16 de setembro de 2012

As práticas religiosas.


Hoje a questão religiosa tem sido colocada com muito destaque. Existe uma preocupação na media para apresentar os números, normalmente de católicos que deixaram sua religião por outra. O IBGE tem esta preocupação ao coletar os diversos dados que retratam a realidade brasileira.
Vale salientar que neste quadro se põe em evidencia a liberdade religiosa que hoje se tem muito mais do que em tempos idos. De fato, cada pessoa é livre para fazer suas escolhas, sobretudo no campo da religião, como é direito constitucional a liberdade de culto.
O que devemos aprofundar é que esse direito que temos não significa ao contrario do que se pensa, que toda religião é igual. Como dizem: todas falam em nome de Deus. Falar em nome de Deus é um aspecto e orientar e viver o que Deus quer é outra situação completamente diferente. Como também não se pode viver a experiência religiosa do jeito que se quer, mas da maneira que aquela igreja nos orienta. Se cada pessoa inventa a sua pratica religiosa, perdemos os princípios e orientações vividas pelos nossos antepassados.
Temos que levar em conta uma frase que certa vez encontrei e que desconheço o autor que diz: “Nem tudo o que brilha é ouro e nem tudo o que é religioso é verdadeiro.” De fato é em nome da religião e do próprio Deus que se usa da violência, se faz as guerras, se destrói o que é do outros, se justifica a miséria, etc. Portanto, é necessário fazer um bom discernimento diante da situação religiosa que tão plural como nunca.
Lembro uma passagem do Profeta Isaias.  Profetas e profetisas são pessoas que falam em nome de Deus, são a boca de Deus, portanto, ouvir uma palavra profética é ouvir o próprio Deus.
O profeta denuncia em nome de Deus um culto desligado da vida. Ofereciam muitos sacrifícios de animais no templo, mas não ofereciam a Deus a própria vida, por isso Deus diz detesta os sacrifícios, os incensos e as ofertas inúteis. Deus diz desviar o olhar quando estendem as mãos. Mesmo com muitas orações Deus diz não atender.
Estas refertencias estao no capitulo primeiro do Profeta Isaias. A mensagem é muito clara: Deus nao aceita uma pratica religiosa que nao tenha repercussao com a propria vida. Culto vazio e sem compromisso nao agrada a Deus. Na mesma passagem está dizendo o profeta da necessidade de deixar o mal e fazer o bem, buscar o direito, socorrer o oprimido, fazer justiça ao órfão, defender a causa da viuva. Quando vocês fizerem isso então discutiremos. Assim, a vivência da caridade é requisito fundamental para a vida e a comunhão com Deus.
Vale salientar que no contexto religioso de Israel os pobres, os orfãos e as viuvas eram desprezados pela propria religião e, por isso, Deus rejeita a experiencia religiosa de então. Como Sao Tiago já dizia, a fé sem o compromisso é uma fé morta. O que foi dito para ontem é dito tambem para hoje.
Portanto, temos que avaliar as inumeras experiencias religiosas: é pelos frutos e não pelos belos discursos que conheceremos a verdadeira religião, a verdadeira igreja, aquela que mantem o mesmo compromisso do seu mestre Jesus. A religião comprometida com a vida e solidaria com os sofredores de hoje é aquela que merece a nossa credibilidade e o nosso apoio e presença. A verdadeira igreja se conhece pelo trabalho pastoral que desenvolve e não pelo alto dizimo que arrecada.