SAÚDE,
MESMA REALIDADE.
MESMA REALIDADE.
JAN 2011
PE BOSCO
Para que uma população tenha vida digna
é necessária a existência de três colunas: a saúde, a educação e o trabalho. A
saúde é a condição básica para as demais e, deveria ser a prioridade do estado
brasileiro. Não adianta dar tanta ênfase ao aumento da média de vida da
população se o estado não tem o suporte suficiente para a assistência a uma
população idosa.
Existe um grande conflito entre os
dados oficiais e a realidade de cada lugar. Os estados investem alto em
propaganda para mostrar o funcionamento e a qualidade do atendimento nos
hospitais. Quem não se lembra da maravilha a respeito da saúde aqui em nosso
estado? A propaganda nos remetia a um atendimento de primeiro mundo, mas na
realidade, tudo estava voltado para um período de propaganda eleitoral.
Aquela máxima de que a medicina é um
sacerdócio, tem deixado a desejar. Um atendimento médico só funciona um pouco
melhor se o dinheiro chegar primeiro. Uma deixar um paciente em um hospital
fica primeiro um cheque de dez mil reais. Mesmo assim, não se tem um
atendimento de boa qualidade. A relação médicos, enfermeiras e pacientes é a
mais fria e desumana possível. A pessoa da família que está acompanhando o
paciente precisa ter a coragem de gritar para que chegue o médico numa situação
de emergência.
O Serviço Único de Saúde é a maior
farsa que já se criou neste país. Ele representa o sofrimento, o abandono e a
morte dos pobres. As filas estão aí e a qualidade do atendimento. As pessoas
morrem nos corredores dos hospitais ou de hospital em hospital sem serem
recebidas para um atendimento. Considero o que de mais grave existe neste país,
a falta de assistência à saúde por causa da inércia do estado. Veja a
dependência das drogas é um caso de saúde publica, mas não levada em conta em
lugar nenhum do nosso país.
A nossa pastoral carcerária perdeu um
de seus membros na diocese de Cajazeiras. Com um problema cardíaco, lutava para
uma intervenção cirúrgica. Fui com ele a uma consulta ao médico que faria a
cirurgia. Ouvi do próprio médico que o mesmo aguardasse em casa que ele seria
chamado quando o hospital dispusesse do material. O tempo de espera foi muito
mais de um ano e não havia outra solução além da cirurgia. Ele nunca foi
chamado e veio a óbito no início deste ano. Esta é a qualidade da saúde e do
atendimento para quem é pobre. Não adianta apresentar um país em
desenvolvimento financeiro se continua tratando a população naquilo que de mais
sagrado existe que é a vida.
Os hospitais e clínicas se tornaram uma
fonte de renda com a circulação de bastante dinheiro. Esta uma realidade
visível aos olhos de todos. Os convênios com o ministério da saúde os recursos
não chegam a serem aplicados devidamente.
Nosso estado tem um PSP( Programa de
Saúde nos Presídios), parceria com o Ministério da Saúde e o Ministério da Justiça.
Em nenhuma das unidades prisionais do nosso estado: Roger, Guarabira, Campina
Grande, isso tem funcionado dentro do plano previsto.
Não dispomos de dados para dizer que a
saúde está com saúde. Quando os nossos estados tratarem dessa questão com a devida
competência e responsabilidade, apresentaremos a outra realidade.