No dia 11 de outubro de 1962, em Roma, o Papa João
XXIII, chamado o papa Bom, fazia a abertura do Concilio Vaticano II. O Vaticano
I aconteceu de 8 de Dezembro de 1869 a 18 de Dezembro de 1870. Ninguém na igreja
imaginava que o papa, já muito cansado, pudesse convocar a Igreja para um
Concilio. De fato, no seguinte, no dia 03 de junho, acontece a sua passagem
para o céu. O seu papado teve um curto período de Cinco anos, mas a sua
intuição foi sequenciada pelo papa Paulo VI.
Temos que ressaltar pelo menos duas grandes
mudanças na Igreja a partir do Concílio, entre tantas outras.
A liturgia foi completamente modificada a partir do
Concilio. A primeira grande revolução foi a permissão para que cada nação
pudesse celebrar em sua própria língua. Aparentemente parece não ter novidades
por ai, mas vejam que em todos os lugares do mundo o culto cristão era rezado
em latim. Em uma cultura de povos analfabetos, a missa era algo completamente
incompreensível.
Era comum que durante a missa as senhoras rezassem
o terço. Enquanto o padre presidia a eucaristia, as pessoas ou faziam suas
orações ou se mantinham ali presentes assistindo a algo que parecia distante de
suas vidas. Sem contar que o presidente da celebração ficava de costas para o
povo, pois o altar estava fixado na parede como identificamos ainda hoje muitos
altares no mesmo formato.
Assim pudemos compreender tudo o que temos hoje na
liturgia como fruto do Concilio: os cantos, os salmos, os instrumentos, os
gestos, os ministros, os diversos ministérios e serviços que pudemos organizar
para a participação de toda comunidade. A liturgia passou a ser uma ação de
todo o Povo de Deus, um povo que celebra a sua vida, sendo conduzido por aquele
que preside: o bispo ou o presbítero. O mesmo Espirito que suscitou o Concílio
continua a suscitar muitos frutos na liturgia da Igreja.
A outra mudança que pudemos destacar a partir do
Concilio é a presença da Igreja dentro do mundo. Naquele momento do Concilio
tínhamos uma igreja tímida, um pouco voltada para si. O Concilio resgatou de
forma mais ampla o papel da presença da Igreja no mundo, com a consciência de
não ser do mundo. (João 17).
A partir desse principio, grandes passos foram
dados e a Igreja passou a ser aquela presença que anuncia, dialoga, escuta e
que denuncia também. Foi por causa disso que a Igreja começou a estruturar a
sua vida pastoral. Ate então, a missão tinha uma característica mais sacramental.
Agora, além dos sacramentos, canais privilegiadíssimos para a nossa comunhão
com Deus, a Igreja organiza a sua ação missionaria, em vista da evangelização
dos povos. Quem não se recorda da Evangelli Nuntiand, do Papa Paulo VI,
publicada em 1975?
Nestes anos pós-concílio, temos tido uma riqueza
imensa ainda desconhecida por muitos no campo da Doutrina Social da Igreja que
devemos resgatar. A falta desse conhecimento tem levado a muitos a pensar que a
igreja está fora do tempo, perdeu o seu papel, não tem clareza, não esta não é
a verdade. É claro que temos as dificuldades e a falta de atenção a tudo aquilo
que a nossa Igreja tem produzido e oferecido. Como nós todos somos a Igreja, o
problema muitas vezes é nosso porque não despertamos para perceber o que
acontece ao nosso redor. Deixamos de perceber os sinais dos tempos. Quantas
vezes nos detemos no negativismo sem nos deixar contaminar pelo novo que o
evangelho nos oferece. O aggiornamento dos tempos do Concilio precisa nos contagiar,
isto é, aquele forte desejo de atualização e renovação da nossa própria vida que
possamos promover vida para toda humanidade.
Padre Bosco