Direito à Vida
A Declaração
Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela ONU em 10 de dezembro de1948,
para delinear os direitos básicos da pessoa humana, exatamente há quase 70 anos
passados. Não se pode negar que ao longo desses anos, muitas conquistas foram
acontecendo, mesmo assim, ainda vivemos um grande atraso nesse campo tão amplo
e tão necessário.
Ainda
temos muitos setores na sociedade e também na mídia que ainda insistem que direitos
humanos existem para bandidos. É como se as pessoas criminalizadas e condenadas
pela justiça perdesses os seus direitos. Na realidade, direito humano, por redundância,
é direito de todos os seres humanos, independentemente da situação em que esses
humanos se encontrem. É um imenso retardo mental ou maldade proposital, pensar
que se perde a dignidade inerente a cada ser humano, por causa da condição social
de pobreza e marginalização. É como se aquelas pessoas que carregam estigmas
impostos pelos “bons” não tivessem direito à vida.
A cultura
da morte que vai se expandindo, é um crime de graves e de grandes
proporcionalidades e, como humanos, jamais poderíamos aceita-la. Ela não apenas
atinge os outros, considerados, como uma raça inferior mas atinge a todos nós. Se
alimentamos e motivamos essa cultura da morte, e não a da vida, como, dom
precioso, toda a humanidade pagará por isso; todos nós seremos vítimas dessa
estrutura maléfica a nos destruir. Não nos enganemos que os considerados “bons”
ficarão acima do bem e do mal. Pelo contrário, todos seremos penalizados e vítimas
dessa cultura. Toda e qualquer cultura atinge a todas as pessoas.
Ao
pensar nos Direitos Humanos, precisamos sair do atraso mental, pois se trata
dos direitos que nos pertencem e por eles devemos lutar não só para alguns mas
para a comunidade como um todo.
Quando
alguém se encontra doente, tem o direito de ser assistido imediatamente; quando
alguém está com fome tem o direito à alimentação; quando alguém está sem
transporte público, tem o direito de ser assistido pelo estado ou pelo município;
quando alguém está sem casa, por diferentes causas, o estado tem a obrigação de
cuidar de abrigar as pessoas sem teto; quando alguma pessoa está ameaçada, em situação
de risco, o estado tem a obrigação de cuidar da segurança daquela pessoa, família
ou comunidade; quando falta a medicação urgente, o estado e o município tem a obrigação
de cuidar e, quando nega, a justiça obriga o estado a atender de forma urgente
para salvar vidas; se a comunidade está sem escola é obrigação do estado e do município
cuidar para que não tenhamos pessoas analfabetas como temos tantas ainda em
nosso país.
Se
direitos humanos fosse direito de bandidos os considerados bons abririam mão de
seus direitos. Devemos buscar os direitos e assumirmos também juntos os nossos deveres.
Corremos o risco de sermos cheios de direitos e negligentes com os nossos deveres.
Somos
uma só nação e isso nos faz pensar como nação, como coletividade. Não somos
brasileiros apenas na copa do mundo cantando o Hino Nacional. Somos uma nação quando
reconhecermos que somos todos iguais em se tratando de direitos. Viver é um
direito sagrado e inviolável. As crianças devem viver; os idosos devem viver;
as mulheres devem viver; o povo negro deve viver; quem está nas prisões deve
viver; quem está em conflito com a lei deve viver; quem tem uma opção de vida
diferente deve viver. Quem sou eu, quem é você para determinar ou desejar ou
decidir que o outro morra? Se penso que sou humano, já me desumanizei há muito
tempo não desejando que o outro viva e, se me considerava cristão de qualquer
credo, devo desistir da identidade cristã. Onde existe a identidade cristã,
existe a defesa e a luta pela vida. Onde existe cultura de morte não existem sementes
da vida cristã.
PeBosco