Evangelização e Dimensão
Social
Na igreja do Brasil existe
um esfriamento sobre as questões sociais. A Doutrina Social da Igreja parece
não ser mais necessária. Parece um desencanto ou uma indiferença para essas
questões. Ao que parece, a igreja não tem mais nada a dizer a respeito e as
questões pertinentes nesse campo competem a alguns grupos chamados de pastorais
sociais.
Devemos nos perguntar: A igreja ainda deve ir no mundo todo? Pode-se
fazer evangelização sem levar em conta a realidade das pessoas? Podemos cuidar
da oração e do espiritual sem olhar as situações que envolvem a vida das pessoas?
Qual é a religião que agrada a Deus?
A pessoa crista não tem
como viver distanciada da dimensão social. A missão da igreja acontece no mundo
e não distante dele. “Ide pelo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”,
disse Jesus.
O papa Francisco nos diz na
Alegria do Evangelho que evangelizar não consiste simplesmente em pregar, mas
“tornar presente o Reino de Deus presente no mundo”. Isso implica,
necessariamente, em uma ação, atitudes, gestos, testemunhos, etc.
O querigma, que conhecemos
como o anuncio, lembra o papa que o mesmo tem inevitavelmente uma dimensão
social. No coração do evangelho aparecem: a vida comunitária e o compromisso
com o próximo. Números 176-177.
Existe uma forte tendência,
sempre, de fazer essa separação entre fé e vida, Deus e mundo, evangelização e
dimensão social. Para o papa, não pode e nem tem como fazer essa separação. O
evangelho é um anuncio encarnado e direcionado a pessoas que se devem
transformar e transformar o meio em que vivem.
Por inúmeras vezes e em
todos os ambientes eclesiais se fala da conversão. O papa chega a nos dizer que
“a conversão cristã exige rever especialmente tudo o que diz respeito à ordem
social e consecução dos bem comum”. Número 182.
É bom ressaltar que entre
nós a conversão é algo tão íntimo e tão pessoal que nem acontece uma vez que a
conversão tem a ver exatamente com mudança de mente, de coração e de vida, o
que exige de todos algo da pratica do dia a dia na relação da pessoa consigo
mesma, com Deus e com o próximo.
Uma pessoa que se diz
crista mas ainda se encontra com uma mentalidade religiosa voltada para si,
como mera obrigação de práticas estritamente pessoais, não entendeu ainda a
proposta que Jesus viveu e ensinou. O papa ainda nos recorda: “ninguém pode exigir-nos
que releguemos a religião para a intimidade secretadas pessoas, sem qualquer
influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das
instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre acontecimentos que
interessam aos cidadãos. Número 183.
Quando Jesus fala da missão
de pessoas cristas batizadas diz examente o seguinte: “Vocês são o sal da terra
e a luz do mundo”. A missão está sempre para fora e para além dos espaços
fechados de nossas instituições. Felizmente, mesmo na contestação de alguns, o
papa Francisco está indicando o caminho que o igreja e a vida cristã devem
seguir, trazendo presente tudo o que já foi dito pela Antigo Testamento quando
se refere à religião que agrada a Deus, que não se trata de um culto vazio, sem
preocupação com a vida das pessoas. Somos chamados a pensar qual é o alcance da
nossa pratica cristã no ambiente que nos cerca. “O divórcio entre a fé professada e a vida
cotidiana deve ser enumerado entre os erros mais graves de nosso tempo.” (Gaudium
et Spes, 43).