O pastoreio
A
imagem do pastor está presente em toda a bíblia. Deus sempre se apresenta como
o pastor do seu povo que é o rebanho do Senhor. Deus ao longo do tempo entrega
responsabilidades a reis, sacerdotes e governadores para que cuidem devidamente
do rebanho.
No livro dos provérbios 27,23 existe uma
palavra dirigida no plano pessoal com o seguinte teor: “Esforce-se para saber
bem como suas ovelhas estão, dê cuidadosa atenção aos seus rebanhos.
Podemos
aqui perceber que o ser pastor implica numa atividade voltada para o individual
e o coletivo também”.
A
quem se refere o texto, que hoje é a todas as pessoas que assumem missões das
mais diversas, para que tenham uma atenção para cada pessoa que está aos seus
cuidados e que ao mesmo tempo não esqueça do rebanho. Na verdade, o pastoreio é
o cuidado com a vida integral, tanto pessoal como coletiva de um povo que
sempre terá problemas individuais e problemas comuns.
No
capítulo 23 de Jeremias, Deus adverte os pastores com a expressão: Ai dos
pastores... esse “Ai,” é usado por Jesus, contra os fariseus e contra os ricos.
Trata-se de uma chamada de atenção pela falta de compromisso com a tarefa a ser desempenhada
em relação às leis e ao dinheiro.
Deus
adverte os pastores através de Jeremias porque eles deixaram o rebanho se
dispersar, tirar proveito. Isso é tão grave que Deus ameaça castiga-los pelos
maus procedimentos. O rebanho que precisa de todos os cuidados dos pastores e
acabam expostos a todo tipo de sofrimentos por causa do abandono dos mesmos.
Deus
não apenas ameaça mas toma as providencias. Ele próprio vai reunir as ovelhas
dispersas e cuidará para que tenham pastores. Não é por acaso que no Salmo 22
todos podem rezar: “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará”.
Nessa
atitude de Deus, de providenciar, cuidadores para o seu povo, aparece Jesus que
se apresenta como o Bom Pastor (Joao 10,14-16) que diferente de todos os
demais, Ele dá a sua vida pelo rebanho.
Assim, pastorear é cuidar de maneira plena para que o rebanho seja salvo
materialmente e espiritualmente, que não falte o alimento das ovelhas.
Na
primeira carta de Pedro, 5,2-4, o apostolo também chama a atenção dos pastores
que olhem para o rebanho não por obrigação mas de livre vontade. Esta missão
não pode ser feita de má vontade ou como uma imposição, mas, acrescenta o
apostolo, com o desejo de servir. “Não ajam como dominadores”. O cuidado do
rebanho só pode acontecer verdadeiramente quando existe um verdadeiro amor a
Deus.
“Pedro,
tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas”. João 21,15. A condução do rebanho,
com tudo o que ela implica só será possível através de um amor incondicional e
preferencial a Cristo para que o envio em busca da ovelha perdida aconteça no
seguimento Dele.
Como
podemos trazer para hoje esta realidade? Quem são os pastores/as de hoje? Como
estas pessoas estão desempenhando esta função? Como anda o rebanho do povo de
Deus? Como estão de saúde, na educação, na moradia, no salário e emprego, na
vivencia da fé, na sua comunidade?
As
organizações que temos, estão a serviço de quem, de todas as pessoas ou de
algumas?
O
rebanho do Senhor é o mesmo: somos todos nós com todas as demandas e
necessidades. Como estamos sendo cuidados e como estamos cuidando uns dos
outros?
Não
podemos nos esquecer que a dimensão pastoral, o pastoreio, é a vivencia da
caridade que nos impulsiona a cuidarmos devidamente da vida dos nossos
semelhantes e não necessariamente ou exclusivamente das pessoas amigas.