Seca e Prisão.
Duas questões
estão em pauta em nosso Estado: a água e as prisões.
A ausência da água nas torneiras, e também
fora delas, tem sido sentida em praticamente todos os estados do Nordeste. Se
houver uma pesquisa sobre as causas, a resposta será: as chuvas foram poucas.
Na realidade as chuvas foram muito escassas. Esta, no entanto, não é a causa
principal. Há outras regiões pelo mundo afora, que chove bem menos do que em
nosso Nordeste.
Não podemos nos esquecer de outros fenômenos
que colaboram com a nossa falta de agua. O primeiro deles é a falta de
responsabilidade e de investimento de nossos gestores. O Sertão, por exemplo,
que sempre foi mais seco do o nosso Brejo, tem mais agua do que por aqui.
Existem grandes açudes que abastem a população. Não é por acaso que encontramos
verdadeiros paraísos em pleno sertão. A
seca, portanto, não é apenas ausência de agua, mas de investimento e de politica
publica voltada para os açudes e barragens. Nossos administradores são sem
visão nesta área. O que conseguem fazer é insignificante. A seca, portanto, não
é castigo de Deus como se chega a pensar, mas é fruto da irresponsabilidade de
quem governa. Se agua é vida, o descuido com ela é descuido com a vida. Cada
vez que chove, como é do nosso conhecimento, toda a agua se perde por falta de
reservatórios para acumulá-la.
A outra questão não está relacionada com quem
governa, mas com quem consome a agua. Depois que a agua chegou às torneiras, se
tem um consumo exagerado da mesma. Deixa-se a pia e os chuveiros abertos. A
mangueira jorra agua para lavar as calçadas, os carros, as motos, etc. Se
alguém reclamar, chamar a atenção vem logo a resposta: “Quem paga sou eu”, como
se fosse uma questão de dinheiro. Como se em nome do meu dinheiro eu pudesse
desperdiçar a agua.
As previsões para o futuro é de que cada vez
mais teremos menos agua no planeta. Recentemente uma manchete dizia que uma
população inteira no Chile ficou sem agua potável. Não sei precisar se foi algo
momentâneo, provavelmente que sim, mas é verdade que existe uma real situação
sobre a agua. São inúmeras pessoas que não dispõem de agua potável.
A situação das prisões se torna cada vez mais
preocupantes. Duas unidades: Guarabira e Roger estão em estado de calamidade
pública. É necessário identificar de forma rigorosa as causas das mesmas. Nada
acontece por acaso. Visitei em Guarabira a Penitenciaria Joao Bosco Carneiro. É
um caos a situação. Pelo que ouvi e pela experiência que tenho já tenho ideia
do que terias ocasionando a destruição. Em presidio se deve conciliar a
disciplina com tratamento humano. Isso nem sempre se sabe fazer, por isso, a
falta de habilidade leva ao caos. A humanização não pode ser um discurso, como
também não deve algo a ser inventado, mas trata-se de um comportamento que deve
ser cultivado no dia a dia. Nenhum ser humano quer ser tratado com desrespeito
por quem quer que seja. Um tratamento desrespeitoso só traz revolta.
No dia das visitas de familiares em unidades
prisionais o trato dispensado aos familiares é de fundamental importância. Se
ele for desumano, o próprio sistema está alterando a vida da cadeia. Ouvem-se
relatos de familiares que entram chorando nas unidades, pela forma como são
tratados ao adentrarem nas unidades, por exemplo, como são submetidas à revista
íntima, sobretudo senhoras idosas.
Em muitas circunstancias quem faz com que as
rebeliões aconteçam é o próprio Estado através da gestão que realiza.