredidos historicamente pudessem fazer uso da palavra, deixando
claro para todos os presentes que:
Os
nossos jovens negros são assassinados; são perseguidos; superlotam as prisões;
são tratados como se fossem de outra raça e de outra classe social; que nossa
população paraibana é preponderantemente de cor negra; que nosso estado é
extremamente racista; que no nosso país e no nosso estado ainda não temos uma
identidade enquanto nação pelo fato de alimentarmos claramente a desigualdade
em todos os âmbitos: quem é do bem e do mal; rico e pobre; branco e negro;
patrão e empregado. Somos uma grande nação, é verdade, mas completamente
fragmentada a partir de interesses sociais, econômicos e culturais.